Quinta, 02 Mai 2024

Deputado critica ação contra discurso de ódio de pastor e ataca Contarato

alcantaro_deputado_plenario_lucasscosta_ales Lucas S.Costa/Ales

Brandindo uma volumosa Bíblia na tribuna na Assembleia Legislativa, o deputado Alcântaro Filho (Republicanos) reforçou nesta terça-feira (4) o discurso de ódio proferido pelo pastor evangélico André Valadão, da Igreja Batista Lagoinha, centro de disseminação do bolsonarismo no Brasil e também no exterior, e atacou o senador Fabiano Contarato (PT). O senador é autor de uma representação criminal no Ministério Público Federal (MPF), por conta do discurso em que Valadão incita os fiéis a matarem pessoas LGBTQIA+.

No discurso, proferido no último domingo em Orlando, nos Estados Unidos, onde reside, Valadão, conhecido por suas ligações com a família do ex-presidente Jair Bolsonaro, incita as pessoas a matarem homossexuais, usando trecho do Antigo Testamento, como Levítico, direcionado ao povo judeu, que muitos evangélicos adotam para disseminar ódio e violência. Nesta terça-feira, diante da repercussão negativa, o pastor tentou se retratar e disse que foi um "mal-entendido". As críticas ao seu discurso viralizaram nas redes sociais.

No entanto, no entendimento do deputado Alcântaro, a pregação de Valadão é verdadeira, "Agora é hora de tomar as cordas de volta e dizer: 'não, pode parar, reseta'. Aí Deus fala, 'não posso mais, já meti esse arco-íris, se eu pudesse, eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas já prometi para mim mesmo que não posso, então, agora está com vocês'. Você não pegou o que eu disse: agora está com você. Eu vou falar de novo: está com você", disse o pastor, no último domingo.

Para Alcântaro, essa é a verdade, porque "a palavra de Deus ele é inerrante, infalível, inegociável", e ao mover ação contra o pastor Valadão, por causa de uma pregação, "isso é intolerância religiosa de um senador, que é uma vergonha para a população". E prossegue: "para ele sim, deveria ser decretada a prisão, pois quem tinha que ser preso é quem faz estelionato eleitoral e eu sou testemunha disso", disse, sempre brandindo a Bíblia em defesa de um Deus que manda matar pessoas, como disse Valadão.

A ação repete o comportamento registrado durante todo o mês de junho pelo pastor, com publicações de uma série de fotos e vídeos contra o mês do orgulho, com conteúdo transfóbico e homofóbico, o que também gerou ação da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP).

Após o discurso de Alcântaro, o deputado Capitão Assumção (PL) parabenizou-o pelas declarações e desferiu ataques verbais contra o senador Contarato, inclusive chamando-o de "Fabiana", desculpando-se, em tom irônico, em seguida.

Além do senador, também o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse nesta terça-feira que André Valadão responderá legalmente por suas declarações de incitação ao ódio. "O suposto cristão que propaga ódio contra pessoas, por vil preconceito, tem no mínimo dois problemas. Primeiro, com Jesus Cristo, que pregou amor, respeito, não violência contra pessoas. 'Amar ao próximo como a si mesmo', disse Jesus. Segundo, com as leis, e responderá por isso", afirmou Dino no Twitter, sem citar o nome de Valadão.

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou procedimento para apurar a possível prática de homotransfobia pelo pastor André Valadão durante o culto da Igreja Batista da Lagoinha em Orlando, na Flórida.

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