Quinta, 18 Abril 2024

Entrevista ???Esta é a eleição mais disputada dos últimos anos, pelo menos nos grandes municípios???

Entrevista ???Esta é a eleição mais disputada dos últimos anos, pelo menos nos grandes municípios???

 

“Vencer é um conceito muito relativo. Pois a premissa da derrota não é a consequência da disputa, mas sim a ausência da lição”. Reinaldo Ribeiro



    Fotos: Gustavo Louzada
Acostumada a acompanhar de perto as disputas eleitorais na Grande Vitória e no interior, a socióloga Viviane Medeiros Chaia acredita que as disputas deste ano serão as mais acirradas dos últimos anos. Para ela, o perfil técnico dos prefeitos que deixam os cargos, dos que tentam reeleição, ou dos candidatos em busca de um lugar ao sol será um fator decisivo para a escolha do eleitor. A socióloga afirma que a mudança de perfil do eleitorado e dos políticos aumenta a exigência na hora do voto, por isso, não há mais espaço para candidatos clientelistas e assistencialistas. Até porque, segundo ela, esses agentes trabalham em uma camada do eleitorado que não é mais maioria. A classe C é a decisiva do voto e não aceita mais práticas ultrapassadas. É justamente a nova classe média que vai definir a disputa, escolhendo os candidatos que melhor atendam seus anseios de manutenção dos bens de consumo adquiridos com a ascensão da classe D para C. Nesta entrevista a Século Diário, Viviane Medeiros faz ainda uma avaliação, município a município, sobre os cenários apresentados até aqui. Para ela, a situação do PT, grande vencedor da disputa de 2008, é a mais complicada, já que na Capital, por exemplo, sofre com o problema da fadiga de material dos dois governos Coser e com a falta de perfil técnico de Iriny Lopes.



Século Diário – Estamos a cerca de um mês e meio da eleição e o TSE prevê uma disputa em dois turnos nos quatro maiores municípios da Grande Vitória (Serra, Vila Velha, Cariacica e Vitória). Tendo como base as pesquisas que foram divulgadas até aqui, como avalia o processo eleitoral na Grande Vitória?
 
Viviane Medeiros – A previsão é de segundo turno porque nenhum dos candidatos tem a maioria dos votos. Então, vamos pegar município por município. Vila Velha tem o prefeito Neucimar Fraga (PR) e o ex-prefeito Max Filho (PSDB) disputando, e o Rodney Miranda (DEM) corre paralelo, com um apoio que é importante, do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), mas que também não deu musculatura para ele. Na verdade, Vila Velha é um pouco como Antônio Carlos Medeiros colocou na coluna dele, você tem duas gestões avaliadas medianamente. Hoje você não consegue, no Brasil, pegar uma gestão, como aconteceu no passado, com avaliação de mais de 50% de ótima e boa. Nós tivemos uma mudança, saindo dos prefeitos com perfis mais populistas para os prefeitos com perfis mais técnicos, como aconteceu em Curitiba, no Paraná; Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), em Vitória. Esses prefeitos foram avaliados com mais de 50% de ótimo e bom. Vitor Buaiz teve aprovação de mais de 70% como prefeito. Tinha um perfil técnico. As avaliações hoje são mais no sentido de aprovar ou reprovar a administração. Ela é regular, mas é aprovada. É o caso de Vila Velha. Quando Max Filho deixa a administração, em 2008, a avaliação dele é de 74% de positivo, como regular/boa, com uma marca na educação. Neucimar Fraga também tem uma avaliação mediana, com aprovação, e marca mais voltada para o desenvolvimento, obras. E em Vila Velha a disputa se dá entre dois modos de governar. Dois estilos diferentes.
 
– Acredita que Rodney já atingiu o teto dele ou ainda pode crescer?
 
