Sábado, 27 Abril 2024

Depois de semana badalada, Balestrassi volta ao 'tamanho original'

Depois de semana badalada, Balestrassi volta ao 'tamanho original'
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
É batida a ideia de que Guerino Balestrassi (PSDB) é um candidato ao governo do Estado que não convence. Ele parece estar ali para marcar território e depois faturar um bom espaço político. Mas quais as consequência para ele e para o PSDB dessa estratégia?
 
 
 
Nerter – Nas semanas passadas o nome Guerino Balestrassi (PSDB) ganhou as manchetes dos jornais, primeiro com a saída brusca da direção do Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes) e depois com o lançamento de sua candidatura ao governo pelo ninho tucano. Esta semana, porém, o nome dele não rende mais manchetes. Parece que Guerino Balestrassi voltou ao seu tamanho original. 
 
Renata – Até porque foi dado ao ex-prefeito, um tamanho político que ele efetivamente não tem. Quando deixou a prefeitura de Colatina, em 2008, o prefeito saiu do pleito como um dos grandes vencedores daquela eleição. Conseguiu eleger seu sucessor contra o todo poderoso Palácio Anchieta, que tinha à frente Paulo Hartung (PMDB). Mas se até o ex-governador perdeu prestígio político em menos de dois anos de planície, imagine um prefeito de um município do interior, que está sem mandato há cerca de cinco anos? De lá para cá, Balestrassi fez uma série de escolhas equivocadas e suas movimentações políticas no Bandes não garantiram toda essa visibilidade com o eleitorado. 
 
Nerter – A forma como Balestrassi deixou o Bandes, atendendo a uma estratégia tucana de explicitar um rompimento com o governo do Estado foi algo desproporcional e equivocado.  Balestrassi deixou o comando do banco e se colocou como candidato ao governo. Certamente fica entendido que sua função será tirar votos do governador Renato Casagrande. Já que não conseguiria confrontar Magno Malta (PR), que passa por outro viés e também não faria o enfrentamento com o senador Ricardo Ferraço (PMDB). Ele se apresenta como a novidade da eleição e se contrapõe a Casagrande. Mas não basta ser o novo é preciso ter capital político para sustentar essa imagem. 
 
Renata – E isso Balestrassi não tem. Ele tinha o rotulo de “novo” em 2008. Mas hoje está totalmente incorporado no projeto político do ex-governador Paulo Hartung. Há quem diga que ele faz um jogo marcado visando à vice no palanque que vem sendo alinhavado pelo ex-governador. Mas estaria apostando muito alto em um cenário que não é definitivo. Hartung conversa com todo mundo, inclusive com Renato Casagrande, e se fala em uma aliança PSB-PMDB, com Lelo Coimbra na vice e Paulo Hartung no Senado. Neste contexto, até mesmo o PT de João Coser ficaria a ver navios, imagina o desgastado PSDB, com Balestrassi? Não cabe. 
 
Nerter – Essa discussão revela também mais um erro de estratégia do PSDB do Espírito Santo. Algo que já vem se tornando comum nos últimos pleitos. Aliás, o PSDB vem acumulando uma série de problemas internos desde a eleição do ano passado. Acreditavam em um desgaste do PT, que realmente teve queda. Mas o PSDB não ganhou com isso, muito pelo contrário, saiu menor que o PT. Isso colocou em questionamento a liderança do deputado federal Cesar Colnago. A expectativa para o próximo ano é de que o partido aposte suas fichas na eleição de Luiz Paulo Vellozo Lucas para deputado federal.
 
Renata – E não se engane, o PSDB só deve conseguir mesmo uma cadeira. Pode ser que consiga duas, mas será muito difícil. Mas a estratégia política é que está errada, e não é de hoje. O PSDB insiste em uma estratégia furada de fazer um enfrentamento crítico que não está sendo assimilado pelo eleitorado há muito tempo. Só os tucanos não entenderam isso ainda. E essa ideia de desarticular o partido de Marina Silva para fortalecer o presidenciável Aécio Neves no Espírito Santo, por favor, não vai levar a lugar nenhum. 
 
Nerter – A tendência agora é que essa movimentação em torno de Balestrassi diminua. Ele já fez um papel que atendia ao interesse do ex-governador Paulo Hartung de esvaziar o palanque de Renato Casagrande. Resta saber até quando Balestrassi vai levar essa ideia de candidatura ao governo. A saída dele da chapa proporcional do PSDB enfraquece o grupo na disputa de deputado federal, que é a grande pretensão do partido.
 
Renata – Acho que ele vai levar essa imagem até quando der, até porque garante um espaço para o palanque de Aécio Neves no Espírito Santo e dá o tempo necessário a Hartung para costurar os acordos colocando cada aliado em seu espaço reservado. E não se assuste se não sobrar nada para Balestrassi. Se ele estiver confiando que será recompensado pelo papel desempenhado pode estar cometendo mais um de seus erros estratégicos. 
 
Nerter – Parece que Balestrassi acredita mesmo que vai ser candidato. Mas já tomou um primeiro banho de água fria. Ele começou a andar pelo Estado e percebeu o nível de desorganização do partido no interior, resultado da eleição de 2012. Sem uma base organizada vai ser complicado manter uma candidatura. Há quem aposte que ele conseguirá levar essa candidatura até o próximo ano, mas até dentro do PSDB tem gente que duvida que o palanque se erga de fato em 2014. Até porque nacionalmente o partido também anda tropeçando nas próprias pernas. Essa história de prévias entre José Serra e Aécio Neves vai complicar ainda mais a situação do partido. 
 
Renata – Acho também que ele acredita na candidatura. Foi levado ao partido pelas mãos do ex-governador Paulo Hartung e imagino que esperava outro cenário. Se bem que ele esteve na campanha tucana de 2012 e viu o que aconteceu. Deveria estar mais preparado. Essa semana ele apareceu na imprensa dizendo uma coisa complicada. Disse que Hartung era o único líder político do Estado. Balestrassi está colocando fé demais em um santo que já não vem fazendo milagre há algum tempo. 

 
Nerter – Pensemos na divisão dos palanques. Se ele disputar para manter o espaço de Aécio dificilmente vai conseguir levar o pleito para o segundo turno. Se Casagrande conseguir reagrupar PMDB e PT em seu palanque, a vaga de vice será de João Coser e a de senador para Paulo Hartung. Evidentemente, pela forma que saiu do Bandes e por episódios passados no PSB, Balestrassi não tem espaço no palanque socialista. 
 
Renata – Pois é. Se o palanque de Hartung sair sozinho, sem Casagrande, Ricardo Ferraço pode ser o candidato a governador, com Hartung no Senado e Coser na vice. Novamente Balestrassi fica a ver navios. 

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