Explicações de senador não interrompem ações para apurar doações de cloroquina
Apesar das explicações do senador Marcos do Val (Podemos) sobre as doações de hidroxicloroquina e azitromicina por ele recebidas em 2020 para o combate ao coronavírus, conforme matéria divulgada em Século Diário nesse domingo (28), o advogado André Moreira afirmou nesta segunda-feira (29) que "medidas judiciais podem e devem ser adotadas", reforçando os movimentos para acionar o Conselho de Ética do Senado e entrar com uma Ação Popular para abrir uma investigação. Essa declaração refuta afirmação do senador, por meio de sua assessoria, de que as informações divulgadas não procedem.
A assessoria comenta, também, que o advogado está impedido de acionar o Conselho de Ética do Senado, porque essa atitude só pode ser tomada por parlamentar ou partido político com representação no Congresso Nacional. "Caso o André quisesse acionar o Conselho de Ética do Senado, ele não teria como. Então, assim, as informações não procedem. O André Moreira já fez essa notificação, enfim, essa informação não é correta. Eu gostaria que fosse incluída na matéria a decisão da Justiça Federal", diz a assessoria.
Ao colocar em dúvida a credibilidade da informação veiculada, a assessoria demonstra desconhecimento dos objetivos da peça judicial abordada na matéria, segundo André Moreira: "A juíza já explicou aí, que é uma notificação, que se encerra com o cumprimento da medida. Ele entregou os documentos, mas a decisão não o absolve de nada. Não está absolvido, nem no parecer do Ministério Público, nem no da juíza. E nem poderia dizer, porque o objeto da notificação é a interpelação da outra parte. Ele foi interpelado, apresentou os documentos, mas as medidas judiciais podem e devem ser adotadas".
Sobre o Conselho de ética do Senado, o advogado comenta que a representação será formalizada por quem tem essa competência, já que ele não é parlamentar com assento no Congresso Nacional. "Nós vamos mandar para quem pode fazer, obviamente. Estamos nos movimentando para isso, a fim de que outro parlamentar faça essa representação, em especial alguém que seja da área do Direito e sabe que ele [Marcos do Val] cometeu indícios fortes de ilegalidade", enfatiza.
Além da representação, André Moreira prepara uma Ação Popular contra o senador, "porque ele recebeu uma doação, imagine qual é o valor de dois mil kits desses medicamentos, por interposta pessoa, o que é proibido pelo Conselho de Ética e pela Constituição".
O advogado destaca uma questão, segundo ele, "importantíssima", que é o senador ter utilizado, "também descumprindo norma de profissão regulamentada, doando esses kits – como está dito aí – através de doadores que ele chama de "voluntários". São pessoas que não são farmacêuticos e fizeram a entrega de medicamentos, inclusive controlados, como é o caso da cloroquina, mais especialmente da azitromicina".
"Se você vai comprar um medicamento, um antibiótico na farmácia, é preciso não só que você tenha a receita, mas que essa receita seja despachada por um farmacêutico. Isso está previsto no regulamento da profissão de farmacêutico e no Conselho Nacional de Farmácia. Você não pode entregar medicamentos por um doador voluntário", como foi o caso da distribuição feita no ambulatório Hildo Garcia, da igreja Santa Rita de Cássia.
"Essa é uma das irregularidades, que só provam a incapacidade desse senhor para o exercício o mandato que foi concedido a ele", ressalta o advogado, lembrando ainda da Lei 5.991, de 17 de dezembro de 1973, que regula o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos. No artigo 6º, estabelece que essa dispensação é privativa de farmácia; drogaria; posto de medicamento e unidade volante; d) dispensário de medicamentos".
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Comentários: 2
Tem que apurar minuciosamente
Uma vergonha uma Igreja fazer parte disso! precisa ser apurar e da uma reposta a população capixaba!