Victor Coelho reivindicou crédito em macrodrenagem inaugurada por Ferraço
A inauguração de uma obra de macrodrenagem em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, tem movimentado as disputas políticas locais. Nesse sábado (9), o ex-prefeito Victor Coelho (PSB), atual secretário estadual de Turismo, comentou nas redes sociais o fato de a gestão do atual prefeito, Theodorico Ferraço (PP), não ter dado crédito a ele pela realização. Coelho citou como exemplo de “grandeza” uma situação do início de seu mandato, quando chamou o antecessor Carlos Casteglione (PT) para a inauguração de um conjunto habitacional construído durante a gestão do petista.
“Não tive a mesma honraria na cerimônia de entrega da macrodrenagem. Não tive direito a fala e não tem nenhum problema nisso. Não tenho essa vaidade. Pra mim, o que importa é o reconhecimento de moradores e comerciantes da região do bairro Nova Brasília. E como disse em várias entrevistas: faria mil vezes de novo, se fosse preciso. Meu nome não está na placa de inauguração da maior obra de drenagem da história de Cachoeiro, mas meu objetivo é ter o nome gravado no Livro da Vida!”, comentou.
O novo sistema de macrodrenagem realizado na Avenida José Félix Cheim (Linha Vermelha) e ruas adjacentes foi inaugurado no último dia 1º de agosto, com a participação do governador, Renato Casagrande (PSB) e do vice, Ricardo Ferraço (MDB) – filho do atual prefeito cachoeirense e pré-candidato a governador para 2026.
Prometendo acabar com um gargalo histórico de infraestrutura na região, o valor empenhado na obra chega a R$ 134,4 milhões, conforme dados do Portal da Transparência de Cachoeiro, apesar de o Governo do Estado falar em um investimento de R$ 63,5 milhões, o valor inicial do contrato, e ainda resta concluir parte das intervenções.
Durante a execução, Victor Coelho acumulou desgastes com os comerciantes do bairro Guandu, muito afetados pelos transtornos das obras. Sua gestão também não viu problema em botar abaixo o Shopping Popular e realocar vendedores ambulantes que estavam no meio do caminho das obras. A gestão de Ferraço chegou quando o trabalho já estava perto de acabar.
Durante a campanha eleitoral do ano passado – e também na postagem do fim de semana -, Victor Coelho elogiou a si mesmo por colocar para funcionar o “Elefante Branco”, o hospital que Theodorico Ferraço “inaugurou” na gestão anterior (2001-2004), mas que ficou paralisado por quase 20 anos.
Daqui a alguns anos, Ferraço possivelmente também terá o gosto de inaugurar um “elefante branco” deixado por Victor Coelho. Na mesma solenidade da obra de macrodrenagem, o governo estadual anunciou um convênio de R$ 13,1 milhões para a construção do Parque Urbano da Ilha da Luz, uma obra que a gestão de Coelho deixou paralisada.
Anunciado como secretário de Turismo no início do ano, Victor Coelho, um pupilo de Renato Casagrande, é cotado como candidato a deputado estadual no ano que vem. Já Theodorico Ferraço, em reta final de carreira política, sonha em ver o filho chegar ao Governo do Estado com o apoio de Casagrande, ainda não totalmente garantido. Disputas à parte, portanto, ambos compõem o mesmo grupo político a nível estadual.
Carta para o presidente Trump
No fim de julho, Theodorico Ferraço publicou em suas redes sociais uma “carta ao cachoeirense”, dizendo-se aliviado com a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tirar o setor de rochas do “tarifaço” contra o Brasil. Antes disso, ele já havia anunciado o envio de uma carta direcionada ao próprio Trump, fazendo um apelo para que o colega estadunidense revisse as suas medidas – e que viralizou nas redes sociais.
Acontece que a informação não é totalmente verdadeira. Apenas o quartizito foi retirado da taxação, um tipo de rocha que não é extraída em Cachoeiro, apenas beneficiada no parque industrial do município. Mármore, granito e ardósia continuam sujeitos à tarifa de 50%, o que poderá ter consequências sérias para um setor relevante na economia cachoeirense – e que dá sustentação ao projeto político de Ferraço.
