Grupo de Hartung aposta em Luiz Paulo para se transferir do governo para prefeitura
Caso Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) confirme o favoritismo e saia vencedor da disputa pela prefeitura da Capital, terá que entregar uma parte generosa da administração para Paulo Hartung (PMDB), como paga pelo apoio do ex-governador e seu grupo à campanha do tucano.
Na festa do PSDB da última quinta-feira (30), no Clube Álvares Cabral, os hartunguetes (núcleo duro de Paulo Hartung) deram uma mostra que estão com o apetite voraz por cargos na administração do município.
Homens de confiança de Hartung, como o ex-secretário de Saúde e atual diretor de Administração e de Meio Ambiente da Cesan, Anselmo Tozi, assim como o presidente da Cesan, Neivaldo Bragato, acompanharam os passos do ex-governador de perto.
Além de estar representado na chapa tucana na condição de vice, com o também ex-secretário de Educação Haroldo Rocha, o grupo de Hartung, antes mesmo da apuração das urnas, não esconde que está, desde já, de olho nos cargos.
A voracidade dos hartunguetes parece assustar os tucanos. Se Hartung cobrar de Luiz Paulo o mesmo que cobrou de Casagrande, a conta por cargos vai às alturas, deixando os aliados e os próprios tucanos de fora da administração municipal.
O grupo de Hartung, que juntamente com o seu líder vem enfrentando desgaste no governo do Estado, precisa urgentemente arrumar um novo “banker” para se abrigar.
A perda de espaço do grupo de Hartung se acentuou com a eclosão dos escândalos de corrupção envolvendo o Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), autarquia vinculada a uma das secretárias mais estratégicas do governo anterior, a de Justiça, que movimentou, só com a construção de presídios (todos sem licitação), mais de meio bilhão de reais no governo passado.
Embora ainda não queira admitir publicamente, em função dos acordos firmados, que haja qualquer mal-estar com o seu antecessor, o governador Renato Casagrande vem diminuindo, veladamente, o espaço dos hartunguetes no seu governo.
Um exemplo foi a saída, em julho último, de Robson Leite da Chefia de Gabinete de Casagrande. Como todo mundo sabe, Robson Leite fazia as vezes de olhos e ouvidos de Hartung dentro do Palácio Anchieta. Sua saída foi um claro sinal de desterritorialização do ex-governador.
Outro exemplo pode ser notado no caso do escândalo envolvendo o Iases. É verdade que Casagrande se mantém à espreita, para depois não ser acusado de ter dado um empurrãozinho nas investigações. Mas nos bastidores se comenta que ele está disposto a dar a corda necessária para que as investigações avancem e desmantelem o esquema de corrupção montado na autarquia que, em última análise, é de responsabilidade do secretário de Justiça Ângelo Roncalli, outro remanescente do governo Hartung que começa a ficar mais vulnerável. Já se comenta, inclusive, que há uma investigação em curso para destrinchar os contratos da Sejus relacionados à construção e terceirização de unidades prisionais.
A experiência de Casagrande de entregar parte do seu governo a aliados de Hartung parece não ter sido exitosa. Repetir a experiência na prefeitura de Vitória, caso Luiz Paulo saia vencedor, será um grande desafio para os tucanos. Luiz Paulo terá que dar nó em pingo d’água para acomodar o grupo de Hartung, que é grande, no seu governo e ainda atender às demandas dos próprios colegas de partidos e aliados. Tudo isso sem despersonalizar seu governo. Porque, para todos os efeitos, os eleitores tucanos pensam que estão votando em Luiz Paulo.
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