Quinta, 18 Abril 2024

​Especialista questiona liberação de armas e aponta viés ideológico de Bolsonaro

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Arquivo Pessoal

A flexibilização do uso e porte de armas no Brasil visam a defesa da sociedade ou fazem parte de uma política ideológica para garantir o poder político a partir das eleições de 2022? O questionamento é do especialista Pablo Lira, doutor e professor do Mestrado de Segurança Pública da Universidade de Vila Velha (UVV), e foi feito em entrevista a Século Diário nesta quinta-feira (18), no mesmo dia em que o senador Fabiano Contarato (Rede) protocolou projeto com a finalidade de sustar esses decretos.

"Quanto mais armas disponíveis, maior a possibilidade de crimes", aponta o professor, que também é membro pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), citando os pesquisadores Alfred Brustein, dos Estados Unidos, e Daniel Cerqueira, presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

"O governo federal está estimulando maior acesso às armas quando se vive um momento de muita radicalização, com um permanente discurso de ódio", disse Pablo Lira, apontando o caso do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por ter feito ofensas e ameaças a ministros do Supremo Tribunal federal (STF).

"Ao invés de delegar para a população o que é uma obrigação do Estado, o governo federal deveria investir em reestruturar as polícias e as guardas municipais, tirar armas dos criminosos, monitor as armas existentes, e fiscalizar as fronteiras, os aeroportos", comentou.

Para Lira, a flexibilização da venda, uso e porte de armas, além de incrementar a violência, vai ampliar o armamento em poder das milícias e a violência no campo, na linha já declarada várias vezes pelo presidente Jair Bolsonaro, ligada diretamente às eleições de 2022. O presidente coloca em dúvida a confiabilidade do voto eletrônico, defende a cédula impressa, e deixou claro que não aceitará o resultado das urnas em caso de derrota.

O pesquisador chamou a atenção, também, para o lobby da indústria de armamento e condenou a falta de controle sobre as armas em circulação, muitas delas ilegais, que não tiveram o registro renovado por falta de um monitoramento constante e mais rígido. "Com a flexibilização das armas, haverá maior possibilidade de crimes decorrentes de brigas de trânsito, posse de terras, contenda entre vizinhos, conflitos domésticos de marido e mulher", destacou.

Segundo Pablo Lira, a justificativa de que a liberação é para aumentar o nível de defesa da população, não se sustenta. "As pesquisas mostram que apenas 5% a 10% das pessoas que reagem a um assalto alcançam sucesso", diz. Ele faz referência ainda aos Estados Unidos, onde o comércio de armas é livre e apresenta a maio taxa de homicídio do mundo, sendo o modelo que inspirou o governo Bolsonaro a adotar essa medida.

Senado

O projeto de decreto legislativo do senador Fabiano Contarato tem o objetivo de sustar os efeitos dos Decretos nº 10.627, 10.628, 10.629, 10.630, publicados no último dia 12, que flexibilizam regras para compra e uso de armas no país.

Para o senador, "a política armamentista do atual governo vem produzindo perturbadores resultados. Desde 2019, cresceu, de forma estarrecedora, o número de armas circulando no Brasil. Há, hoje, mais de 1,15 milhão de armas nas mãos de cidadãos, um crescimento de 65% em relação a dezembro de 2018, quando havia pouco menos de 700 mil armas legais em circulação".

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Comentários: 2

rocha em Quinta, 18 Fevereiro 2021 16:25

Não há viés ideológico algum, apenas respeito à vontade popular manifestada no Referendo de 2005, que os PeTralhas ignoraram solenemente. O direito individual de possuir/portar armas é imprescindível em qualquer país que se diz democrático. Sou a favor do desarmamento apenas dos bandidos; o cidadão de bem, com bons antecedentes, com treinamento em preparo psicológico, tudo exigido pela LEI deve ter assegurado o direito de ter uma arma. Ao contrário do que o "especialista" diz, mais armas legais diminuem a criminalidade, e não o contrário. Parabéns ao Presidente por atender aos anseios de seu eleitorado.

Não há viés ideológico algum, apenas respeito à vontade popular manifestada no Referendo de 2005, que os PeTralhas ignoraram solenemente. O direito individual de possuir/portar armas é imprescindível em qualquer país que se diz democrático. Sou a favor do desarmamento apenas dos bandidos; o cidadão de bem, com bons antecedentes, com treinamento em preparo psicológico, tudo exigido pela LEI deve ter assegurado o direito de ter uma arma. Ao contrário do que o "especialista" diz, mais armas legais diminuem a criminalidade, e não o contrário. Parabéns ao Presidente por atender aos anseios de seu eleitorado.
Henrique em Terça, 23 Fevereiro 2021 10:37

A ideologia é ao contrário, para manterem os cargos ou o aparelhamento de instituições, insistem na narrativa de esquerda ou conforme o desejo do ente político da situação.

A ideologia é ao contrário, para manterem os cargos ou o aparelhamento de instituições, insistem na narrativa de esquerda ou conforme o desejo do ente político da situação.
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