– Acho que ele pode crescer, porque a partir desta semana começa de fato o material a ir para a rua e as pessoas que estão indecisas terão condições de decidir seu voto. Vai haver os folhetos na rua, as caminhadas intensificadas, a TV e o rádio colaboram muito. Ter indecisos tem. Mas não são indecisos porque não conhecem os candidatos, é porque de fato tem candidatos disputando com equilíbrio de qualidade.
 
– Recentemente tivemos uma situação interessante em Vila Velha, com duas pesquisas divulgadas no mesmo período e com resultados bem diferentes...
 
– Problema de campo. Isso acontece porque tem instituto que não tem controle total do campo. Significa que tem pesquisa com margem de erro superior à registrada no TRE (Tribunal Regional Eleitoral). São pesquisas que precisam ser revistas.
 
– E quem tem que controlar isso é o TRE?
 
– É o TRE. Os partidos políticos que se sentirem lesados pelo resultado podem questionar o TRE e pedir a revisão dessas pesquisas.
 
– Nós já ouvimos, inclusive de candidatos, que há uma busca por institutos de pesquisa de fora do Estado. Há uma predominância de dois institutos no Espírito Santo, Futura e Enquet, que apresentaram alguns problemas, o que está fazendo com que os candidatos busquem outras formas de avaliar o campo.
 
– Vou dizer o que já disse em eleições passadas. Quando um instituto trabalha para candidato, não tem isenção para divulgar trabalho na imprensa. Todos os dois institutos estão trabalhando para candidatos que eles estão medindo. Eu não estou dizendo que esses institutos estão controlando ou alterando os dados, mas cria uma desconfiança do eleitorado mais informado. É óbvio. Como eu vou tomar conta do galinheiro, se eu estou interessado nos ovos da galinha?
 
– Diante dessas situações, você acredita que o eleitor ainda se deixa levar pelo voto útil?
 
– Eu acho que não. O eleitorado no Brasil mudou bastante o seu perfil, como mudou também o perfil dos políticos da década de 1980 para cá. Você tinha políticos da linha populista, que faziam a campanha de messias, salvadores da pátria, e você tinha municípios na Grande Vitória com grau de problemas enorme, como a Serra e Cariacica. E você tinha um perfil do eleitorado muito desinformado. Hoje, com esse avanço de prefeitos com perfil mais técnico, a gente soterrou os messias, os salvadores da pátria, os populistas. Não há mais espaço para esses políticos que usavam, inclusive, a medicina para fazer ligadura de trompas em mulheres em troca de votos, para atender os pobres. O índice de prefeitos médicos nessa época era enorme.
 
– Mas até hoje há muitos políticos que usam desses artifícios...
 
– Mas não conseguem só com essa bandeira se reeleger, porque o eleitorado é muito restrito à população que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) classifica como pobre ou em extrema pobreza, que são as classes D e E. Eles não são mais maioria. Até porque mudou o perfil do eleitorado, quando há uma entrada de parte dessa classe D na classe média, na classe C. E essa classe C quando ingressa, ingressa também com uma nova cabeça, inclusive, política, porque a pessoa que entrou nessa nova classe e teve acesso a mais bens de consumo, teve uma melhoria de vida, ela também teve acesso a bens de consumo dos meios de comunicação. Essa classe média tem como uma de suas grandes preocupações o estudo dos filhos e esses filhos é que vão estudar, ingressar no mundo globalizado, no mundo da comunicação, da internet e são eles que acabam influenciando no voto da família. Então, a tendência desses políticos clientelistas, assistencialistas, é ficarem bem localizados na classe D. A classe C quer serviços públicos de qualidade. Esse é o grande desafio. A classe C está de olho nas promessas que não foram realizadas. Por exemplo, em Vila Velha, Neucimar Fraga (PR) fez uma série de promessas de intervenções e de obras para resolver a questão de mobilidade do município, que ele não conseguiu executar em quatro anos, até porque não são executáveis em quatro anos, precisaria de mais tempo, mas a classe C está de olho nisso.
 
