Sábado, 04 Mai 2024

Ferraço insiste que senador boliviano corria risco de morte

Apesar do incidente diplomático estabelecido com a Bolívia e da visível irritação da presidente Dilma Rousseff com o episódio da fuga para o Brasil do senador boliviano Roger Molina, o senador Ricardo Ferraço (PMDB) insiste na bandeira da “defesa humanitária” para justificar sua intervenção no caso. 
 
Na manhã desta quinta-feira (29), ao abrir os trabalhos da Comissão de Relações Exteriores (CRE), da qual é presidente, Ferraço prestou esclarecimentos sobre o episódio e voltou a defender um argumento que não vem sendo aceito pela base governista. Ele alegou novamente que a vida do boliviano estava em risco por causa da situação em que Molina se encontrava, em condições frágeis de saúde. De acordo com Ferraço, o que poderia acontecer era sua morte por “enfarto, um derrame ou mesmo um suicídio”.
 
Esta versão é contestada, já que uma vez no Brasil Molina não aparentou sinais de saúde frágil ou de depressão. Também não procurou nenhum serviço médico para avaliação de seu estado de saúde, como afirmou o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia, um dos que não engoliram as justificativas do senador capixaba.
 
A atitude do senador, em parceria com o funcionário do Itamaraty, Eduardo Saboia, também não agradou a presidente Dilma Rousseff. Por convenções internacionais, lembrou Ferraço, toda pessoa vítima de perseguição tem o direito de buscar asilo. Se o pedido é aceito, conforme o senador, a consequência natural é a concessão do salvo conduto.
 
Há divergências em relação à aceitação do pedido, inclusive, porque ao contrário do que defende Ferraço, o caso de Molina não se restringe à mera perseguição política, já que o senador tem uma série de denúncias tramitando na Justiça boliviana por crimes de corrupção, inclusive com uma condenação. Ele é acusado também de envolvimento com narcotráfico. 
 
A senadora Ana Amélia (PP-RS) manifestou apoio a Ferraço. Já o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) ponderou que, apesar do valor do gesto humanitário de Saboia, um diplomata não poderia, por ato pessoal, resolver um assunto de Estado. Para o senador, o episódio afetou a credibilidade da diplomacia do país.
 
A ação de Ferraço em relação ao senador boliviano é contraditória no sentido em que no caso da denúncia de espionagem dos Estados Unidos no Brasil, o senador falou sobre a gravidade da intervenção na soberania nacional. Ao dar fuga ao senador boliviano, Ferraço influi na política daquele País e criou um incidente internacional para o Brasil. 

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