Quinta, 02 Mai 2024

Lá e cá, partidos começam a mexer as peças do tabuleiro eleitoral de 2014

Lá e cá, partidos começam a mexer as peças do tabuleiro eleitoral de 2014

Renata Oliveira e Nerter Samora 





A curta semana de carnaval revelou uma movimentação grande nos bastidores de lideranças e partidos em busca de posicionamento político para a eleição de 2014. Papo de Repórter analisa as movimentações na base do governador Renato Casagrande. 



Renata – Nerter, a semana pós-carnaval foi bem curta, mas trouxe alguns elementos que certamente vão influenciar e muito no processo eleitoral do próximo ano. No Estado e em nível nacional a movimentação de lideranças e partidos deixa bem claro que o processo de construção dos palanques de reeleição de Dilma Rousseff e Renato Casagrande já começou. Alguns movimentos, inclusive, já vislumbram além: não devem se concretizar em 2014, mas miram 2018. Os episódios foram muitos, vamos tentar analisá-los um a um.



Nerter – Podemos começar com o PDT, que vai ter novo comando a partir da ida de Sérgio Vidigal para o Ministério do Trabalho. Vidigal saiu da eleição 2012 magoado com o governador Renato Casagrande e com o PSB, por motivos óbvios. Mas daí a abrir mão de um quinhão no governo do Estado é uma coisa bem diferente. Vidigal deixa a presidência da legenda no Estado, mas deve influir na escolha do substituto. Este aliado vai sentar à mesa com o governador Renato Casagrande e discutir a parte que cabe ao partido no palanque de reeleição. Preterido em 2010, Vidigal pode querer mais espaço. A necessidade de a presidente Dilma Rousseff em se reaproximar do partido nacionalmente para evitar a candidatura de Cristóvam Buarque em 2014, pode também facilitar essa negociação no Estado.



Renata – Quem também vem pressionando o governo Casagrande para conseguir mais espaço é o PR, do senador Magno Malta. Ele começa rodar o Estado agora, depois do Carnaval, para testar suas condições eleitorais. Isso pode levar o governador a avaliar o espaço também do PR, outro partido importante para o palanque de reeleição. Mas a grande discussão mesmo deve ficar entre PT, PMDB e PSB. Os três partidos são os mais importantes para a sustentação do palanque do governador, mas as movimentações nacionais devem ser acompanhadas com cautela.



Nerter – Pode ser, mas esse balão de ensaio do Eduardo Campos (PSB)  já começa a murchar antes de ganhar atitude, não é? Pernambuco foi um dos estados que mais receberam apoio do governo federal e duvido que o governador de lá tenha realmente a intenção de se lançar à presidência da República com um partido do tamanho do PSB. Não desmerecendo o partido, mas é preciso criar musculatura para um voo como esse. Pelo menos para este momento. Penso que uma candidatura de Campos beneficiaria muito mais ao senador tucano Aécio Neves (MG) do que aos interesses dos socialistas. Só que o esperneio do pernambucano pode acabar rendendo a ele um cargo de vice, se o governo federal conseguir aplacar a voracidade do PMDB por cargos.



Renata – De qualquer forma, as movimentações nacionais devem acender um sinal de alerta no Palácio Anchieta. Casagrande tem como vice um petista e em 2010 apoiou um peemedebista ao Senado. Se tudo andar dentro do esperado, deve apoiar João Coser, do PT para o Senado e negociar a vice com o PMDB. Até porque se inverter a ordem vai ter problemas. No PMDB a discussão pela vaga de Senado seria complicada. A deputada federal Rose de Freitas já mostrou interesse, mas o grupo do ex-governador Paulo Hartung não vai querer facilitar a vida dela para essa disputa.



Nerter – Se bem que o PSDB andou assediando a Rose. Mas se a deputada decidir fazer essa troca de partido pode complicar ainda mais a entrada dela na disputa pela vaga ao Senado. Rose, que já saiu desgastada da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados, entrando em um partido em franco desgaste político como o PSDB no Estado, pode prejudicar ainda mais seus planos eleitorais. Mas quanto à acomodação de PT e PMDB no palanque de Casagrande, tem que saber também o que Paulo Hartung vai querer, não é?



Renata – É verdade. Dificilmente Hartung disputaria o Senado, a não ser que conseguisse negociar tudo com antecedência, sem precisar correr riscos. Mas não sei se ele vai querer entrar em um campo em que não conseguirá se destacar.  Andou lançando uns balões de ensaio para o governo do Estado, mas isso eu acho ainda mais difícil. Aceitar ser vice de Casagrande é algo impensável, mas certamente o ex-governador vai querer influir nessa discussão eleitoral, mas ele não adianta seus movimentos políticos e só deve fazer alguma sinalização no próximo ano.



Nerter – Outra movimentação importante para o Estado é o início da discussão sobre o novo partido, liderado pela ex-senadora Marina Silva. É importante porque em 2010 ela venceu o primeiro turno em Vitória e seu prestígio pode render às lideranças do núcleo capixaba algum respaldo. Se bem que político mesmo, o núcleo conta mesmo com o ex-prefeito de Colatina, Guerino Balestrassi e as análises nacionais afirmam que a preocupação principal da ex-senadora é pavimentar sua candidatura à Presidência da República e que não vai puxar candidaturas ao Senado nem ao governo. Pode dar muito certo, mas pode dar completamente errado. Então, o jeito é aguardar.



Renata – Uma outra movimentação que também pode ter influência na eleição de 2014 não aconteceu no campo partidário, mas sim, judicial. Já se passou um mês da prisão dos ex-prefeitos na Operação Derrama. Algumas dessas figuras poderiam estar disputando vagas na Assembleia Legislativa ou até mesmo na Câmara dos Deputados no próximo ano, mas à medida que o tempo vai passando eles permanecem na prisão, vai ficando mais complicado limpar suas barras. Vai ser difícil resgatar capital eleitoral com e essa situação.



Nerter – É importante lembrar que os ex-prefeitos investigados estavam muito bem cotados para futuras disputas. Em Linhares, Guerino Zanon (PMDB) poderia repetir o bom desempenho que o levou à Assembleia como o mais bem votado no pleito de 2006. Enquanto no litoral sul, Edson Magalhães (sem partido) e Edival Petri (PMDB) poderiam ter eleições fáceis, assim como Theodorico Ferraço (DEM), que apesar de ter se livrado momentaneamente de figurar na Derrama, pode sair machucado do escândalo, ainda mais se o procurador-geral de Justiça, Eder Pontes da Silva, prestar atenção nos elementos que surgiram nas investigações.



Renata – É verdade. Então é bom que fiquemos bem atentos nos próximos capítulos, já que aquela história de fila não existe mais. E que se mexam as peças deste tabuleiro político!

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sexta, 03 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/