Segunda, 29 Abril 2024

?? esquerda ou à direita, capixabas formam um painel da eclosão do golpe militar no ES

?? esquerda ou à direita, capixabas formam um painel da eclosão do golpe militar no ES
Através do percurso de muitos personagens capixabas, ou de proeminente atuação no Espírito Santo, pode-se entender o tempo negro que baixou no Brasil a partir de 31 de março de 1964 e, mais especificamente, seus efeitos para o Estado. 
 
As figuras abaixo, e brevemente reunidas, apareceram em edições anteriores de Século Diário revendo o golpe militar de 50 anos atrás. 
 
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Homem de forte índole nacionalista, Ramon de Oliveira Netto era deputado federal em 1964. O então presidente João Goulart o avisara de que ele seria candidato ao governo do Estado pelo PTB, o partidos de ambos. Havia ali o interesse em mudar o rumo da política capixaba com um nome progressista. O golpe frustrou o projeto. 
 
Ao lado do próprio Jango, e de nomes como Luiz Carlos Prestes e João Amazonas, o nome de Ramon apareceu na primeira lista de cassação do regime: era o 13°.
 
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Ele é um dos mais ativos dirigentes sindicais que o trabalhador capixaba já conheceu. Nome: Manoel Santana. “É verdade que não dei trégua ao patrão, por isso sofri quando veio o golpe. Tive até que me afastar do sindicalismo” disse em entrevista de 1984 ao jornalista Rogério Medeiros, republicada em Século Diário em 2001. Manoel ajudou a fundar o inúmeros sindicatos: dos Hoteis, Portuários, Trabalhadores em Transportes Marítimos, Gráficos, Bancários, sindicatos rurais, entre outros.
 
Politicamente sensível e de alta capacidade aglutinadora junto ao movimento sindical, Manoel foi logo visado pelos golpistas de 64. Para estes, tratava-se de um comunista perigoso, agitador. Mas na mesma entrevista, ele manifesta uma opinião diferente acerca de suas colorações políticas: “Nada contra os comunistas, só que eu não era comunista”. Não importava. Logo aos primeiros movimentos do golpe, Manoel foi sacado do sindicato dos gráficos e do Conselho Sindical.
 
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O delegado regional do Trabalho Bianor Ribeiro passou uma noite preso logo que explodiu o golpe; depois, foi enviado ao 38° BI (então 3° BC), na Prainha, em Vila Velha. Nada sofreu. Mas por que foi preso? Delegado de João Goulart, não se curvou ao empresariado capixaba. Queria ver respeitados e cumpridos os direitos dos trabalhadores, razão pela qual primava pela fiscalização dos direitos trabalhistas.
 
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Na cidade, os personagens eram vários; mas no campo, um em especial se sobressaía: Breder. Guilherme Ataualpa de Montezuma Breder foi a principal figura de organização do campesinato capixaba daqueles tempos. Pelas mãos do deputado federal Ramon de Oliveira Netto, o agrônomo mineiro chegou para dirigir a Superintendência da Reforma Agrária (Supra). 
 
Mas ele foi além da função meramente técnica, graças a um grande senso de organização do campesinato, semeando no trabalhador uma consciência econômica e política. Em 31 de março de 1964, Breder se encontrava no Rio de Janeiro justamente pleiteando recursos para projetos de reforma agrária no Espírito Santo. Teve que deixar o Rio às escondidas. 
 
Mas quando pisou no Espírito Santo, um major apareceu-lhe: prisão no 3°BC ou em casa? Breder passou seis meses em prisão domiciliar e passaria a vida visado pelos militares. Teve até que mudar de profissão: virou pastor da Igreja Presbiteriana.
 
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O cearense José Parente Frota, o General Frota, presidiu um movimento de massa que resultou na encampação da Companhia Central Brasileira de Força Elétrica, hoje Escelsa.



Considerava o domínio da distribuição de energia um elemento fundamental para o desenvolvimento do Espírito Santo.



Mas a formação nacionalista do General Frota foi ofuscada pelo conservadorismo do regime, aprisionado-o na Arena.
 




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Ativo sindicalista desde a juventude, organizador de associações de bairros em Vitória, fundador de sindicatos rurais, integrante do Partido Comunista e, ainda por cima, hábil cavaquinista, Mestre Flores ficou preso por 10 dias em 1970.



Em 64, foi até procurado, mas os militares eram ainda muito despreparados, o que facilitou a atuação clandestina de Mestre Flores. 
 






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Dirigente no estratégico Sindicato dos Ferroviários, cuja base era na maior parte formada por trabalhadores e funcionários da Companhia Vale do Rio Doce, Alcy Corrêa primava pela moderação.



Mas o despreparo inicial dos militares, até para identificar a coloração ideológica de seus alvos, viu nele um radical. Corrêa era presidente do sindicato que eclodiu o golpe e foi preso algumas vezes. 
 
Sofreu particularmente perseguições do deputado estadual Hélcio Pinheiro Cordeiro, homem dos golpistas, e do ex-presidente do sindicato, o engenheiro Rubens Bley.
 
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O ex-governador Vitor Buaiz compôs quadros de dirigentes dos movimentos estudantil, sindical e da Igreja. Teve uma presença forte no combate à ditadura militar, especialmente quando esteve à frente do Sindicato dos Médicos. 
 
















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Quando o golpe militar estava prestes a eclodir, o célebre folclorista Hermógenes Lima Fonseca não estava no Espírito Santo: estava no Rio, a serviço do Comitê Central Partido Comunista Brasileiro (PCB).



À época, sua atuação se dava em nível nacional. Mas voltou no início de março. O Folha Capixaba, jornal do Partidão, era visado pelos militares e Hermógenes, seu diretor. Quando chegou, deparou com o jornal fechado. Era 31 de março de 1964.

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