Segunda, 29 Abril 2024

Freitas 'joga gasolina' na polêmica da Rodosol e G11 se rebela contra o governo

Freitas 'joga gasolina' na polêmica da Rodosol e G11 se rebela contra o governo
Depois de 12 dias de ocupação e de uma sessão conturbada (dentro e fora da Assembleia), na última segunda-feira (15), que votou pela inconstitucionalidade do projeto de decreto que propunha o fim da cobrança do pedágio na Terceira Ponte, a última sessão do semestre no Legislativo estadual tinha tudo para ser mais calma. 
 
Entretanto, o que se viu na sessão desta quarta-feira (17) foi um clima de animosidade. O curioso é que o estopim que pôs fogo na sessão foi provocado pelo próprio líder do PSB na Casa, deputado Eustáquio de Freitas, que ressuscitou a polêmica votação da cobrança do pedágio na Terceira Ponte.  
 
O parlamentar chamou os deputados que votaram contra o governo, o G11, de populistas, e reproduziu alguns trechos do discurso feito pelo governador Renato Casagrande (PSB) no último sábado (13), durante inaugurações em Alfredo Chaves, quando elogiou os deputados que se posicionaram contra o projeto que propunha o fim do pedágio e criticou os “rebeldes”. 
 
Na sessão desta quarta, Freitas foi três vezes à tribuna: duas para atacar os deputados e uma última para tentar consertar o estrago causado. 
 
A manobra desastrada causou uma reação imediata no G11. Quatro deputados pediram a palavra para rebater os ataques de Freitas. Gilsinho Lopes (PR) foi um dos que saíram em defesa do grupo. Ele classificou a fala de Freitas como uma provocação desrespeitosa aos deputados que votaram pela constitucionalidade do projeto do deputado Euclério Sampaio (PDT), que não compareceu à sessão desta quarta. 
 
“Não somos populistas. Votamos com consciência. Vossa Excelência que é governista em todos os projetos, independente da demanda popular”. Gilsinho disse ainda que Freitas estava cometendo um equivoco ao se intitular vencedor. Ele ainda recuperou alguns escândalos recentes, como a CPI do Posto Fiscal e do Pó Preto, que foram enterradas pela Assembleia, para criticar a postura de alguns colegas.
 
O deputado Cláudio Vereza, representando a bancada petista, foi outro que se indignou com os ataques de Freitas. Ele disse que não queria falar mais sobre o tema, mas que, diante dos ataques, era inevitável não retomar o assunto. “Era melhor esperar a poeira baixar, mas o líder do PSB pensa diferente. Acha melhor jogar gasolina na fogueira”. Mais à frente completou: “Freitas traz o discurso da guerra, da provocação”. 
 
O deputado do PT ainda criticou a ação truculenta da polícia, que reprimiu os manifestantes que se concentravam em frente ao prédio da Assembleia. Ele ainda registrou a agressão ao membro da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória, Vitor Noronha, que estava no local para mediar o conflito e acabou sendo preso de forma arbitrária. 
 
À gasolina de Vereza, José Esmeraldo (de saída do PR) “agregou” a qualidade azul. “Freitas jogou gasolina azul [no sentido de ser mais inflamável] no plenário”. Esmeraldo também afirmou que a votação já era um tema superado, mas o deputado do governo resolveu retomar a polêmica. 
 
Se referindo à acusação de populista, Esmeraldo disse que a provocação do deputado socialista era inaceitável. “Não vou recuar. Não tenho medo de cara feira”. E alertou: “Isso é lamentável. Não é bom para o governo. Seria bom que ele [Casagrande] orientasse seu líder para que isso não volte a ocorrer”. 
 
O deputado disse ainda que a Casa tem ajudado o governo, mas que não aceitaria esse tipo de provocação do único deputado do PSB no Legislativo. “Não levo desaforo pra casa. Não sou frouxo nem covarde”, advertiu. 
 
Com um tom mais sereno, mas não menos incisivo, Hércules Silveira (PMDB) também condenou a fala de Freitas. Ele rechaçou que o G11 tenha votado a favor do projeto de Euclério por oportunismo. Disse que os deputados não poderiam ser chamados de populistas ou demagogos por terem divergido do governo.
 
Hércules avisou que os colegas não gostaram do discurso do governador em Alfredo Chaves, que criticou os deputados que apoiavam o projeto de Euclério. O peemedebista interpretou os ataques de Freitas como recados do Palácio Anchieta. “Se são recados, devolvo os recados. As posições dos deputados têm de ser respeitadas”, frisou.
 
Ele ainda registrou que o governo “espalhou” no interior que o rompimento do contrato com a Rodosol obrigaria o Estado a pagar uma indenização milionária à concessionária e que isso representaria menos investimentos nos municípios. Hércules disse que essa história de condicionar as obras à derrubada do projeto é conversa fiada. “Não use mentira para jogar o povo contra nós”, clamou, se referindo ao discurso de Casagrande. E repetiu a frase que os colegas já haviam dito: “O Freitas jogou gasolina no incêndio”. 
 
Depois da repercussão dos seus dois ataques, o clima ficou ainda mais tenso na Assembleia. Outros deputados evitaram se pronunciar. Freitas, no entanto, pediu a palavra pela terceira vez para tentar remediar seus ataques. Foi pior. O deputado, já demonstrando nervosismo, tentou dar outro sentido as palavras que acabara de pronunciar. 
 
A estratégia foi outro tiro no pé. Antes tivesse ficado calado, como é mais pertinente às suas limitações, ou fosse logo pedindo desculpas aos colegas pelos inoportunos ataques. 
 
No final das contas, Freitas piorou ainda mais o clima que já era ruim. Resultado, o governador Renato Casagrande encerrou o primeiro semestre do ano na Assembleia como começou, ou seja, em meio a uma crise. 

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