Segunda, 20 Mai 2024

Cotados para a disputa ao governo mostram suas armas e estratégias

Cotados para a disputa ao governo mostram suas armas e estratégias
Nerter Samora e Renata Oliveira
 


A primeira quinzena de fevereiro tem sido de intensa movimentação dos atores políticos envolvidos na disputa ao Palácio Anchieta em outubro. Papo de Repórter analisa as manobras do governador Renato Casagrande (PSB), do ex-governador Paulo Hartung (PMDB) e do senador Magno Malta (PR).
 
Nerter – O mês de fevereiro tem sido movimentado nos bastidores deste período pré-eleitoral. A viagem do governador Renato Casagrande de férias parece ter desencadeado uma série de manobras de seus possíveis adversários na construção de estratégias ou de aumento do capital eleitoral deles próprios ou na tentativa de colar um desgaste na imagem do governador. Será que esta semana, agora com Casagrande de volta das férias, será de movimentações desse tipo ou seus adversários vão recolher suas unhas?
 
Renata – Acho que vão recolher as unhas. Casagrande se consolidou como grande líder político do Estado, tomando o comando das mãos de seu antecessor Paulo Hartung. Este movimento se tornou evidente na disputa eleitoral de 2012. Aquelas pesquisas eleitorais, nos jornais corporativos, mostrando a queda de prestígio político de Hartung foram um marco para essa mudança de protagonismo na política capixaba. Hartung não conseguiu se viabilizar como candidato de consenso para a prefeitura de Vitória, sim ele queria ser prefeito, mas do jeito dele, com o campo livre de outros nomes. Não conseguiu erguer seu palanque ajudou a desidratar o palanque de Luiz Paulo Vellozo Lucas. O ex-governador venceu apenas em Vila Velha, com Rodney Miranda (DEM). 
 
Nerter – Já Casagrande saiu do processo como grande vencedor, não é? Além dos 22 prefeitos socialistas, ele também teve uma influência muito forte na vitória de Luciano Rezende (PPS) sobre Luiz Paulo. Venceu o palanque de Hartung e conquistou a Capital, segunda vitrine política mais importante do Estado. A partir daí, passou a ser uma liderança reconhecida. Com a posse dos novos prefeitos em janeiro de 2013 e a crise pela falta de recursos, o socialista imprimiu sua marca municipalista, com uma série de medidas para socorrer os prefeitos. Embora haja controvérsias sobre essas ações, a imagem já foi vendida por Casagrande e comprada pela classe política.
 
Renata – Esse processo de consolidação da liderança de Casagrande se intensificou no segundo semestre do ano passado e o governador começou a montar seu palanque de reeleição com uma vantagem sobre os concorrentes, que reagiram. A mais interessante movimentação foi a do grupo do ex-governador Paulo Hartung, que criou a unanimidade política no Estado, dizer que esse sistema não cabe mais no contexto da política capixaba. Não cabe porque não interessa mais ao grupo, não é? A unanimidade que serve é a que Paulo Hartung comanda. Entenda, não estou aqui defendendo esse tipo de política, que considero extremamente nociva à democracia. Mas ouvir isso de um emissário do governador que foi chamado de imperador chega a ser engraçado.
 
Nerter – E por falar em Hartung, e aquela nota? A coluna Panorama Político, de O Globo, entrou mesmo na história de Hartung, só que essa manobra é manjada. Não é a primeira vez que o ex-governador utiliza deste expediente da veiculação na imprensa nacional de uma nota para repercutir no Estado. A nota, para os meios políticos, teve o objetivo de enviar um recado para as nacionais do PT e do PMDB, na tentativa de convencer as Executivas de que o governador Renato Casagrande vem perdendo força no Estado. Pode até funcionar, já que caciques não devem ter uma ideia detalhada do cenário político no Estado, trabalham no atacado. 
 
Renata – Tanto que o PMDB tenta emplacar o Ricardo Ferraço a todo custo para disputa ao governo, tendo como base o fato de ele ter sido eleito pela revista Veja como segundo melhor senador do ano passado. Aqui, porem, apesar dos outdoors espalhados pela Grande Vitória, esse título não influi no fato de que Ricardo Ferraço não tem a mesma densidade que Hartung para disputar a eleição ao governo. 
 
Nerter – E tem o Magno Malta que não sabe se vai ou se fica. Ele reuniu seu partido para anunciar uma possível candidatura à Presidência da República, que ainda não tem e dificilmente terá o aval da Nacional e parece ser uma estratégia de aumentar sua musculatura, entrar no debate, aparecer na mídia. Ele diz que se não tiver o aval da nacional, vai disputar o governo do Estado. Malta precisava se inserir de alguma forma, já que andou meio sumido neste início de ano. E mais uma vez foi pela imprensa nacional que mandou seu recado, na coluna Radar On-line, de Veja.
 
Renata – Pois é, parece que Malta está entendendo como funcionam as táticas de Hartung. Mas o fato é que factoide pra lá, factoide pra cá e se definir que é bom, nada. Até o momento os únicos palanques que são reais são os de Casagrande, que é candidato à reeleição e ninguém tira isso dele e o do Guerino Baletrassi (PSDB), que como ele mesmo disse, não tem nada a perder e vai enfrentar Casagrande em seu discurso municipalista. Tem a pressão do PMDB para emplacar o Ricardo Ferraço, tem a pressão do PT nacional para que o Hartung seja candidato e tem o Magno Malta que é alternativa para Dilma. Mas tudo não passa de fumaça, por enquanto. Como todo mundo quer adiar as definições o máximo que puder, essa coisa só vai se clarear mesmo no final deste semestre. Até lá, outros balões de ensaio devem ser lançados. 
 
Nerter – Mas a gente não pode confundir essa protelação nas definições com as movimentações de ocupação de espaço dos pretensos candidatos. Todo mundo está se movimentando ao seu jeito para quando chegar a hora H, ter seu capital para apresentar. Casagrande tem a máquina e vem tentando legitimar sua marca interiorana com liberação de recursos para os municípios, o que vai municiar seus prefeitos como cabos eleitorais. Hartung segue com suas palestras de economia que também servem de subterfúgio para encontros políticos. Malta deve ampliar sua visibilidade ao seu jeito e tem espaço na mídia nacional popular para isso e Guerino segue com seus encontros nos municípios, sempre tentando desmontar a imagem de municipalista de Casagrande. 
 
Renata – E o Ricardo Ferraço?

 
Nerter – Bom, o Ricardo Ferraço é um assunto para uma análise específica. 
 
Renata – Então, outra hora a gente fala dele.  

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