Segunda, 29 Abril 2024

Disputa ao governo em 2014 deve ser diferente da eleição passada

Disputa ao governo em 2014 deve ser diferente da eleição passada
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
 
Se em nível nacional os protestos nas ruas fragmentaram a disputa proporcional, no Estado, o governador também busca formas de recompor sua enorme base. Mas, assim como Dilma, Casagrande acredita na reeleição
 
 
 
Nerter – Nos últimos dias, o cenário político do Estado sofreu uma chacoalhada, trazendo novas indagações para a disputa eleitoral do próximo ano. Bom, de certo mesmo, apenas a candidatura do governador Renato Casagrande (PSB) à reeleição. Mas o processo para ele será muito mais difícil em  2014. Alguns nomes são cogitados para a disputa, o que põe em risco a sua recondução ao cargo. Sem harmonia com a Assembleia, com muitos erros cometidos durante seu primeiro mandato e sem conseguir manter unida sua base, o governador agora encara o desgaste trazido pelo barulho das ruas. A situação está complicada no Palácio Anchieta, não é?
 
Renata – A unanimidade já  mostrava sinais de fracasso ainda no ano passado, quando o senador Magno Malta (PR) se apresentou como alternativa ao palanque de reeleição. O PR foi um dos partidos que estiveram ao lado do governador em 2010. Se Malta vai mesmo disputar a eleição é um tema que ainda merece observação, mas a movimentação do senador tirou o sono tranquilo do governador. 
 
Nerter – Há pouco tempo quem saiu a campo foi o ex-governador Paulo Hartung, que ensaiou uma investida pesada contra Casagrande, deflagrado naquele episódio da entrevista dele a uma rádio de Castelo, terra natal do Casagrande, no dia em que ele participava de um ato na região. Hartung criticou seu sucessor e as investidas só se amenizaram por conta das denúncias envolvendo o governo passado, que pipocaram logo depois. Estou me referindo ao "Posto Fantasma" e ao escândalo do Sincades. 
 
Renata – Mas Hartung tem um plano B. Na verdade, a movimentação do ex-governador seria para tirar das mãos de Casagrande o comando do processo. Se ele vai disputar a eleição ao governo ou ao Senado é uma coisa que só deve ser conhecida no próximo ano, mas ele estabelece a dúvida no mercado, o que já é suficiente para complicar as movimentações de Casagrande. Mas com seu grupo comandando o PMDB, e o partido já demonstrando o interesse em disputar o governo, Hartung terá seu DNA na disputa majoritária. Neste sentido, quem pode se habilitar é o senador Ricardo Ferraço. 
 
Nerter – O que leva a crer que essa história de Hartung migrar para o PSDB não passa de ilusão. Na verdade não seria nada vantajoso para o ex-governador. Como o PMDB não tem candidato a presidente, o partido ficaria livre para se movimentar no Estado. Além disso, Hartung não precisa de uma ficha de filiação para influir no PSDB. Além dos aliados daqui, ele conta com a simpatia do presidenciável tucano, Aécio Neves. Permanecendo no PMDB, ele teria aí não um, mas dois partidos à sua disposição. Pode assim construir sua candidatura ao Senado, tendo a âncora presidencial no PSDB e Ricardo Ferraço como o candidato a governador. 
 
Renata – Por isso mesmo que essa história da candidatura do Guerino Balestrassi ao governo não convenceu o mercado político. Essa movimentação parece ser mais simbólica no sentido de enfraquecer politicamente Renato Casagrande do que propriamente tentar alçar voos mais altos no ninho tucano. A forma como ele deixou a presidência do Banco de Desenvolvimento do Estado (Bandes) foi muito significativa. Ao deixar o banco sem avisar ao governador, teve a clara intenção de mandar um recado para a classe política de que estava rompendo com o governo Casagrande e que sua candidatura não seria meramente para marcar espaço, mas estabeleceria uma competitividade com o governador. 
 
Nerter – Até porque lançar ao governo uma figura política que está há cinco anos sem mandato eletivo e que nunca foi testado em uma eleição estadual não seria uma estratégia de saída campeã. Guerino marca o espaço de Aécio Neves no Estado e além de explicitar o rompimento do PSDB com o governo Casagrande, manda também um recado para Hartung: o PSDB estará de braços abertos a compor com o PMDB para uma chapa ao governo do Estado. Hartung cuida de suas pretensões majoritárias e o PSDB ganha com o reforço para sua chapa proporcional, grande objetivo do partido para a disputa do próximo ano no Estado. 
 
Renata – Mas achar que Casagrande está perdido também não é correto. O governador perdeu totalmente o favoritismo à medida que sua unanimidade foi ruindo. A avaliação que vem das ruas também não ajuda em nada e os problemas sejam eles administrativos ou políticos que coleciona desde que chegou ao Palácio Anchieta em janeiro de 2011 é outro complicador. Mas Casagrande tem a máquina a seu favor e isso não é qualquer coisa. Precisa, evidentemente, resolver a questão nacional. O disse-me-disse recente de que ele teria fechado com Dilma e o posterior desembarque do secretário-geral do PSB no Estado, Carlos Siqueira, para enquadrar seu filiado mais ilustre no sudeste à campanha do presidenciável Eduardo Campos, governador de Pernambuco.
 
Nerter – Politicamente, Casagrande também já conseguiu alguns apoios como o do prefeito de Vitória, Luciano Rezende e o seu PPS. O PP e seu bom tempo de televisão também estão fechados com ele. Mas só isso não basta. Casagrande precisa imprimir uma marca em sua gestão. Essa é uma discussão que se faz desde o primeiro ano de mandato dele e ainda não se viu a marca Casagrande no governo. Bom, agora ele tem cerca de um ano até a eleição para conseguir isso, considerando-se que ele só tem até abril para ordenar despesas, o tempo fica ainda mais restrito. 
 
Renata – Bom, ele vem ensaiando algumas coisas. Esse projeto de criação de um fundo para ajudar os municípios é uma forma de conseguir o apoio dos prefeitos. Casagrande parece ter desistido de conquistar a Assembleia e por isso vai colocar suas fichas nos prefeitos. Daí essa movimentação para o que o PT não tivesse nenhuma participação no caso. As emendas não vão passar. Outra movimentação que busca visibilidade é a possibilidade de criação da universidade estadual. Eu não sei se essas ações vão ter o vulto necessário para reerguer Casagrande e superar o desgaste dele com o eleitorado, mas o fato é que ele tem a máquina e recurso em caixa e isso ajuda muito. 

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