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​Entidades empresariais no Estado evitam comentar crise entre poderes

Atitudes do presidente Jair Bolsonaro têm motivado reações contrárias do empresariado no País

ABr

As Federações das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e do Comércio (Fecomércio-ES), duas das maiores entidades empresariais do Estado, decidiram não comentar sobre a crise movida pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal (STF) e a carta aberta do presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. Insatisfeito com a situação econômica e política do País, Skaf, um dos mais entusiastas seguidores de Bolsonaro desde a campanha eleitoral de 2018, anunciou a divulgação de um documento conclamando por pacificação entre os poderes da República, que já conta com mais de 200 assinaturas de instituições empresariais.

Sem citar o nome de Bolsonaro, o documento será divulgado formalmente depois do feriado do dia 7, embora já tenha sido vazado por alguns veículos de imprensa. Além da Fiesp, são signatários diversas associações, empresários, economistas e outros nomes da sociedade civil, ampliando as manifestações desfavoráveis ao governo Bolsonaro.

“A Findes decidiu não comentar” é a resposta da entidade empresarial aos questionamentos, enquanto a Fecomércio, embora tenha se manifestado por meio do seu presidente, José Lino Sepulcri, declarou-se “apolítica”.

As perguntas encaminhadas diziam respeito ao “posicionamento frente ao governo do presidente Jair Bolsonaro, como forma de repercutir no Estado manifestos da Federação em relação à gestão federal, no momento em que o país lamenta quase 600 mil mortos em decorrência da Covid-19, o PIB recua, há desemprego crescente e, principalmente, um processo de desindustrialização significativo”. Nesse cenário, acrescentavam: “Qual a perspectiva para a economia capixaba em meio às tensões entre os poderes constituídos?”.

O teor da carta de Paulo Skap representa mais uma reação da elite empresarial, que já começa a desembarcar do governo, em decorrência da ineficiência de gestão e das atitudes do presidente, que colocam em risco a democracia e abrem a possibilidade de uma ruptura institucional. Pelo menos é isso o que demonstram as movimentações de seguidores do governo e do próprio presidente da República para o feriado de 7 de setembro, visando transformar as comemorações em demonstração de força.

Isso ocorre em um momento em que Bolsonaro se mostra enfraquecido e isolado, às voltas com queda de sua popularidade e aumento da rejeição ao seu nome para as eleições gerais de 2022. Na pauta negativa, as quase 600 mil mortes pela Covid, o preço dos combustíveis a puxar a inflação para próximo de 10%, os supostos casos de corrupção na família presidencial e na compra de vacinas, questões ambientais, a política de privatização de empresas estatais, desemprego, fome e miséria.

A carta chama ao bom senso e faz alusão à obra arquitetônica de Oscar Niemeyer, na construção de Brasília, e ressalta: “Praça dos Três Poderes encarna a representação arquitetônica da independência e harmonia entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, essência da República. Esse espaço foi construído formando um triângulo equilátero, cujos vértices são os edifícios-sede de cada um dos poderes”. E segue: “Esta disposição deixa claro que nenhum dos prédios é superior em importância, nenhum invade o limite dos outros, um não pode prescindir dos demais. Em resumo, a harmonia tem de ser a regra entre eles”.

O documento destaca que “este princípio está presente de forma clara na Constituição Federal, pilar do ordenamento jurídico do país. Diante disso, é primordial que todos os ocupantes de cargos relevantes da República sigam o que a Constituição nos impõe”, e acrescenta: “As entidades da sociedade civil que assinam este manifesto veem com grande preocupação a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”.

“O momento exige de todos serenidade, diálogo, pacificação política, estabilidade institucional e, sobretudo, foco em ações e medidas urgentes e necessárias para que o Brasil supere a pandemia, volte a crescer, a gerar empregos, e assim possa reduzir as carências sociais que atingem amplos segmentos da população”, enfatiza.

Na conclusão, deixa claro que “mais do que nunca, o momento exige do Legislativo, do Executivo e do Judiciário aproximação e cooperação. Que cada um atue com responsabilidade nos limites de sua competência, obedecidos aos preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna. Este é o anseio da Nação brasileira”.

Fecomércio

Enquanto a Findes disse apenas que “não vai comentar”, o presidente da Fecomércio, José Lino Sepulcri, explicou que a entidade segue a Confederação Nacional do Comércio (CNC), “até porque esse é um posicionamento em nível nacional”.

“A orientação que temos é que nossas instituições sejam apolíticas e não se manifestem a respeito do governo federal e também no Estado. Entendemos que é uma situação complexa, que todos nós estamos vivenciando, mas não entramos nesse mérito de quem está certo e quem está errado”, alegou.

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