O Demonstrativo do Resultado Primário do governo do Estado, publicado nesta segunda-feira (30) no Diário Oficial do Estado, desconstrói o discurso do caos que vem sendo propagado pelo governador Paulo Hartung (PMDB) desde a campanha eleitora de 2014.
O documento deixa claro onde a lâmina da guilhotina do atual governo vem cortando mais fundo. O governo Paulo Hartung segurou os investimentos e praticamente parou o Espírito Santo. O resultado é que empresas, principalmente empreiteiras, estão quebrando. Sem capital de giro, o desemprego já virou uma realidade. Mas será que tudo isso é necessário?
O superávit primário nos dois primeiros meses do ano de R$ 630,48 milhões mostra que não. Apesar do caixa positivo, o governo Hartung investiu 34 vezes menos que o seu antecessor. O governo de Renato Casagrande (PSB) investiu R$ 151,06 milhões em janeiro e fevereiro do ano passado, contra R$ 4,43 milhões de Hartung — uma diferença de mais de R$ 146 milhões.
Antes de assumir o governo, Hartung alertava que a peça orçamentária do antecessor era uma “obra de ficção”. Ele usou o discurso para derrubar o orçamento do socialista e aprovar uma nova peça, segundo ele, realista.
Além de colar o selo de incompetente e irresponsável no antecessor, Hartung recorreu ao discurso para conscientizar a população de que precisaria adotar medidas amargas para reorganizar as finanças e recolocar o Estado no caminho do desenvolvimento.
De acordo com as declarações de Hartung, as estimativas de arrecadação da gestão anterior eram fantasiosas. O tom pessimista do atual governo previa uma queda acentuada na arrecadação, que comprometeria os investimentos, justificando o freio de arrumação tão severo.
O Demonstrativo do Resultado Primário de janeiro e fevereiro, porém, mostra que a queda de arrecadação entre 2015 e 2014 foi de 0,6%. O total arrecadado no período pelo governo do PSB foi de R$ 2.304,37 bilhões, já o atual governo apurou R$ 2.289,72 bilhões. Uma redução de pouco mais de R$ 14 milhões em comparação ao mesmo período ano passado.
A diferença está dentro do aceitável, já que o governo anterior concluiu o orçamento em setembro de 2014, quando a crise nacional não era uma realidade. O governo Dilma, em plena campanha eleitoral, represava a crise para evitar uma derrota nas urnas.
A crise que hoje assombra os brasileiros só começou a ganhar corpo do final de 2014 para cá. Considerando que a equipe do socialista não tinha a dimensão real da crise, a pequena queda na arrecadação de 2015 em comparação a 2014 confirmou que não havia nada de “ficcional” nas estimativas de Casagrande em relação aos valores arrecadado em 2015.
Os números do Demonstrativo do Resultado Primário confirmam que Hartung e equipe “fabricaram” deliberadamente um discurso apocalíptico para desconstruir a gestão do governo do PSB. As finanças herdadas de Casagrande não estavam desorganizadas, como alegou Hartung, tampouco a saúde financeira do Estado justifica a estagnação abrupta dos investimentos do atual governo.
