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Chapa denuncia ‘irregularidades’ em eleição do bairro Maria Ortiz

“Conduta inadequada” do deputado estadual Denninho Silva é questionada

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Lucas S. Costa/Ales

A eleição da nova diretoria da Associação de Moradores do bairro Maria Ortiz, em Vitória, realizada no último domingo (18), virou alvo de questionamentos por parte do grupo derrotado. A Chapa 1 encaminhou, nessa quarta-feira (21), ofício ao Centro de Apoio Operacional de Defesa Comunitária (Caco) do Ministério Público do Estado (MPES), com denúncias de supostas irregularidades cometidas por apoiadores da Chapa 2 – incluindo participação do deputado estadual Deninnho Silva (União) -, que saiu vitoriosa do pleito.

A Chapa 1, de oposição, foi representada pela assistente social Marilsa Marçal (presidente), que preside um instituto que leva o seu nome, e pela servidora pública Simone Passos (vice). Já a Chapa 2, de situação, foi encabeçada por Ray Ferreira (presidente), estudante de Economia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e Andressa Scardua (vice), assessora legislativa da Câmara de Vitória.

Além de Denninho Silva, quem apoiou o grupo vitorioso foi Raniery Ferreira, suplente de vereador do Partido dos Trabalhadores (PT), que vai assumir uma cadeira na Câmara durante a licença-maternidade de Karla Coser.

Um das irregularidades apontadas é o uso da Unidade Básica de Saúde de Maria Ortiz “para entrega de declaração de residência irregular, sem carimbo, assinatura ou identificação oficial”. No documento ao MPES, a Chapa 1 afirma que “a direção da unidade de saúde é ocupada por profissional [Katiane de Angeli] com vínculo político com o deputado estadual [Denninho Silva] apoiador da Chapa 2, o que torna o episódio ainda mais delicado diante da necessidade de isenção no uso de equipamentos públicos durante o processo democrático”.

Marilsa e Simone afirmam que solicitaram a listagem completa dos eleitores e os seus comprovantes de residência ao Conselho Popular de Vitória (CPV), órgão responsável pelas eleições comunitárias, mas não foram atendidas.

Outra irregularidade seria a participação de três integrantes do CPV na campanha da Chapa 2. Nizete Marques da Silva, conhecida como “Nega”, como aponta a denúncia, teria sido vista imprimindo cédulas de votação, mesmo sem trabalhar oficialmente no pleito. Hélida Regina Loreto Rangel também foi teria sido fotografada abordando moradores um dia antes da votação. O ex-presidente da Câmara de Vereadores Cleber Felix, por sua vez, teria participado ativamente da campanha, inclusive aparecendo em trio elétrico da Chapa 2. Cleber é assessor de Denninho na Assembleia Legislativa, e Nizete e Hélida também já trabalharam com o parlamentar.

O ofício aponta ainda suposta conduta inadequada de Denninho Silva no dia da votação. “Na data citada, o referido parlamentar esteve presente na porta do local de votação, em horário de movimentação intensa de eleitores. Durante sua permanência, foi filmado discutindo e se exaltando com munícipes identificados com a Chapa 1, criando um ambiente de hostilidade, constrangimento e tensão para os eleitores presentes.

O texto também aponta que membros da Chapa 2 teriam começado a campanha antes das 15h30 do dia 29 de abril, a data autorizada, quando seria realizada uma reunião com representes das chapas. Para embasar todas as denúncias, a Chapa 1 anexou ao documento fotos, prints de publicações nas redes sociais e documentos relativos ao processo eleitoral comunitário.

No total, 1.015 pessoas votaram no pleito, mas nove votos foram anulados. A Chapa 1 recebeu 498 votos, apenas dez a menos do que a Chapa 2, que ficou com 508. Segundo Marilsa Marçal, houve duas contagens com empates consecutivos, e apenas na terceira, feita unicamente pela presidente do CPV, deu-se o desempate.

“Na própria comemoração dos votos, ficou evidente o real interesse por trás da eleição: o deputado sequer mencionou o presidente eleito. O foco foi todo no ex-candidato a vereador [Raniery Ferreira], que assumirá o lugar da vereadora Karla Coser durante sua licença-maternidade. A liderança comunitária virou apenas um trampolim político, e isso escancara o quanto o processo foi usado como moeda de troca”, reclama Marilsa.

“Enquanto o CPV for majoritariamente composto por membros que ocupam cargos comissionados ligados ao deputado, e enquanto o processo eleitoral seguir com cédulas manuais, sem uso de urnas eletrônicas, a vitória da chapa apoiada por ele será sempre o resultado esperado. Isso não é oposição, é constatação de um sistema viciado que precisa ser investigado com seriedade”, argumenta.

A Chapa 1 marcou para este sábado (24), às 20h, um evento de comemoração em um bar de Maria Ortiz. Questionada sobre qual seria o motivo para comemorar, Marilsa respondeu: “Para nós, a vitória é nossa”.

Denninho Silva comemora eleição da Chapa 2. Foto: Reprodução

“Na própria comemoração dos votos, ficou evidente o real interesse por trás da eleição: o deputado sequer mencionou o presidente eleito. O foco foi todo no ex-candidato a vereador [Raniery Ferreira], que assumirá o lugar da vereadora Karla Coser durante sua licença-maternidade. A liderança comunitária virou apenas um trampolim político, e isso escancara o quanto o processo foi usado como moeda de troca”, reclama Marilsa.

“Enquanto o CPV for majoritariamente composto por membros que ocupam cargos comissionados ligados ao deputado, e enquanto o processo eleitoral seguir com cédulas manuais, sem uso de urnas eletrônicas, a vitória da chapa apoiada por ele será sempre o resultado esperado. Isso não é oposição, é constatação de um sistema viciado que precisa ser investigado com seriedade”, argumenta.

A Chapa 1 marcou para esse sábado (24), às 20h, um evento de comemoração em um bar de Maria Ortiz. Questionada sobre qual seria o motivo para comemorar, Marilsa respondeu: “Para nós, a vitória é nossa”.

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