Terça, 21 Mai 2024

???Hoje o PRP bate na porta dos partidos grandes e assusta o mercado???

???Hoje o PRP bate na porta dos partidos grandes e assusta o mercado???
Rogério Medeiros e Renata Oliveira

Fotos: Gustavo Louzada/Porã
 
O PRP capixaba parece ter descoberto uma fórmula eficiente para fazer com que o partido consiga driblar o duro jogo eleitoral do Estado. Com um quadro de candidatos sem grandes estrelas políticas e puxadores de voto, o coordenador do partido, Marcus Alves, conseguiu, na base da matemática, montar uma estratégia que vem assustando os campeões em disputas. 
 
Nesta entrevista a Século Diário, Alves explica sua fórmula, fala dos planos audaciosos para 2014 e faz prognósticos bem otimistas para a Assembleia Legislativa, campo que já conseguiu surpreender em 2010, conquistando duas cadeiras. 
 
Para este ano, porém, o PRP quer voos mais altos. Com uma chapa completa, aposta na fórmula dos candidatos de apelo popular, mas a atenção na atração dessas figuras é um cuidado a mais para que a fórmula do equilíbrio não desande. 
 

  
 
Século Diário – Vocês chegaram no processo eleitoral de forma silenciosa e os próprios deputados estão apreensivos porque acreditam que o partido conseguirá três cadeiras na Assembleia. Então, queremos saber quem são vocês. Quem é Marcus Alves?
 
Marcus Alves – Marcus Alves é um lutador, que está coordenando o PRP, o presidente estadual é meu irmão, o Betinho [Alves], prefeito de Apiacá, com quem o PRP teve um crescimento muito forte nos últimos anos. Estamos no ranking partidário como o sexto partido no Estado. Recentemente, o DEM passou a nossa frente porque fez o prefeito de Guarapari [Orly Gomes], em uma eleição extemporânea. Estávamos empatados com o DEM e à frente de partidos grandes. Então, Marcus Alves coordena este projeto em 2006, fazendo o primeiro deputado estadual, Elion Vargas, que depois deixou a Casa para ser promotor. Foi uma surpresa...
 
– Foram quantos votos, sete mil? 
 
– Não, foram cerca de nove mil votos. Ele saiu e assumiu a suplência Dary Pagung, de Baixo Guandu. Então o projeto começou a se credibilizar. Em 2010, fizemos dois deputados estaduais. 
 
– Isso surpreendeu os meios políticos...
 
– Surpreendeu, mas a nós não. O grupo já sabia. Então, quando o mercado diz que podemos fazer três, ou quatro deputados, é verdade. Trabalhamos com um grupo de 90 candidatos a deputado estadual e o que mais importa para nós é que não estamos colocando as candidaturas femininas só para preencher a quota. Nós temos uma chapa de mulheres montada e mulher que tem votos, que estão disputando de igual para igual com os homens. 
 
– E como foi o processo de atração dessas pessoas para o partido?
 
– Foi um processo natural. Uma semente plantada em 2006, quando poucas pessoas acreditavam que um partido pequeno como o PRP cresceria desta forma. Ele cresceu, mas cresceu com estrutura. Foi a credibilidade que o partido ganhou no mercado político. A pessoa olha para um determinado partido e entende que ali precisará de 25 mil votos. O Marcus Alves coloca que ganha com 10, 12 mil votos. Virou uma atração. Tive, inclusive, que recusar pessoas que queriam entrar no partido. Tivemos que colocar um crivo para aceitar. Não são todos que vêm para o PRP que são aceitos. 
 
– E como é esse crivo?
 
–  O primeiro crivo é a bandeira. O PRP é um partido, mas se você esmiuçá-lo, vai ver que é dividido em segmentos. O segundo ponto é a quantidade de votos. Não pode ser nem muito voto, nem pouco. 
 
– E qual é a média que o partido trabalha?
 
– O mínimo é quatro mil votos e no máximo 10. Observamos a vida pregressa do interessado e a bandeira que ele traz consigo. Acredito que esta eleição será diferente no sentido de que o eleitor vai escolher mesmo aquele que o representa. Aquela época de comprar votos não vai ser mais possível. O PRP se antecipou a isso, procurando colocar em seus quadros pessoas que se identificam com bandeiras. Você tem o PRP Saúde, Negro, Mulher, Jovem, Sindical, Segurança e todos estes segmentos estruturados. 



 
 


– A façanha política já conhecemos, agora quem é Marcus Alves?  
 
– Eu fui comerciante. Venho do interior do Estado. Aprendi a gostar de política, entendendo que tudo acontece por meio dela. Senti que tinha como crescer através de lutas.
 
– E quando foi isso na sua vida?
 
– Isso foi acontecendo naturalmente. Você vai conquistando a credibilidade, confiança, leva tempo. E hoje o PRP bate na porta dos partidos grandes e assusta o mercado.
 
– Teve alguma experiência política antes de começar o trabalho no PRP?
 