– Por isso a propaganda dele é a de mostrar as obras em andamento...
 
– Sim, porque ele tem que mostrar o que fez e justificar o que não fez. Neucimar se elegeu com uma campanha pautada em tirar Vila Velha do isolamento político e resolver a questão da mobilidade e dos alagamentos, e ele não resolveu nada disso. Tirou Vila Velha do isolamento político, sim. Mas não é isso que incomoda o município, isso é o fato que leva a não resolver o problema dos alagamentos e da mobilidade. Por isso, é preciso ter cuidado com o discurso do “eu vou resolver”.
 
– Agora, vamos atravessar a ponte. Vitória?
 
– Em Vitória, acho que existe um cansaço do PT. Fadiga de material. Acho que João Coser faz uma boa gestão no primeiro mandato, tanto é que foi reeleito, mas no segundo mandato também tem um problema de qualidade de gestão. Um indício disso é que ele foi reprovado na pesquisa, com 56% da população não aprovando o modelo dele governar. No segundo mandato, ele tem um problema de qualidade de gestão, porque no primeiro e segundo escalão, optou por botar os aliados. Não é uma equipe técnica, é uma equipe política, e isso em uma capital em que o nível de escolaridade e de consumo são elevados. É um eleitorado exigente. E esse perfil do secretariado comprometeu a qualidade da gestão, é visível. E outra coisa, a candidata Iriny Lopes também não tem um perfil técnico, isso é um problema para o PT. A Iriny tem uma carreira política. Luiz Paulo (PSDB) é engenheiro de produção, que antes de ser prefeito, tem uma carreira técnica bem sucedida no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento) e outros órgãos. Luciano Rezende (PPS) é um médico da área do esporte, foi secretário. Tem uma carreira técnica antes da carreira dele, Iriny não tem.
 
– E como você avalia essa terceira via de Luciano Rezende caminhando com Magno Malta (PR) e buscando uma penetração no eleitorado evangélico em Vitória...
 
– Não, não é elevado. Se fosse Cariacica ou Serra, sim, mas em Vitória não é tão grande. Não vai levar se for fazer campanha só em cima do aspecto religioso. Luciano é uma alternativa que se coloca, mas acho que a tendência de Vitória é a de ‘experimentei o novo, não gostei, quero voltar para o antigo’. Acho que Luiz Paulo tem uma vantagem porque teve oito anos de mandato, foi bem avaliado, também teve problemas de desgaste no segundo mandato, mas não teve a administração reprovada.
 
– Esses 46% de Luiz Paulo, nesse momento da eleição, sugerem que ele pode crescer mais e levar a peleja no primeiro turno?
 
– Não. Eu acho que vai ter segundo turno. Olha, Iriny está abaixo do percentual histórico do PT na Capital, que é de 25%. Iriny tem 11% na espontânea e 14% na estimulada. Está muito abaixo. Isso é rejeição ao projeto do PT. A população de Vitória não quer mais o projeto do PT. Por isso, João Coser queria indicar o vice com uma aliança com Paulo Hartung.
 
– Então, pelo que você está dizendo, a tendência é um segundo turno entre Luiz Paulo e Luciano.
 
– E aí o segundo turno é outra eleição, porque temos que saber para onde vão os votos da Iriny.
 
– Vamos agora para a Serra. Lá a disputa será um plebiscito, não é?
 
– Na Serra vai ser a mesma questão de Vila Velha. Uma disputa de estilos de gestão. A diferença é que em Vila Velha você tem um Rodney correndo por fora, na Serra não, será plebiscito mesmo.
 
– Há uma tentativa do candidato do Psol, Professor Renato, mostrar que Vidigal e Audifax fazem parte do mesmo projeto. Na sua opinião, a população percebe essa diferença entre os dois depois do racha de 2008?
 
– Percebe. Quem é Audifax, não é Vidigal, e quem é Vidigal, não é Audifax.
 
