Quarta, 24 Abril 2024

​Justiça eleitoral cassa mandatos do prefeito e vice de Itapemirim

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O prefeito de Itapemirim (sul do Estado), Thiago Peçanha Lopes (Republicanos), e seu vice, Nilton Santos (Republicanos), tiveram os mandatos cassados nesta sexta-feira (5) pelo juiz eleitoral Romilton Alves Vieira Júnior, por abuso de poder e vantagem política em ano eleitoral. Além da cassação do diploma, Thiago pagará multa de cerca de R$ 25 mil e ficará inelegível pelo período de oito anos (sanção não aplicada ao vice, que não ocupava o cargo na gestão passada).

A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) foi impetrada pela coligação adversária de Thiago Peçanha nas últimas eleições, encabeçada por Doutor Antônio (PP), reunindo ainda os partidos Avante, PSB, DEM, PSD e Podemos. Para o magistrado, houve "abuso de poder tanto na modalidade excesso, quanto na modalidade desvio", decorrente da "utilização da Administração Pública para promoção de interesses pessoais".

A decisão se baseia nas contratações irregulares efetivadas no período eleitoral do ano passado, segundo o magistrado, "consideradas graves não somente pelas circunstâncias ínsitas à conduta administrativa apurada, mas tendo em vista o ambiente específico da disputa majoritária do município, cuja votação foi decidida por uma margem mínima consistente em 1.541 votos, diante de um universo de 26.930 mil votos válidos, o que representou uma vantagem, em termos percentuais, de 5%, relevando-se, em consequência, o efeito multiplicador da conduta alusiva aos atos admissionais precários em face dos núcleos familiares dos contratados".

A gestão municipal, como aponta o documento, teve o "quadro de servidores comissionados inflado em torno de 60%, contratados sem concurso, no decorrer do ano eleitoral".

Dr. Thiago, como é conhecido, foi reeleito em 2020, depois de um mandato-tampão por força do afastamento, em 2017, do então prefeito Luciano Paiva, do qual era vice. Sua gestão foi marcada por conflitos com a Câmara de Vereadores, que em 2019 decretou o afastamento das funções pelo prazo de 90 dias, decisão anulada posteriormente por meio de recurso judicial.

Entre as denúncias apontadas na ação, estão ainda medidas tomadas desde 2017, relacionadas a cargos comissionados; publicações em agosto e setembro do ano passado, no site institucional e no diário oficial eletrônico da Prefeitura de Itapemirim, de 18 notícias de publicidades de ações de sua gestão, bem como em redes sociais; realização de licitação; e execução de programa social em período eleitoral.


fato público e notório que Thiago Peçanha tomou posse de maneira interina no cargo de prefeito de Itapemirim em abril/2017 e em atitude eleitoreira a fim de proporcionar segurança jurídica aos seus 183 servidores ocupantes de cargo comissionado de maneira ilícita", diz a denúncia, apontando ainda que ele encaminhou, "em 28 de julho de 2020, à Câmara Municipal de Itapemirim, o Projeto de Lei Complementar nº 02/2020 (Doc. 22), "para a criação desses cargos que já estavam providos por sua nomeação ilícita". 

A Prefeitura de Itapemirim tinha 401 servidores comissionados em 2019, passando para 610 no ano passado, como detalha a decisão, "incluindo exoneração de alguns e contratação de 469 novos servidores comissionados, além do quadro de estagiários que aumentou em torno de 510%, passando de 171 servidores para 946, incluindo rescisão contratual de alguns e contratação de 881 novos estagiários, totalizando 1.665 servidores comissionados/estagiários nomeados, mais do que os próprios servidores efetivos (1.265)". Após 15 de agosto  de 2020, ocorreu ainda a "demissão de 47 estagiários e contratação de outros 20 estagiários, no período vedado do art. 73, V , da Lei nº 9.504/97".

Os fatos, conclui o juiz, "demonstram que o prefeito DR. Thiago Peçanha Lopes, ora candidato, utilizou-se da estrutura da administração pública das mais variadas formas para obter vantagem na campanha eleitoral do ano de 2020, o que se mostrou bastante eficaz, inclusive com a sua reeleição para o cargo".


Recursos

Nota do advogado Gabriel Quintão Coimbra, que defende Thiago Peçanha, divulgado na noite desta sexta-feira, afirma que a sentença ainda não foi publicada e, por se tratar de primeira instância, ainda cabem recursos, mantendo o prefeito e o vice nos cargos até os julgamentos finais. Ele afirma que é a segunda decisão em menos de um mês, ressaltando que a cassação é "medida extrema, que não pode ser banalizada, sob pena de afronta à democracia e ao voto popular".

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Comentários: 1

Denaiza Paulo dos Santos em Terça, 27 Abril 2021 10:24

A maioria não votou em Antônio, se cassar o vice e o prefeito outras eleições ou o presidente da câmera no poder, falta de respeito com o povo itapemirinense

A maioria não votou em Antônio, se cassar o vice e o prefeito outras eleições ou o presidente da câmera no poder, falta de respeito com o povo itapemirinense
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