– Eu fui candidato em 1998, tive a experiência de disputar pelo PTB, a deputado federal. Era muito novo na ocasião e vi que a política de bastidores seria mais exitosa para mim. 
 
– E teve quantos votos?
 
– Ah, eu tive dois mil e poucos votos. Eu tinha trinta e poucos anos, alguns levavam na brincadeira. Mas eu queria entrar. 
 
– Você é do Caparaó?
 
– Não, sou de Mimoso do Sul, sai de lá com 18 anos e vim para Vitória. Fui trabalhar como comerciante. No comércio tive uma relação com os empresários da construção civil de Vila Velha e me encantei com a política e vi que era possível construir uma política com “P”, que seria possível fazer um trabalho para colocar um candidato com poucos votos ganhando assim mesmo a eleição. Se observarmos os meus candidatos, se elegerão com poucos votos. Em 2010, os deputados do partido eleitos tiveram o menor número de votos entre os 30 eleitos. 
 
– 13 mil e 13,4 mil votos.
 
– E teve candidato que teve mais de 30 mil e não se elegeu. A gente tinha certeza que fazia. As pesquisas mostravam que se o PRP fizesse alguém seria um, mas nossos candidatos estavam muito tranquilos. Se você sentar com qualquer candidato meu hoje, ele vai dizer que o PRP faz seis deputados. E o que faz ter esta certeza é a chapa de mulheres. Eu tenho Sandra Shirley, que teve 12 mil votos. Tenho Sandra Gomes, Claudia Lemos. 






– Mas tem uma situação que sempre acontece nas eleições. Quando você lança uma chapa grande, no meio do caminho alguns desistem, enfraquecendo-a. Há uma perda de 35 a 40%...
 
– O meu diferencial é justamente esse. Todos os meus candidatos acreditam que vão ganhar a eleição. No nosso partido ele sabe que tem que alcançar oito mil votos e em outros partidos ele vai ter de conseguir 25 a 30 mil votos. Isso estimula o candidato. Com oito para cima já está eleito. 
 
– E para federal?
 
– O nosso diferencial este ano será a federal, porque na estadual todos já esperavam que o partido tivesse uma chapa forte. A nossa aliança está consolidada. 
 
– Isso que eu iria perguntar. Em 2010, vocês fizeram aliança para a estadual com o PTN e o PCdoB. Este ano vocês vão sozinhos?
 
– Não. Para colocar esse número de candidatos, pela lei eleitoral colocar a chapa sozinhos, você precisa de coligação e nós já temos este partido, que é o PPL e o nome da frente é “Espírito Santo que dá certo”. A surpresa para mim foi a gente sonhar em fazer uma chapa de deputado federal. Todo mundo achava impossível fazermos um vereador em Vitória, batemos na porta e fizemos. Igual deputado federal. Não é impossível, é quase. Então eu iniciei o projeto de montar a chapa e hoje nós temos 27 candidatos a deputado federal.  

 
– Quem são os puxadores de votos?
 
– Não há puxadores de votos. São candidatos de média de votos. Trabalhamos com 170 mil votos.
 
– Mas você não é candidato, não?
 
– Nem posso ser. Tenho muita gente para coordenar. Mas voltando à chapa de federal, foi uma surpresa para mim conseguir montar uma nos moldes da de 2006, uma chapa capengando, mas os candidatos tinham a total certeza de que faríamos um. Hoje nós temos um eleito e podemos fazer o segundo na sobra.
 
– Mas quem são os candidatos de destaque?
 
– É um caminhão de japonês. Trabalhando com essa lógica de 170 mil votos, se você tem 17 candidatos de 10 mil votos, faz um deputado federal. Essa história de 2010, na Assembleia, dos demais deputados terem mais votos que os meus dois deputados vai se repetir na federal. Tem candidato com 100 mil votos que vai perder para nós com 25 mil votos.
 
– Mesmo sem puxadores de votos, quando falamos em estadual você tem o Dary Pagung, a Sandra Gomes...e na federal, quais os nomes?
 
– Os nossos candidatos têm mais de 10 mil votos: Tonho dos Couros, humorista; Coronel Darós, que trabalho em várias partes dos Estado; Amancio Pícoli, produtor rural de Jaguaré; o ex-prefeito de Castelo, Cleone Nascimento. A bilheteira que encontrou a mala de dinheiro na Rodoviária. É uma incógnita. 
 
–Vocês trabalham com candidatos que tenham apelo popular, então?
 
– Que tenham bandeiras. 
 
– Quem mais?
 
– Ivan Salvador, de Linhares; Gustavo Pícoli, da Unimed; delegado Júlioi Sabino. Temos uma chapa completa. Temos nove mulheres na chapa. Estamos fazendo um projeto consciente. 
 
– A meta de vocês é surpreender na federal?
 
– Nós fomos surpreendidos na federal. A chapa surgiu da seguinte forma: foi como vestir uma roupa. Reunimos as pessoas que tinham essa capacidade de votos em torno de 10 mil, demos a roupa para provar e serviu. Em um partido grande, teria que ter 80 mil votos. Eles foram tomando consciência de números. Montamos esta chapa com 60 dias. 
 