– Em 2010, tivemos uma prévia da eleição deste ano, na polarização da disputa de deputado federal entre Audifax e Sueli Vidigal (PDT), e uma campanha, que podemos dizer, foi até de baixo nível, com muitas trocas de acusações e boatos. Como fica o clima para a disputa deste ano?
 
– Acho que nenhum desses dois vai para esse clima de baixaria, até porque eles têm pesquisas não mão de quali, que mostram que a população rejeita esse tipo de comportamento, só por isso. Todos dois já têm pesquisa quanti e quali e nas pesquisas que eu venho participando, é evidente que a população não tem mais paciência para baixaria. Eles querem o candidato que apresente as melhores propostas e que atendam aos seus interesses. E a classe C, que é maioria na Serra, tem esse perfil da nova classe média, que é a de buscar aquele que de fato assegure as melhorias que eu adquiri enquanto nova classe média, no serviço público. Então, ela quer transporte de qualidade, o controle do uso do crack, segurança dos filhos e postos de saúde que façam agendamento de consulta e de exames.
 
– Então, assim como em Vila Velha, nessa escolha entre o novo e o antigo, os dois têm esse perfil mediano?
 
– Eu acho. E não acho que Sérgio Vidigal [PDT] esteja desgastado, como também Neucimar Fraga, porque são prefeitos que têm uma avaliação mediana. São aprovados pela população, não acho que eles tenham essa fadiga do PT em Vitória. Mas acho que Vitória chegou a essa situação por conta da opção do prefeito em abrir mão do perfil técnico, o que não aconteceu na Serra e nem em Vila Velha.
 
– E esse desgaste do PT em Vitória é o mesmo do PT em Cariacica, ou lá é diferente?
 
– Acho que é diferente. Lá Helder Salomão é bem avaliado. Ele é a pessoa que marca a mudança no município desse perfil populista. É o primeiro prefeito com perfil técnico, o primeiro a ser reeleito no município. Acho que ele foi infeliz na escolha da candidata dele. Ela [Lúcia Dornelas] tem uma ligação histórica com o PT, mas tem dificuldade em alavancar a candidatura. Por outro lado, Marcelo Santos [PMDB] é um político que nasceu e foi criado no município, é uma pessoa querida lá dentro. Apesar de ter uma carreira política, é um quadro técnico, tem um conhecimento enorme do município, é filho de um prefeito que vinha dessa linha populista, mas que era querido. Marcelo reúne muitas condições, ele é de lá. Cariacica teve muitos prefeitos forasteiros, ele ser de lá tem um peso grande. Juninho [PPS] é novo, empolgado, mas acho que para o eleitor de Cariacica tem a questão da continuidade do trabalho do Helder, que é a Lúcia, mas com muita insegurança, porque o perfil dela é muito diferente do Helder, e o Marcelo, que é do município e um deputado de Cariacica, ele leva tudo para Cariacica. Todo o mandato dele é voltado para o município, e isso é percebido pela população.
 
– Já que estamos falando do PT, vamos avaliar outras duas cidades importantes do Estado onde o partido também disputa: Colatina e Cachoeiro, com os prefeitos petistas buscando reeleição.
 
– Em Colatina [noroeste do Estado] a questão é da disputa de grupos políticos dos quais o Leonardo Deptulski está inserido em um. A gente tem que fazer uma leitura de Colatina mais ampla. O município tinha, antes de Guerino Balestrassi se tornar prefeito, uma alternância de políticos conservadores, como Dilo Binda – médico –, Tadeu Gilbert e Eval Galazi. Guerino Balestrassi [PTB] vem e rompe isso. Seria o Helder de Colatina. Ele faz uma boa gestão e um sucessor. Da mesma forma que Vidigal fez o sucessor dele, que foi o Audifax, e poderia ser qualquer um lá também. Então, a eleição de Deptulski foi muito mais pelo peso do apoio de Balestrassi do que um projeto de PT. Colatina não faz a leitura de que o prefeito seja um projeto do PT. Ele é o grupo do Guerino Balestrassi.
 
