Quarta, 01 Mai 2024

Maio começa com palanques em processo de definição no Estado

Maio começa com palanques em processo de definição no Estado
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
A partir de meados de abril o processo eleitoral no Estado ganhou uma nova configuração e a movimentação é intensa. Mas, curiosamente, o foco da classe política passou a ser a disputa pelo apoio de PT e PSDB. Papo de Repórter analisa o papel da dicotomia e da influência da disputa presidencial no Estado.
 
Nerter – No próximo dia 15, Renato Casagrande e Paulo Hartung devem confirmar suas candidaturas ao governo do Estado. Se Magno Malta (PR) entrar na disputa, a eleição será de dois turnos, mas isso é incerteza. Já Guerino Balestrassi (PSDB) não muda em nada o processo, já que também faz parte do jogo e deve sair da disputa por causa do acordo por cima entre Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). E mesmo que ficasse se esforçando para dizer que é candidato para valer, já ganhou o rótulo de laranja nos meios políticos, e aí fica difícil desdizer. Mas, protagonistas à parte, as dúvidas mais contundentes das arrumações dos palanques recaem nos coadjuvantes, sobretudo na disputa pelos apoios de PT e PSDB. Aí entram interesses que vão além dos palanques estaduais.
 
Renata – É verdade. Com dois palanques fortes, se o PT fechar acordo com o palanque de Paulo Hartung, no PMDB - e agora não vejo outra saída para o partido -, acaba empurrando o PSDB para o grupo de Renato Casagrande. A dicotomia que se dá em nível nacional vai utilizar as candidaturas colocadas aqui para reproduzir o antagonismo entre a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição e todo o projeto petista, contra a oposição ferrenha de Aécio Neves e o ninho tucano, que nesta empreitada conta com a candidatura de Eduardo Campos como um peso extra no campo da oposição. 
 
Nerter – Neste contexto, a disputa nacional se regionaliza nas campanhas ao Senado, com Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) rivalizando com João Coser (PT). Os tucanos conversam com Casagrande, mas precisam vencer o racha interno, que aliás tem sido identificado em todos os partidos, a partir da divisão de poder dentro da unanimidade. O presidente do partido, deputado federal César Colnago, tende para o lado de Hartung, mas é minoria. O posicionamento do PSDB, na verdade, depende dos movimentos do PT, mas o PT depende do movimento de Hartung, que não quer assumir a candidatura de risco de Dilma Rousseff no Estado. Mas tudo isso deve ser resolvido na reunião da Executiva tucana nesta segunda-feira, quando Colnago e Balestrassi devem ser  "enquadrados".
 
Renata – Hartung adia a definição pelo palanque de Dilma, assim como Casagrande protela em assumir a candidatura de seu presidenciável Eduardo Campos. Mas uma hora os dois vão ter de se posicionar e esta hora está chegando. Daqui a pouco chegam as convenções partidárias e aí não tem como enrolar. Mas há um detalhe a ser destacado. Quando Luiz Paulo diz que é um sonho de consumo enfrentar João Coser na disputa ao Senado, confesso que fico preocupada com a intenção por trás dessa afirmação. Luiz Paulo vai querer fazer o enfrentamento do projeto do PT em nível nacional ou vai chamar Coser para um comparativo das gestões à frente da Prefeitura de Vitória de ambos? Se for esse o motivo, o debate fica empobrecido e equivocado. Uma disputa ao Senado não pode se basear apenas no ajuste de contas de um município. Afinal, um senador representa o Estado e não a Capital do Estado. 
 
Nerter – Quem pode se dar bem nessa história é o delegado Fabiano Contarato (PR). Mas também há poréns em sua candidatura. Caso Luiz Paulo e Coser radicalizarem a disputa ao Senado, ele pode correr por fora e se apresentar como alternativa. Ele tem um capital eleitoral muito consistente para quem nunca disputou uma eleição e foi escondido pela imprensa depois de passar a integrar os quadros do PR, de Magno Malta. Mas, paradoxalmente, para que ele consiga se afirmar como candidato realmente alternativo, precisa se afastar de todas as movimentações eminentemente políticas, inclusive do PR. Precisa não se contaminar com o jogo político já existente, se quiser mesmo explorar essa ideia de candidato das redes sociais.
 
Renata – Esta semana, que foi curta, entrecortada de feriados, o que chamou a atenção mesmo foi a reação do pacato Gerson Camata (PMDB). Nos meios políticos, ecoam insatisfação do casal Camata com a política atual do Estado. Atual, não, na verdade o chamado “Casal 20” da política capixaba foi diminuído pela ação de Hartung nos meios políticos. Privilegiando sempre seu seleto grupo, ele provocou a desidratação da grive Camata. Agora, o PMDB cobra do ex-senador uma postura de agradecimento a Hartung, mas isso não cabe. 
 
Nerter – Eu não sei se Camata vai mesmo sair do PMDB, mas essa movimentação dele mostra como andam as coisas no partido. Há uma divisão clara entre o grupo de Hartung e os históricos. Evidentemente que uma liderança política que coloca o nome à disposição do partido tem condições de cobrar fidelidade partidária, mas o histórico de Hartung sempre contrariou a política de partido, então fica difícil cobrar uma postura dos aliados que ele mesmo nunca teve. 
 
Renata – Apesar de haver uma movimentação muito grande, inclusive de parte da imprensa, para dar um tamanho político a Hartung que ameace firmemente a candidatura à reeleição de Renato Casagrande. A situação não é bem assim. É claro que a candidatura de Hartung é muito competitiva e ele tem condições de travar um debate duro e uma disputa acirrada contra Casagrande, mas não tem esse tamanho todo. Pelo menos não em condição de desbancar os aliados do palanque de Casagrande e reunir a unanimidade em torno de sua candidatura. Depois de quatro anos na planície, as lideranças políticas estão divididas, mas não é todo mundo que tem saudades do governo Paulo Hartung.
 
Nerter – E quando o governador consegue colocar do seu lado o senador Ricardo Ferraço (PMDB) e o ex-governador e ex-senador Gerson Camata, o peso desequilibra a disputa. Isso não significa, evidentemente, que Casagrande está reeleito. Se Paulo Hartung realmente rivalizar a eleição com ele, teremos uma disputa eleitoral dura. 
 
Renata – Dura, sim. Mas como afirmou o ex-governador Max Mauro (PTB), em termos de democracia, não muda nada. Será apenas uma dura disputa de poder entre duas lideranças que fazem parte do mesmo grupo. 

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Quinta, 02 Mai 2024

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