– E vocês fazem coligação na federal com quem?
 
– Temos uma conversa adiantada com o DEM. Tive uma conversa com o prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda, e avançamos muito. Há ainda pontos pendentes para consolidar, mas se o que ficou em aberto se definir, é melhor para os dois. 
 
– Mas o DEM pode ter um puxador de votos. Se o deputado Theodorico Ferraço se definir pela federal, vai desequilibrar a chapa...
 
– Esta é uma das arestas a serem resolvidas. Nada contra a pessoa, mas isso desequilibraria a chapa. 
 
– E em que chapa majoritária cabe o PRP no Estado?
 
– O PRP é um partido independente. Nós temos a liberdade de trabalhar o projeto. Não vamos tomar uma decisão antecipada. Vamos esperar a hora de o jogo ser jogado para ver quem serão de fato os candidatos. O PRP se preocupou com a proporcional, em fazer chapa estadual e federal. Como o ano só começa depois do Carnaval, começa com um passo a frente. No dia 9 faremos um encontro do PRP Mulher.
 
– Mas ninguém procurou vocês?
 
– Nossa eleição passa longe disso, até porque moramos em um Estado pequeno  e não sei porque acontece isso de a eleição aqui ser decidida em Brasília. Aí você está conversando com um candidato ede repente muda tudo. Melhor é olhar para o nosso umbigo e lá na frente ver no que dá. A preocupação do PRP não é governador, é fazer de um a dois federais e de cinco a seis estaduais. 
 
– Alguns partidos montaram coligações com essa mesma proposta de buscar equilíbrio na chapa, mas parece que está desandando. Quando tem muito partido pode atrapalhar?
 
– Ainda temos muitos partidos de aluguel. Então isso se desfaz lá na frente. O partido que se prepara para coligar está condenado ao fracasso. O partido tem de ter chapa de candidatos, esquecer os outros partidos. A coligação é uma consequência do trabalho feito. Não achamos legal montar a coligação antes da chapa. Você vê coligações com 10 partidos e cinco candidatos. 
 
– Mas o deputado de vocês é Dary Pagung e ele é governista. Como será feita essa acomodação?
 
– Ele não é governista, ele é da base aliada, como ali todos são. O PRP é um partido em que as pessoas se sentem muito à vontade, mas a gente em casa pode resolver isso. Administramos isso e o Dary é muito compreensivo. 
 
– O partido tem quantas prefeituras?
 
– Temos três: Guima, em Pancas; Henrique Vargas, em São Gabriel da Palha; e Betinho, em Apiacá. 
 
– E o projeto para 2016?
 
– O projeto é fazer de 10 a 12. 

 


                                                                                                                            



 
– Como? Com os candidatos que estão disputando agora?
 
– Exatamente. As coisas vão dando certo. Você vai criando musculatura. O candidato vai ver o desempenho do partido e cria condições para garantir a entrada na disputa municipal. 
 
– Tem quantos vereadores?
 
– Temos 31 vereadores. Vários presidente de Câmaras, várias secretarias municipais. Está crescendo por si só.
 
– No município do seu irmão, como é o PRP?
 
– Lá ele fez o prefeito, o vice, dos noves vereadores fez cinco, e elegeu o presidente da Câmara. O pessoal antigo diz que ele fez barba, cabelo e bigode. Esta é a cidade mais republicada, perrepista do Brasil. 
 
– Essa dinâmica de trabalho é específica do PRP do Espírito Santo ou já é trabalhada pelo PRP nacional?
 
– O PRP deixa muito aberta esta questão. Promove seminários, já promoveu encontros nacionais aqui, com palestrantes. Ele deixa o partido no Estado muito à vontade. 
 
– Quantos deputados federais tem o partido?
 
– Três. 
 
– São de onde?
 
– Bahia, Rondônia...que é o Chico das Verduras, que ganhou a eleição em uma chapa como esta montada em Rondônia, com 1,8 votos. Eu fiz esta conta com ele em meia hora. É número, não tem como. Vamos eleger um pangaré, eleitoralmente falando, com 20 mil votos. E já está conversado com a nacional que este federal eleito pelo Espírito Santo será o líder do partido na Câmara. O PRP faz um deputado com pouco voto e ele não será baixo clero em Brasília. É um diferencial muito grande, porque não temos um candidato líder de partido na Câmara. 
 
– Desses federais, você aposta em quem?
 
– Não tem como apostar nem para federal e nem para estadual. Na eleição passada todos apostaram que Dary Pagung chegaria em primeiro, mas o Henrique, que nunca foi candidato a nada, venceu e chegou em primeiro e teve mais votos. Está muito equilibrado.
 
– E se acontecer esse fenômeno que está sendo esperado, de um grande número de brancos e nulos? 
 
– Aí a gente arrebenta a boca do balão...

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