– E são interessantes esses polos que existem hoje no município, porque esses políticos tradicionais não têm mais espaço, acho que até Marcelino Fraga perdeu. A disputa é entre o grupo do Balestrassi e o grupo do deputado federal Paulo Foletto (PSB).
 
– Sim. A trinca que eu falo são esses Dilo binda, Tadeu Gilbert e Marcelino Fraga. Quando Guerino assume rompe com isso e fecha os espaços desses políticos. Mas Guerino entra com o compromisso de fazer Foletto seu sucessor e não fez. Foletto fica magoado com essa história e isso acaba dividindo o eleitorado em torno desses dois polos. Então, em Colatina, há essa disputa dos grupos, do qual o PT se beneficiou do apoio de um deles, do peso de Balestrassi, inclusive esse peso continua dentro da administração, até porque o próprio Leonardo só mudou dois secretários, o resto é tudo da época do Guerino Balestrassi. E em Colatina havia uma possibilidade de o outro grupo crescer, sim, porque nova classe média em Colatina é de 50%, quer melhorias. Há questões na gestão do Leonardo que são frágeis. Vocês mesmos já deram aqui em Século Diário, que Colatina não tem um sistema de esgoto, tem a energia elétrica mais cara, e por isso perde empresa e não atrai novas empresas. O transporte público tem um monopólio de mais de 20 anos e os políticos não mexem, porque o grupo de empresários apoia. O prefeito tem essas fragilidades e a classe C percebe.
 
– Mas essa bomba em cima do candidato do grupo do Foletto, o deputado estadual Da Vitória (PDT) complicou esse projeto...
 
– Da Vitória tinha condições de crescer, mas eleição é assim, vai bem desde que não haja um fato novo. Eleição vive de fatos novos. Colatina teve um fato novo, que não é tão novo, porque vocês aqui de Século Diário já haviam noticiado, mas que para o resto da imprensa, para a população, com o estouro do escândalo, hoje é. Eu não diria que Da Vitória está descartado, mas ficou muito difícil a eleição para ele em Colatina. Cachoeiro, eu não acompanho muito, mas sei que o prefeito Carlos Casteglione teve uma gestão mal avaliada, depois ele melhorou, mas é uma eleição muito difícil. O grupo Ferraço ainda tem muita força.
 
– O Glauber Coelho (PR), que é o candidato do grupo, tem o apoio de três lideranças muito fortes. Além do próprio Theodorico Ferraço (DEM), estão com ele o ex-prefeito Roberto Valadão (PMDB) e o ex-deputado José Tasso, que ainda tem um peso político na região.
 
– Em Cachoeiro é um quadro muito diferente. Pode dar qualquer coisa. Essa eleição está morna nas ruas, mas está bem disputada.
 
– E o que representa para o PT essas derrotas, se vierem, na eleição deste ano? O PT saiu muito bem na eleição de 2008, mas...
 
– Vai sair mal na eleição deste ano no Espírito Santo. Na minha avaliação, acho que perde em Vitória, Cachoeiro e Cariacica. Não perde em Colatina, por conta do grupo político do qual Guerino Balestrassi é a locomotiva. O PT vive disso, no passado era assim. Elegeu três deputados estaduais e um federal e depois recuou. Vai e volta. Ele tem um tamanho de 20% a 25% e vive em torno disso.
 
– E o que será dessas lideranças: Iriny, Coser, Helder...
 
– Vão ser candidatos a deputado federal, estadual...
 
– Mas não vai ter espaço para todo mundo...
 
– Não vai. Vão ter que fazer um entendimento entre eles.
 
– Agora, mudando um pouco de assunto. Está todo mundo reclamando que está sem dinheiro, que a campanha está morna...como avalia isso?
 
