Sexta, 03 Mai 2024

Magno Malta: a pedra no caminho da unanimidade

Magno Malta: a pedra no caminho da unanimidade

Renata Oliveira e Nerter Samora



O governador Renato Casagrande (PSB) e o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) tentam eivar o palanque do senador Magno Malta (PR), mas não tem argumentos para convencer o governo federal a não apoiar o republicano. Papo de Repórter analisa as movimentações da semana visando a eleição de 2014.



Renata – A semana foi bastante movimentada pelos atores políticos que buscam posicionamento para a disputa eleitoral do próximo ano. O principal nó continua sendo o cenário nacional confuso e indefinido. No Estado, porém, o elemento que mais chamou a atenção veio do PR. A movimentação dos insatisfeitos deixou clara a impressão de que o interesse na manutenção pela mídia de uma crise interna, tinha por objetivo pressionar o senador Magno Malta a desistir da possibilidade de disputar o governo do Estado no ano que vem, mas a entrada do presidente nacional do partido, o senador Alfredo Nascimento na história, mudou o rumo da conversa. Com o apoio da nacional, Malta saiu fortalecido do episódio. Deixou claro também que o projeto de disputar a eleição para o governo está mais maduro do que se imagina.



Nerter – Temos que avaliar que alguns nomes realmente perderiam com a candidatura de Malta. A tendência é que o partido não consiga um amplo campo de apoio, o que pode prejudicar a chapa proporcional, por isso algumas lideranças, de olho na disputa de deputado federal, como o secretário de Esportes Vandinho Leite (PR), poderiam não conseguir o índice de votos necessários para se eleger. Mas a insatisfação tomou forma de repressão a Magno. Ação com a qual ele não lida bem. Sob pressão, o senador tende a reagir, o que deixou seus adversários com a pulga atrás da orelha.



Renata – No Palácio Anchieta, a candidatura de Magno Malta é tratada com o tamanho que ela tem. O senador, com um 1,2 milhão de votos é um forte candidato ao governo, e se tiver alguns minutinhos de TV, vai, com seu discurso conservador, encontrar muitos simpatizantes no eleitorado. Mas o grande problema nessa história toda é o cenário nacional. Casagrande é do PSB e o PSB, até que se prove o contrário, tem candidato a presidente no próximo ano. Essa ideia de que vai montar um palanque independente e unânime no Estado é ilusão. Um desejo quase platônico que habita a cabeça do governador.



Nerter – Por mais que tente manter o que ele chama de neutralidade, a imagem do governador é identificada com o presidenciável socialista Eduardo Campos e a campanha será tocada pelos socialistas que estarão no palanque de Casagrande. Mas como o governador vai lidar com os outros aliados de presidenciáveis em seu palanque? Além de Dilma e Campos, Casagrande também se aproxima do PSDB, que deve disputar a eleição com o senador mineiro, Aécio Neves, e cogita ainda a atração da Rede, da ex-senadora Marina Silva. O palanque vai ficar congestionado e insustentável para uma aparente neutralidade. Como Casagrande vai lidar com o inevitável conflito das lideranças em seu palanque? Vai ter muito casamento na delegacia.



Renata – Ainda no sentido de esvaziar a candidatura de Magno Malta, o PT andou ensaiando anunciar um palanque próprio ao governo. Mas o ex-prefeito de Vitória, que seria o puxador do palanque, não tem a densidade necessária para dar o espaço eleitoral do tamanho que Dilma precisa no Estado. A outra possibilidade seria uma aliança com o PMDB, com a candidatura de Ricardo Ferraço ao governo e Paulo Hartung ao Senado. Bem, ai temos um outro problema de viabilização. Os três fazem parte do mesmo grupo político que deixou Dilma e Lula na mão nas eleições passadas. Em 2010, o PT tinha o candidato a vice na chapa palaciana, mas campanha para a presidente não houve por parte do então governador Paulo Hartung e nem pelo então candidato Renato Casagrande, que pulou fora do barco no segundo turno, alegando que, na condição de governador eleito, preferia se manter neutro. Em cima do muro mesmo.



Nerter – Dilma já mandou o recado de que só confia no palanque do Magno Malta, até porque na eleição passada ele foi o único desses atores políticos que trabalho duro, de verdade, pela candidatura da petista. Além disso, ele oferece um palanque exclusivo para a presidente e é isso que Dilma, Lula e a cúpula do PT querem no Estado. O fantasma da vitória de Marina Silva nos colégios eleitorais mais importantes do Estado e a antipatia do eleitorado capixaba com o projeto petista desde a época de Lula, necessitam de um palanque dedicado ao fortalecimento da candidatura da presidente e com um nome no comando que tem habilidade retórica para vender o produto Dilma. E isso, o Malta tem.



Renata – Há, claro, dificuldades para o Malta colocar o bloco na rua também. Embora Casagrande não tenha a mesma forma de manter os partidos na orbita de seu palanque, que seu antecessor, muita gente quer ficar no grupo do governador. Boa parte dos 15 partidos que formam a base política de Casagrande querem permanecer no grupo, porque entendem que esse sistema mantém as lideranças no poder. Com isso, o arco de apoio do PR ficará restrita. O PSC, que sempre foi uma espécie de extensão do partido do senador no Estado, estará com ele e, provavelmente, o PDT do amigo Sérgio Vidigal também. Malta deve atrair, ainda, os partidos menores que sempre atuam como força auxiliar, ficando sem espaço na unanimidade. Mas esse grupo não deve ser grande e nem tampouco oferecer um tempo de TV significativo para o senador.



Nerter – Mas não devemos subestimar a capacidade do senador em lidar com adversidades. A eleição de 2010 foi um exemplo disso. Mesmo com um cenário bastante adverso, ele se elegeu com mais de um milhão de votos. E mais, o Malta não tem nada a perder. Ele tem mandato até 2018, o partido na mão, apoio da nacional e simpatia do governo federal.



Renata –  Pois é. Malta é uma pedra enorme no caminho da reeleição de Renato Casagrande e do projeto político do grupo do ex-governador Paulo Hartung. Por isso mesmo ele estão correndo atrás dos interlocutores da presidente Dilma para tentar reverter a situação. Mas as mágoas do passado não foram esquecidas pela cúpula do PT nacional e as juras de amor de Casagrande e Hartung não convencem mais. O jeito vai ser enfrentar Magno Malta e decidir no voto o comando do Estado.

 

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