Quinta, 25 Abril 2024

​Diversidade religiosa nas urnas do Espírito Santo

thayane_maeYara_MauricioAbdalla_FotoDivlgaoRedesSociais Divulgação/Redes Sociais

O Espírito Santo, nas eleições deste ano, conta com 24 candidatos que usam títulos religiosos na urna, como os de pastor, pastora, missionário, bispo e evangelista. Há ainda aqueles que têm religião, sem um título específico, ou até mesmo atuam como sacerdote, mas preferiram não inserir essas informações. O número de religiosos no pleito, portanto, é ainda maior, o que não é de se estranhar, em um país com diversidade religiosa como o Brasil.

Contudo, diversidade não é sinônimo de respeito e tolerância. Por saber bem disso, Mãe Yara (PSDB), sacerdotisa de Umbanda, decidiu se candidatar, considerando a falta de representatividade das religiões de matriz africana. "Tem políticos que até nos recebem bem para discutir política pública, mas vemos crescimento dos evangélicos na política e, muitos deles, não querem tratar disso com a gente, motivados pelo racismo religioso", afirma.
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Mãe Yara explica que as religiões de matriz africana, como a Umbanda e o Candomblé, e qualquer outra religião, não podem ser alvo de política pública, pois o Estado é laico. Entretanto, essas crenças compõem as comunidades tradicionais, podendo, em virtude disso, haver políticas voltadas para esse foco. Uma de suas propostas como candidata a deputada estadual é o apoio às comunidades tradicionais, não somente as de religiões de matriz africana, mas também as demais existentes em solo capixaba, como ciganos, pescadores, marisqueiros e pomeranos.

A sacerdotisa relata que as dificuldades impostas a sua fé acontecem, inclusive, nos procedimentos burocráticos relativos ao processo eleitoral. De acordo com ela, uma das orientações dadas aos candidatos para a foto da urna é de que não usem acessórios. Isso fez com que tivesse que abrir não de suas guias e de seu turbante, a descaracterizando como mãe de santo.

Não há nenhum candidato registrado com o título religioso de padre. Na Igreja Católica, os sacerdotes não são proibidos de se candidatar, mas a orientação é de que não o façam. Apesar disso, o Espírito Santo já contou com padres candidatos e até mesmo eleitos, como padre Honório (PT), que foi deputado estadual. A orientação está expressa em alguns documentos, como a encíclica Fratelli Tutti, do Papa Francisco, que diz que é reservado aos leigos esse tipo de ação. É com base nisso, informa o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Maurício Abdalla (PT), que ele é candidato a deputado estadual. Maurício relata ainda que sua candidatura também tem como base a Doutrina Social da Igreja (DSI).
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"Minha candidatura vem em função daquilo que sempre trabalhei. Meu despertar para a política veio dentro da Igreja, desde quando estava no seminário. Quero defender uma sociedade justa, que foi o que aprendi dentro da Igreja", diz o candidato, que é membro da Rede Nacional de Assessores do Centro de Fé e Política Dom Helder Câmara, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); e coordenador pedagógico da Escola de Fé e Política da Arquidiocese de Vitória.

A professora Thayane Oliveira, que é evangélica da Igreja Batista, faz parte de uma candidatura coletiva composta por cinco mulheres, registrada em nome da empreendedora Fernanda Pereira (PSB) e que tem como foco a Câmara Federal. Thayane acredita que, independentemente da religião, a meta dos candidatos tem que ser "a questão social e humana" e que "o amor ao próximo é a base do respeito à escolha que o outro fez para si, inclusive na fé".
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O mandato coletivo conta, inclusive, com uma mãe de santo, a Karla Regynna, da Serra. "Ela está ali não somente pela questão da diversidade, mas também por ser uma pessoa que através da fé dela realiza um importante trabalho social, um trabalho de caridade, que não deixa de ser política", afirma. Thayane relata que uma das coisas que a fez ingressar na candidatura coletiva foi a baixa participação das mulheres na política.

Cenário

Dos  24 candidatos do Espírito Santo que usam títulos religiosos na urna, 17 utilizam o de pastor, um o de bispo, dois de pastora, dois de missionário e dois de evangelista. No que diz respeito aos partidos, eles são considerados de direita, menos a Rede. As siglas são DC (3), Republicanos (2), PRTB (1), Solidariedade (1) PMB (1), PL (2), PSDB (3), MDB (1), Patriota (1), Rede (1), PRTB (1), Agir (3), PSC (3),  e União (2). 

De acordo com levantamento da Agência Pública, no Brasil há ao menos 640 candidatos com títulos religiosos nas urnas. A maioria dos nomes com títulos religiosos utilizam termos cristãos. O destaque é dos evangélicos. Somente pastores são 393. Há ainda 81 pastoras candidatas. Também aparecem bispos e bispas (53), missionários e missionárias (53), reverendos (2), apóstolos (4), padres (13), pais e mães de santo (27). Comuns no meio cristão, os termos 'irmão' e 'irmã' são usados por 150 postulantes.

Os partidos que concentram maior quantidade de candidatos que usam nomes ligados à religião são PTB (49), PSC (44), Republicanos (44), DC (40), Patriota (38) e PL (37).

'A política só tem sentido na ótica do bem comum'

Presbítero Nilton Emmercick e o professor Maurício Abdalla afirmam que eventos da Marcha para Jesus
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