– Não acredito nisso, não. Todo mundo tem dinheiro para fazer campanha. Quanto você acha que custa fazer campanha com a Casa Amarela? Campanhas com essas marketeiras que temos aqui? Os programas de televisão? Eles fazem esse discurso de que não tem dinheiro, até porque o TRE aumentou a fiscalização, na eleição passada já tinha. Então, essa coisa de comprar voto, isso é muito complicado. Tem que mudar essa relação com eleitor. As campanhas no Brasil já perderam muito brilho porque proibiram os showmícios, isso acabou com as campanhas. O que dava vida às campanhas eram os showmícios, as camisetas, as bandeiradas, os militantes na rua. Hoje você paga meia dúzia de pessoas para ficar balançando bandeira na rua, sem vontade, todos cargos comissionados. Então as campanhas perderam o brilho. Você ainda tem campanhas com energia e empolgação no interior. Acredito, por exemplo, que Jaguaré vai ter uma campanha com vigor, porque lá a coisa pega. Tem municípios que são dois projetos em debate, que dividem a cidade. Vila Velha são dois projetos, mas não dividem, assim como a Serra.
 
– Está faltando novidade nesta eleição? Tem o Rodney, mas ele não é uma novidade.
 
– Ele não é uma novidade. O que o Rodney fez dentro de Vila Velha como secretário de Segurança? Não fez uma delegacia em Vila Velha. Ele se elegeu em cima do discurso de segurança, mas o que ele fez no município? O trabalho de controle do crack quem faz é o prefeito Neucimar Fraga, e de referência nacional, com o Ledir Porto à frente, casa a casa, família a família, tirando os adolescentes da rua. O Rodney tem que mostrar o que ele fez em Vila Velha.
 
– E no embate entre Hartung e Casagrande?
 
– Eu acho que o governador Renato Casagrande vai sair vitorioso, mais que o grupo Paulo Hartung. O governador se movimenta bem, ele é discreto em suas movimentações, tem um estilo diferente do Paulo Hartung. Hartung é muito rei, muito neon e luzes em cima.
 
– Você acha que Hartung transfere votos?
 
– Acho que ele não é um Lula, não. Qual o perfil de Paulo Hartung? Ele sempre esteve em cima do muro, nunca foi de assumir ninguém. É até estranho ele assumir campanha. É estranho, não combina, as pessoas ficam desconfiadas. Ele sempre foi um político de bastidores, quero vê-lo nas ruas com o Rodney.
 
– E qual é a disputa mais quente, Hartung e Casagrande ou Hartung e Magno Malta (PR)? Há uma costura que se embola aí?
 
– Acho que são os três. Magno Malta se movimenta bem. E outra coisa, é bom as pessoas não subestimarem o senador Magno Malta, não, porque ele tem o perfil do Lula. Ele é popular... não é populista, é popular. É um homem simples, que está no meio do povo, faz um mandato com visibilidade. Quando Dilma precisou que ele virasse o voto evangélico, ele foi lá e virou, porque é um cara que cumpre as alianças. E Magno Malta não é de ninguém. Hartung vai ter que enfrentá-lo e ele que se cuide, porque o senador tem um peso muito importante.
 
– Para terminar, qual a imagem que você tem da eleição no Espírito Santo como um todo?
 
– Bem embolada. Esta é a eleição mais disputada nos últimos anos, pelo menos nos grandes municípios. Vila Velha vai ter disputa, Serra também, Cariacica também. Só acho que Vitória não vai ter. Pode ser que Vitória me surpreenda, mas acho que está definido. A não ser que o PT consiga passar Iriny para o segundo turno, aí é bem complicado, mas pelo andar da carruagem, está difícil. Interior terá muita disputa, poucos estão tranquilos, porque tem essa coisa dos mandatos bem avaliados, mas os ex-prefeitos estão voltando e a população fica balançada.
 
– Então a briga é boa?
 
– A briga é boa.

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