Quinta, 18 Abril 2024

Lideranças capixabas consideram Bolsonaro desumano por deboche a mortos

sergiomajeski_heldersalomao_leosa Leonardo Sá

Insensível, desumano, irresponsável e um ser humano muito ruim. Esse é o retrato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) construído por lideranças políticas do Estado nesta quarta-feira (29) para repudiar as declarações que ele deu ao responder pergunta de uma jornalista sobre o novo recorde no número de pessoas mortas pelo coronavírus no País.

No dia anterior, na saída do Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente falou: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", disse em referência ao próprio sobrenome, mostrando-se insensível ao número de mortes, que já havia ultrapassado o número de vítimas da doença na China. O presidente completou que não poderia fazer nada.

Nessa terça-feira, segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, o número de mortes confirmadas por Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus, ultrapassou a marca dos cinco mil, chegando a 5.017. Na China, são 4.643.

As declarações do presidente obtiveram forte repercussão e acirraram os ânimos em Brasília, agravados com a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da Polícia Federal por ato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. 

O ministro justificou a medida na denúncia do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, de interferência do presidente em investigações desenvolvidas pela Polícia Federal para preservar interesses de seus filhos, e considerando que Ramagem mantém relações pessoais com a família presidencial. À tarde, o presidente recuou e desfez a nomeação.  

Para o deputado federal Helder Salomão (PT), Bolsonaro mostra insensibilidade, pois não se importa com a vida, é frio e calculista. “Não se espera milagres, mas que ele se importe com a dor do outro. No entanto, o governo está paralisado, estimulando aglomerações, o que demonstra que o presidente é um irresponsável. Tanto é assim que briga com todo mundo”, comenta o parlamentar, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.  

Helder acredita que a situação no Brasil tende a se agravar, pois “o presidente não está nem aí para o Brasil”. O parlamentar cita a demissão/denúncia do ex-ministro Sergio Moro, sexta-feira passada (24), para afirmar que o autoritarismo de Bolsonaro ficou mais uma vez evidenciado quando ele disse: “Eu sou a Constituição”, parafraseando o rei da França Luis XVI, que foi guilhotinado durante a Revolução Francesa, no Século  XVIII.

Lembrou dos vários pedidos de impeachment e destacou projeto em andamento no Congresso que, no caso de afastamento o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) assume, mas terá que convocar novas eleições. “O discurso de ódio e a intolerância do presidente aprofundam o desgaste e fazem crescer o movimento Fora Bolsonaro e Mourão também”. 

Já o senador Fabiano Contarato (Rede), lamentou: “Como "e daí"? A falta de solidariedade com os brasileiros é impressionante! Dói no coração! Mas o que podemos esperar de um presidente que chama coronavírus de gripezinha, incentiva aglomerações e participa de atos que atacam a democracia? Infelizmente, nada!”. 

A Rede também questionou no STF a nomeação de Alexandre Ramagem para a Polícia Federal. O senador Fabiano Contarato assina a ação como advogado, justificando o ato pela “Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF)”. 

O deputado estadual Sergio Majeski (PSB) também questionou a postura de Bolsonaro: “Quando um presidente de uma nação de mais de 200 milhões de habitantes, com graves problemas e em meio às tragédias causadas por uma pandemia da magnitude dessa que enfrentamos, faz declarações desse tipo, demonstra que não é digno do cargo que ocupa”. 

E prosseguiu: “Demonstra que é um ser humano muito ruim, sem um mínimo de empatia, altruísmo, civilidade, humanismo e bom senso. Eu e minha família estamos ainda sem chão pela perda da minha cunhada de 52 anos no último sábado, vítima da Covid 19. Rezo para que o presidente e nenhum outro brasileiro tenha que passar pelo que nós estamos passando".


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