O clima esquentou durante a prestação de contas do prefeito de Vitória Luciano Rezende (PPS), na Câmara municipal, na tarde desta segunda-feira (29). O momento mais tenso aconteceu quando o vereador Reinado Bolão (PT) questionou o prefeito sobre os gastos com enfeite de Natal. Bolão queria explicações do prefeito sobre os gastos, que saltaram de R$ 2,8 milhões em 2013 para R$ 3,9 milhões este ano. Neste momento, o microfone do vereador foi cortado. Bolão e alguns vereadores se mostraram indignados com o corte abrupto do áudio.
Tudo aconteceu quando Bolão foi fazer seus questionamentos ao prefeito. Ele utilizou os cinco minutos da pergunta e outros três da tréplica para elaborar a pergunta, o que comum. Fez a leitura de uma série de questionamentos de internautas e por fim questionou o prefeito sobre os gastos com a ornamentação de Natal. Ao todo o vereador gastou oito minutos para o questionamento.
O prefeito fez uso do mesmo expediente de somar os dois tempos, mas gastou quase 12 minutos na resposta, segundo Bolão, sem que fosse interrompido pelo presidente da Casa, Fabrício Gandini (PPS), que conduzia a sessão. Bolão, diante da tolerância dada ao prefeito, também reivindicou tempo extra para completar seu raciocínio. Ele queria registrar que o Ministério Público de Contas (MPC) pediu o cancelamento dos contratos com a empresa responsável pelos enfeites de Natal, mas acabou deixando o plenário sem conseguir fazer o registro.
O vereador Serjão Magalhães (PSB) criticou a atuação da Mesa Diretora, dizendo que nunca viu uma atitude assim. Gandini recorreu ao Regimento Interno que permite o corte da fala para quem ultrapassar o tempo estipulado.
Bolão não foi o único a cobrar ações da prefeitura. O vereador Rogerinho Pinheiro (PHS) também cobrou ações em suas bases e conseguiu irritar o prefeito. Em alguns momentos, Luciano demonstrou irritação com as perguntas. No final da prestação de contas com declarações favoráveis dos vereadores ao prefeito, Rezende se mostrou mais à vontade, e diminuiu o tom.
Nos bastidores, o clima para a prestação das contas era de insatisfação no plenário, refletindo a tensão que tomou conta da relação entre a prefeitura e a Câmara nos últimos meses. Recentemente, um grupo de 10 vereadores se reuniu para discutir a posição em relação ao Executivo. A principal reclamação dos vereadores é a falta de atendimento nas bases dos vereadores, mas para os meios políticos há questões ligadas ao processo eleitoral que vem causando atrito nesta relação.
Luciano Rezende apostou as fichas na campanha de seu vice, Waguinho Ito (PPS), e deixou alguns vereadores abandonados na campanha, o que causou mágoa. A nova configuração política do Estado e o início das movimentações para 2016 também estariam influindo nessa discussão.
No final da sessão, Gandini retomou o embate que teve com o vereador do PT. O presidente da Casa subiu à tribuna para afirmar que não cerceou a fala de ninguém, e fez ataques indiretos ao vereador Bolão. Disse que apenas cumprira o regimento.