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Fiquem, amigos’

Se depender do deputado federal Lelo Coimbra, o PSDB não desembarca do governo Temer. O líder da maioria na Câmara dos Deputados vem trabalhando com afinco na defesa do presidente. Ao jornal A Gazeta (10/06/17), ele enaltece a vitória de Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que decidiu nessa sexta-feira (9), por quatro votos a três, não cassar a chapa Dilma-Temer. 
 
Lelo vê a absolvição como um alento para o governo restaurar a base parlamentar no Congresso. Apesar do otimismo do deputado, o clima no PSDB, partido mais importante da base, é mesmo de despedida. A preocupação do alto tucanato, que deve bater o martelo sobre a iminente saída nesta segunda-feira (12), é separar a decisão de deixar o governo do pacote de reformas (Trabalhista e da Previdência). Os tucanos também não aceitam a pecha de “traidores de Temer e do Brasil” e repudiam a estratégia de alguns peemedebistas que querem condicionar a garantia de apoio do PMDB ao PSDB em 2018 à permanência do partido no governo Temer. 
 
Por mais que Lelo tente alimentar a esperança de que a decisão ainda é reversível, nos bastidores do PSDB a saída é certa. O partido entende que a permanência no governo Temer, depois de todo o desgaste envolvendo o presidente, inviabiliza o projeto político do PSDB para 2018. “Não dá para ir às ruas pedir votos vinculados a um governo como esse”, confidenciou à coluna uma importante liderança tucana no Estado.
 
Lelo precisa entender que nem todo mundo está disposto a correr os mesmo riscos que ele. A disputa à prefeitura de Vitória em 2016 apresentou a Lelo uma dura realidade: o governador Paulo Hartung não estava mais disposto a carregá-lo. O candidato do PMDB, mesmo partido do governador, foi solenemente ignorado pelo Palácio Anchieta, que virou as costas para a candidatura do correligionário. Lelo acabou a disputa em terceiro lugar, com 26.584 votos (14,3%), menos da metade dos votos do segundo colocado, Amaro Neto (SDD), que disputou o segundo turno com Luciano Rezende (PPS). 
 
Lelo ainda tentou amenizar a falta de apoio de Hartung, alegando que o governador decidira não se envolver na eleição. Mas não convenceu. Decidido a eleger Erick Musso prefeito de Aracruz, Hartung largou tudo e despencou para o município para participar de um ato público de apoio ao jovem deputado estadual. Não adiantou. Erick perdeu a eleição, mas o governador o “elegeria” mais tarde presidente da Assembleia. 
 
O episódio deixou claro que Hartung não estava mais disposto a apostar em relações políticas de mão única. Descartado dos planos do governador, Lelo passou a procurar sobrevivência política fora da bolha de Hartung. Encontrou guarida nos braços de Temer. Em baixa e perdendo apoios, o presidente aceitou Lelo de bom grado e lhe deu a missão de liderar a maioria na Câmara. 
 
O deputado, numa escolha arriscada (ou quase desesperada), apostou todas suas fichas no instável governo Temer. Por isso Lelo deve ter comemorado muito a decisão do TSE que absolveu Temer. 
 
Mas é prudente manter os pés na realidade. Acreditar que o PSDB ainda pode mudar de ideia e seguir no governo parece mais um discurso para fora. O deputado não é ingênuo. Ele quer apenas mostrar ao “chefe” que está fazendo o que pode e o que não pode para demover os tucanos da ideia. 
 
O resultado dessa aposta de fazer parte do governo Temer vai aparecer em 2018. As urnas vão mostrar a Lelo se ele acertou na suas escolhas. O PSDB, ao que tudo indica, parece não estar disposto a fazer jogadas tão arriscadas. Por isso, o apelo “fiquem, amigos” parece não sensibilizar os tucanos.

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