Rogério Medeiros e Renata Oliveira
Com o registro das candidaturas, os holofotes se voltam para o embate entre Paulo Hartung e Renato Casagrande. Papo de Repórter debate o clima esperado para a campanha.
Renata – Rogério, neste domingo começa a campanha eleitoral no Estado. Teremos cinco palanques, um com o Renato Casagrande e 18 partidos, defendendo sua reeleição; outro com o Paulo Hartung (PMDB) tentando retomar o poder, o Roberto Carlos (PT) fazendo o palanque da Dilma Rousseff e sendo uma opção de apoio ao Paulo no segundo turno, e a Camila Valadão (Psol), fazendo o papel de oposição, mas sem estrutura e apoio e o Mauro Ribeiro (PCB) tambem com pouca visibilidade. O que podemos esperar desta disputa?
Rogério – Não há tempo para se construir uma outra candidatura que não seja a polarização entre Casagrande e Hartung. Se queriam acabar com a unanimidade, não acabaram. Ela está meio capenga, mas está aí. E trata-se de uma eleição que, para mim, com todas as manobras do Paulo, que cria situações por debaixo da cortina, como criou com João Coser (PT) e Sérgio Vidigal (PDT), Casagrande só perde a eleição para ele mesmo. Se continuar no discurso abstrato, não vai atingir o alvo. Paulo já o atingiu. Esse é o momento em que o jogo começa a ser jogado.
Renata – E na verdade serão dois jogos, um para a frente da câmera e outro no escurinho. Na frente das câmeras, Paulo é o candidato da planilha, que traz uma proposta para a retomada do crescimento do Estado, apresenta uma candidatura voltada para as demandas da rua e espera um debate no campo das ideias. No escurinho, ele coloca seus agentes para tentar minar o adversário, sem que isso tenha a assinatura dele. Casagrande tem mostrado que não sabe lidar com esses dois jogos. Continua batendo boca com Lelo Coimbra (PMDB)…
Rogério – Renata, isso mostra que o Paulo não tem capacidade para o confrontos, ele usa o Lelo para o confronto com o Renato…
Renata – Pois é, mas o problema é que Renato aceita esse jogo.
Rogério – Aí é que está o problema do Renato. Ele tem tudo na mão para desmontar o governo do Paulo, pois o conhece como ninguém. Hartung é tão esperto, que com a ajuda da imprensa corporativa, passou seus dois mandatos sem ser julgado, e Casagrande está sendo julgado desde o dia em que entrou no governo. E ainda fica batendo boca com Lelo, que não tem história, é meramente um atirador de elite de Paulo, remunerado pelo ex-governador com mandatos de deputado federal.
Renata – Agora, uma coisa chamou a atenção na hora do registro das chapas. Quem não estava de braços com Paulo Hartung?
Rogério – Quem?
Renata – Rose de Freitas (PMDB). Estavam Lelo, Luzia Toledo (PMDB), Guerino Balestrassi (PSDB), Rafael Favato (PEN), Rodney Miranda (DEM), mas a candidata ao Senado não estava. Isso faz lembrar o que você me dizia mais cedo. Na convenção, Rose declara amor a Paulo e ele sequer a cita em seu discurso. É isso, né…
Rogério – A Rose queria o quê? Desde a época que ela disputou uma convenção no MDB de Vitória e perdeu por dois votos para Hermes Laranja, o candidato que Paulo resolveu apoiar, que ele vem querendo destruir a carreira política dela. Se a deputada não tivesse encontrado o caminho do dinheiro do governo federal, que ela conhece como ninguém e traz para os prefeitos, já teria desaparecido do cenário político. Mas como essa moça acredita que o Paulo fará campanha para ela? O candidato dele é Coser. São dois sabidões, Vidigal que quer ser dono da Serra e Coser que sabe onde a coruja dorme.
Renata – Agora nenhuma liderança política do Estado saiu desse processo tão desgastada como o Magno Malta (PR). Disse que ia disputar a Presidência, não disputou. Disse que se não fosse disputar a Presidência, disputaria o governo, e não disputou. Também não conseguiu emplacar sequer a candidatura da mulher à reeleição e nem como suplente do delegado Fabiano Contarato (PR).
Rogério – Olha Renata, a entrada do Contarato no PR com um discurso redondo e visão de mundo nova, acabou mostrando a fragilidade de Magno Malta. Eleito ou não, ele leva para o PR algo que dá substância ao partido. Ainda mais que ele hoje é uma figura que atrai as redes sociais. Ele fez uma contradição com o Magno e oxigena o partido. Magno sempre teve dificuldade em ouvir as pessoas. Veja que ele perdeu um partido inteiro. Perdeu Necimar, Vandinho, Glauber, José Esmeraldo … tudo por causa do temperamento dele. Magno age como se tudo girasse em torno dele. Foi até agora esse gigante político de microfone na mão, na população baixa renda e, na hora que tinha de disputar a eleição, não disputou. Não diria que está chegando seu fim, porque ele tem capacidade de movimentar a baixa renda, mas ele vai até 2018, somando oito anos, sem disputar eleição.
Renata – Pelas composições proporcionais, e se tudo der certo, Casagrande e Paulo Hartung vão dividir a bancada e o plenário da Assembleia. Independentemente de quem ganhar…
Rogério – Quem ganhar vai ficar com todo mundo. Se Paulo perder a eleição para Renato Casagrande, acabou. Ele não tem estrutura partidária nenhuma. O partido político para ele não existe. Não frequenta, apenas usa para seus interesses políticos, mais nada.
Renata – Agora, se ele ganhar…
Rogério – Ele vem matando. Aliás, tem áreas políticas que não estão com ele, e que estão chegando para ele porque tem medo de entrar nesta lista que ele está formando. Agora, Renato Casagrande sabe que o governo de Paulo foi um dos governos de altos negócios à custa do poder que já existiu. Claro que tem a imprensa que protege, tem os arranjos muito fortes.
Renata – Casagrande vai ter que encontrar um jeito de atrair o Paulo para o debate…
Rogério – Tem que mandar o Lelo se enxergar, ser o deputado federal do baixo clero, o que ele é.
Renata – Isso. Chamar o Paulo para o ringue, fazer a comparação dos governos, mostrar suas armas e só…
Rogério – E botar para fora as maracutaias do governo do Paulo, são inúmeras.
Renata – Então vamos esperar para ver se ele faz isso.
Rogério – Como diz um amigo meu, Renato precisa comer uma picanha!