Ainda não estão totalmente superados os arranhões no relacionamento entre o PPS, do prefeito de Vitória Luciano Rezende, e o PSB de Renato Casagrande, decorrentes de conflitos na composição de chapas majoritárias e proporcionais, e, também, pela formação de chapa contrária ao prefeito na disputa pelo comando da Câmara de Vereadores.
Nesta terça-feira (31), foram exonerados vários integrantes de cargos comissionados ligados a vereadores que integram a chapa contrária ao vereador Leonil Dias Silva, do PPS, candidato de Luciano na eleição da Mesa Diretora da Câmara, que será realizada em 15 de agosto, provocando um clima de tensão na prefeitura.
A medida atinge filiados do PSB e reacende o clima de insatisfação entre lideranças políticas, que esperavam ter superado o conflito depois de entendimentos mantidos entre dirigentes das duas siglas no último fim de semana, quando aliados de Luciano pediram a intervenção de Casagrande para superar o entrave.
Apesar do acordo, integrantes do PSB expuseram as limitações no trato da questão relacionada ao controle da Câmara, que passa pela necessidade de alternância de poder e redução do controle excessivo que o PPS exerce no legislativo municipal.
O partido de Luciano Rezende controla a Câmara de Vitória desde o seu primeiro mandato, em 2014, ocupando a presidência, as comissões mais importantes e a maioria de cargos comissionados, que funcionam como moeda eleitoral para fortalecimento das bases eleitorais.
Com esse nível de controle, o Executivo consegue aprovar seus projetos sem que haja debates mais aprofundados e, ao mesmo tempo, impede que os poucos vereadores de oposição e até mesmo os de sua base de sustentação apresentem suas propostas.
O excessivo poder do prefeito na Câmara levou um grupo de vereadores a iniciar, no final de 2017, a formação de um bloco a fim de concorrer com o candidato do prefeito à Presidência da Mesa, que tomará posse em janeiro de 2019.
Essa diretoria terá a incumbência de encaminhar procedimentos no processo que elegerá o sucessor de Luciano Rezende, sendo o mais indicado, no cenário atual, o vereador Fabrício Gandini, ex-presidente da Casa e presidente do PPS estadual, candidato este ano a uma vaga na Assembleia Legislativa.
No dia 25 este mês, os vereadores da “rebelião”, como o bloco é chamado, estiveram reunidos com Luciano Rezende, mas não chegaram a um consenso e mantiveram a posição, apesar das pressões que sofrem desde o final de 2017, quando o movimento foi iniciado.
Os vereadores Sandro Parrini (PDT), Cleber Felix (PP), Natan Medeiros (PSB), Davi Esmael (PSB), Dalto Neves (PTB) e Luiz Paulo Amorim (PV) formalizaram o registro da chapa no dia 26, penúltimo dia para as inscrições, que se encerraram no dia 27.
O grupo conta ainda com o apoio dos vereadores Mazinho dos Anjos (PDT) e Roberto Martins (PTB), alcançando a maioria dos 15 vereadores da atual legislatura. Dos oito, sete estão no exercício do primeiro mandato e defendem a redução do controle do PPS, mas não se declaram de oposição ao prefeito.