Sexta, 29 Março 2024

​Entidades empresariais no Estado evitam comentar crise entre poderes

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As Federações das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e do Comércio (Fecomércio-ES), duas das maiores entidades empresariais do Estado, decidiram não comentar sobre a crise movida pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal (STF) e a carta aberta do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Insatisfeito com a situação econômica e política do País, Skaf, um dos mais entusiastas seguidores de Bolsonaro desde a campanha eleitoral de 2018, anunciou a divulgação de um documento conclamando por pacificação entre os poderes da República, que já conta com mais de 200 assinaturas de instituições empresariais.

Sem citar o nome de Bolsonaro, o documento será divulgado formalmente depois do feriado do dia 7, embora já tenha sido vazado por alguns veículos de imprensa. Além da Fiesp, são signatários diversas associações, empresários, economistas e outros nomes da sociedade civil, ampliando as manifestações desfavoráveis ao governo Bolsonaro.

"A Findes decidiu não comentar" é a resposta da entidade empresarial aos questionamentos, enquanto a Fecomércio, embora tenha se manifestado por meio do seu presidente, José Lino Sepulcri, declarou-se "apolítica".

As perguntas encaminhadas diziam respeito ao "posicionamento frente ao governo do presidente Jair Bolsonaro, como forma de repercutir no Estado manifestos da Federação em relação à gestão federal, no momento em que o país lamenta quase 600 mil mortos em decorrência da Covid-19, o PIB recua, há desemprego crescente e, principalmente, um processo de desindustrialização significativo". Nesse cenário, acrescentavam: "Qual a perspectiva para a economia capixaba em meio às tensões entre os poderes constituídos?".

O teor da carta de Paulo Skap representa mais uma reação da elite empresarial, que já começa a desembarcar do governo, em decorrência da ineficiência de gestão e das atitudes do presidente, que colocam em risco a democracia e abrem a possibilidade de uma ruptura institucional. Pelo menos é isso o que demonstram as movimentações de seguidores do governo e do próprio presidente da República para o feriado de 7 de setembro, visando transformar as comemorações em demonstração de força.

Isso ocorre em um momento em que Bolsonaro se mostra enfraquecido e isolado, às voltas com queda de sua popularidade e aumento da rejeição ao seu nome para as eleições gerais de 2022. Na pauta negativa, as quase 600 mil mortes pela Covid, o preço dos combustíveis a puxar a inflação para próximo de 10%, os supostos casos de corrupção na família presidencial e na compra de vacinas, questões ambientais, a política de privatização de empresas estatais, desemprego, fome e miséria.

A carta chama ao bom senso e faz alusão à obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, na construção de Brasília, e ressalta: "Praça dos Três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes". E segue: "Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles".

O documento destaca que "este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe", e acrescenta: "As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas".

"O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos, e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população", enfatiza.

Na conclusão, deixa claro que "mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos aos preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira".

Fecomércio

Enquanto a Findes disse apenas que "não vai comentar", o presidente da Fecomércio, José Lino Sepulcri, explicou que a entidade segue a Confederação Nacional do Comércio (CNC), "até porque esse é um posicionamento em nível nacional".

"A orientação que temos é que nossas instituições sejam apolíticas e não se manifestem a respeito do governo federal e também no Estado. Entendemos que é uma situação complexa, que todos nós estamos vivenciando, mas não entramos nesse mérito de quem está certo e quem está errado", alegou.

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