Camila Valadão fala em “muita simpatia” por candidatura de Helder Salomão a governador

A esquerda precisa se colocar mais no jogo das eleições de 2026 no Espírito Santo, e não dá para esperar a véspera do pleito para construir um programa político. Essa é a avaliação da deputada estadual Camila Valadão (Psol), que até outubro percorre municípios do interior do Estado com a sua “Caravana Esperança em Movimento”.
Nos dois primeiros anos do seu mandato, iniciado em 2023, Camila, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDDH) da Assembleia Legislativa, realizou a “Caravana dos Direitos Humanos”, com a qual realizou audiências públicas em cidades como Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado); Guarapari (região metropolitana); e Linhares e Conceição da Barra (norte).
Agora, segundo ela, o foco é “aproximar o mandato” de municípios de menor porte do Estado, colhendo demandas locais. Nas últimas semanas, já passou por cidades como Ibiraçu (região do Rio Doce); Santa Maria de Jetibá, Santa Teresa e Santa Leopoldina (região serrana); além de Cachoeiro e Muqui (sul). Em meio a esse trabalho, aproveita para fazer encontros com militantes.
“O que a gente tem avaliado de maneira geral a partir desse diálogo, é a necessidade da esquerda se colocar mais no Espírito Santo. Isso é um consenso nos lugares por onde temos passado. A percepção dos municípios do interior é de que a esquerda está muito parada, que precisa se movimentar, se articular, e ter um esforço de unidade dos setores da esquerda para a construção de uma alternativa para as eleições de 2026”, afirma.
Camila comenta que os resultados das eleições do ano passado foram muito ruins para a esquerda. Para 2026, um dos focos será a manutenção das cadeiras na Assembleia da federação formada pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) e Rede Sustentabilidade. No final do ano passado, Fábio Duarte (Rede) foi diplomado como deputado estadual, após uma ação judicial que resultou na retotalização dos votos das eleições de 2022.
“Muita gente tem me perguntado: ‘você é candidata a deputada federal?’. Mas não, eu sou candidata a deputada estadual. Eu entendo que temos um trabalho importante na Assembleia que precisa ser continuado. A gente vem desenvolvendo um trabalho muito importante à frente da Comissão de Direitos Humanos”, ressalta Camila.
A deputada afirma que vai trabalhar na montagem das chapas de deputado estadual da federação partidária, que deverá continuar em 2026, apesar das diferenças significativas entre Psol e Rede, tanto do ponto de vista ideológico quanto em questões estratégicas. Nas eleições de 2024, os dois partidos enfrentaram divergências internas, sobretudo no que diz respeito à formação de alianças.
“Temos uma relação de muito respeito com a Rede, inclusive às diferenças. A gente mantém diálogo sobre as nossas diferenças e, a partir disso, estabelece os limites em relação às posições. Tenho muito respeito pelo Fábio Duarte, embora tenhamos muitas diferenças – que se expressam na Assembleia na forma como nós nos posicionamos a partir de determinados temas e projetos de lei. Da mesma forma com a Laís Garcia, porta-voz da Rede estadual”, comenta.

‘Liderança muito capacitada’
Camila Valadão afirma que só espera a conclusão do processo de renovação dos diretórios do Partido dos Trabalhadores (PT), para começar a pedir reuniões com a sigla, visando as articulações para 2026. Ela estará presente na posse de João Coser, seu colega de Assembleia Legislativa, como presidente estadual do PT, que acontecerá neste sábado (13), às 8h30, no campus do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) em Cariacica.
Nas disputas majoritárias do ano que vem, uma das principais missões colocadas para o campo da esquerda é a reeleição do presidente Lula (PT), conforme ressalta a deputada. No Senado, Fabiano Contarato (PT) enfrentará um jogo duro para tentar se reeleger, dentro de um cenário com diversas pré-candidaturas já colocadas. O governador Renato Casagrande (PSB) é o mais forte pré-candidato a senador no momento.
A grande dúvida recai sobre a candidatura para governador. O pleito de 2026 deverá ser o primeiro após mais de 20 anos que não contará com as presenças de Casagrande e Paulo Hartung (PSD). Os dois pré-candidatos governistas mais cotados até o momento – Ricardo Ferraço (MDB) e Arnandinho Borgo (sem partido) – parecem bem distantes do campo de esquerda.
Camila já declarou publicamente que defende uma candidatura própria da esquerda para governador do Espírito Santo, tendo em vista as figuras que estão no jogo eleitoral. Além disso, ela demonstra preferência pelo nome do deputado federal Helder Salomão (PT), o principal cotado para encarar a missão dentro do campo progressista.
“Nós temos muita simpatia pela candidatura do Helder Salomão. Existe esse desejo por parte de setores da militância, e nós entendemos que o nome do Helder, de fato, tem uma capacidade muito importante de expressar um programa político popular para o Espírito Santo. É um professor, uma liderança muito capacitada. Mas é óbvio que a gente sabe que essa é uma discussão do PT”, opina.
O próprio Helder, campeão de votos à Câmara em 2022, admite a possibilidade de encarar a disputa, como forma de garantir um palanque para a candidatura do presidente Lula. Para isso, terá que enfrentar uma eleição bastante difícil, e correndo o risco de ficar sem mandato a partir da próxima legislatura.