Organização é do deputado Callegari, que disputa espaço com filha do senador

Neste sábado (12), a Câmara de Vitória vai receber o evento “Base Conservadora III”, iniciativa do deputado estadual Callegari (PL) e da Associação Ordem, Justiça e Liberdade (OJL), para articular os campos da direita e extrema direita no Estado. Entre os convidados destacados no convite, estão figuras do Partido Liberal (PL) como os vereadores de Vitória Armandinho Fontoura e Dárcio Bracarense; o ex-vereador de Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado) Léo Camargo; e um convidado de fora do Espírito Santo, o deputado federal e influenciador digital Marcos Pollon (MS). O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), também é destaque como confirmado.
Entretanto, o que mais se nota é uma ausência significativa: a do senador Magno Malta, presidente estadual do PL e uma das principais lideranças da extrema direita no Espírito Santo. Segundo a assessoria de Callegari, Magno recebeu convite, mas não havia confirmação de sua presença. O deputado não quis comentar a provável ausência do senador, por entender que esse “não é o foco do evento”.
Também chama a atenção a informação de que o ex-deputado Carlos Manato (PL), que chegou ao segundo turno na disputa pelo Governo do Estado em 2022, estará presente no encontro. Manato é outro com pretensão de ser senador, e busca um novo partido para isso, já que está rompido com Magno Malta.
O desacerto entre Magno Malta e Callegari tem ficado cada vez mais evidente, apesar de pessoas do grupo do deputado estadual tratarem a questão como uma disputa natural por espaço. Conforme já noticiado, Magno lançou sua filha, Maguinha Malta, como pré-candidata a senadora, o que, dentro do PL, vai de encontro às pretensões de Callegari, que também almeja chegar ao Senado.
Nos últimos tempos, Callegari vinha se articulando com o partido Novo. Entretanto, Magno e Maguinha também buscam uma aliança com a sigla ultraliberal, ao manter conversas com Leonardo Monjardim, vereador de Vitória – e mais um da extensa lista de pré-candidatos a senador no Espírito Santo. O Novo, aliás, poderá ser o destino de Arnaldinho Borgo (sem partido), prefeito de Vila Velha que busca se viabilizar como candidato a governador em 2026.
Atualmente, Callegari tem aparecido com mais frequência ao lado de figuras do Republicanos, como o presidente estadual da sigla, Erick Musso, e Lorenzo Pazolini, pré-candidato a governador. Entretanto, Pazolini mantém posição ambígua em relação ao bolsonarismo: faz acenos, mas parece não querer se envolver demais.
O prefeito de Vitória era esperado para outro encontro conservador na Câmara de Vereadores, em 30 de maio, quando sancionaria a “Lei Anti-Oruam” no município. Na última hora, alegou que tinha outra agenda e não compareceu. A lei acabou sancionada pela própria Câmara, após o término do prazo regimental do Poder Executivo, sob críticas de vereadores de extrema direita pela omissão de Pazolini.
Por outro lado, no início do ano, Pazolini se colocou como um dos defensores da anistia aos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
‘Anistia Já’
O tema do evento deste sábado, inclusive, é “Anistia Já”. “A perseguição jurídica contra os patriotas precisa ter um basta, porque pessoas de bem estão recebendo condenações exorbitantes. Vou continuar defendendo a anistia dos presos do 8 de Janeiro e lutando pela qualificação da direita capixaba. É hora da direita unir forças para enfrentar filosofias que não têm harmonia com o conservadorismo”, afirma Callegari.
O assunto vai ser enfatizado em um contexto de pressão externa pela anistia, com a taxação das exportações do Brasil em 50% anunciada pelos Estados Unidos de Donald Trump, que acusa o país de supostamente perseguir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta quinta-feira (10), o governador Renato Casagrande (PSB) – provável candidato ao Senado no ano que vem – afirmou que a medida tem base política e ideológica e pode “afetar o ânimo dos empreendedores capixabas”.