Quarta, 01 Mai 2024

Dom Décio Zandonade deixa comando da Diocese de Colatina

Dom Décio Zandonade deixa comando da Diocese de Colatina
A Diocese de Colatina, no norte do Estado, recebeu na manhã desta quarta-feira (14) a resposta positiva do Papa Francisco sobre o pedido de renúncia do bispo do município, Dom Décio Sossai Zandonade. O pedido, feito em 2010, foi motivado por problemas de saúde. O bispo deixa as funções administrativas da Diocese, mas permanece como bispo emérito da região. 
 
Temporariamente, Dom Décio será substituído por Dom Wladmir Lopes Dias, bispo auxiliar da administração de Vitória. A indicação de um novo bispo pode demorar cerca de um ano. Para a classe política, a notícia da saída de Dom Décio foi uma bomba, já que ele tem uma forte influência no eleitorado local. A princípio, sua intenção é a de se retirar para oração, o que o deixaria fora desse momento efervescente da política capixaba.
 
Quem não deve ter gostado da notícia foi o ex-prefeito de Colatina e pré-candidato tucano ao governo, Guerino Balestrassi, que sempre recorreu aos conselhos e apoio do bispo. O afastamento acontece justamente num momento delicado para Balestrassi, que enfrenta pressão de parte do ninho tucano que é refratária à sua candidatura.
 
Na sessão da Assembleia, na manhã desta quarta-feira (14), o deputado estadual Genivaldo Lievore (PT), outro político que também ligado ao bispo, leu uma mensagem de Dom Décio sobre a decisão de se afastar da gestão da Diocese.
 
Nela, o bispo afirma que não pretende abandonar a diocese, mas a gestão administrativa da pastoral. “É meu desejo retirar-me em algum lugar que me possibilite dar mais tempo à oração e à contemplação da palavra de Deus e, se possível, ajudar no Santuário de Nossa Senhora da Saúde e no Instituto Espírito Santo de Inovação Social (Iesis)”, diz a mensagem.
 
Trajetória política
 
Em meio ao conflito sobre as terras indígenas, em Aracruz (Fibria), o bispo se colocou em favor da empresa, com a afirmação de que ela gerava empregos. Pouco depois, Dom Décio reconheceu o equivoco, entendendo o direito dos índios sobre as terras.
 
Seu grande papel político, porém, foi na política de Colatina. Em que, indiretamente, ajudou a eleger Guerino Balestrassi e seu sucessor Leonardo Deptulski (PT), atual prefeito do município. Com uma postura política clara e influente, o bispo sempre é visto como um grande eleitor no município. Seu principal instrumento de comunicação direta com a população é o programa que comanda na Rádio Difusora de Colatina. A assessoria da Diocese ainda não sabe se ele vai continuar a comandar o programa a partir de sua renúncia. 
 
A renúncia, segundo nota da assessorai da Diocese, foi motivada por questões de saúde. “Mesmo aparentando estar bem, ele tem uma história de AVC (Acidente Vascular Cerebral), hemorragia cerebral e uma intervenção cirúrgica no coração. Tal quadro, junto às tensões normais do comando de uma Diocese, e a percepção de que seu perfil humano já não se adequava às exigências atuais de um bom governo pastoral, fez com que ele, desde 2010, encaminhasse o pedido de renúncia ao Vaticano”.
 
Perfil
 
Dom Décio deixa a Diocese de Colatina, no dia em que comemora 11 anos à frente dela. Nascido em Venda Nova do Imigrante, na região serrana, em 2 de dezembro de 1942. Em 1952, entrou para o Seminário Aspirantado Salesiano de Jaciguá, localizado onde é hoje o município de Vargem Alta (ES). Foi ordenado sacerdote em 16 de dezembro de 1972, em sua cidade natal.

 
Cursou Filosofia e Letras na Faculdade Dom Bosco, em São João Del Rei e estudou Teologia em Córdoba, Argentina, e no Instituto de Teologia da Universidade Católica (PUC) de Belo Horizonte (MG). Em 11 de dezembro de 1996, dom Décio foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e sua sagração episcopal aconteceu no dia 2 de fevereiro de 1997. 
 
Dom Décio foi o segundo bispo a assumir esta Diocese, antes sob a liderança de Dom Geraldo Lyrio Rocha, hoje arcebispo da Arquidiocese de Mariana (MG). Atualmente, dom Décio ocupa ainda vice-presidência do Regional Leste II da Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil e bispo responsável pela Pastoral da Sobriedade no mesmo regional.

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