Um dos mais atuantes parlamentares na liberação de verbas federais às prefeituras, em decorrência de seu livre trânsito nos gabinetes oficiais de Brasília, o deputado federal Marcus Vicente, presidente do PP no Estado, se manteve como um dos vice-presidentes da Confederação Brasileia de Futebol (CBF) na eleição do novo presidente, Rogério Caboclo, ocorrida nessa segunda-feira (16).
Com uma longa história entre os cartolas do futebol no Brasil e grande influência na Federação Capixaba de Futebol, Marcus Vicente sobe também no ranking de lideranças mais cobiçadas no Estado, por conta do montante de recursos financeiros que ele controla.
Vicente gerencia a distribuição dos recursos do Fundo Partidário, que este ano destina ao PP, em nível nacional, aproximadamente R$ 160 milhões por ser dono da segunda maior bancada na Câmara Federal, com 54 deputados. Nesse contexto, o partido deverá eleger dois deputados federais. Além de Vicente, são candidatos à Casa o também deputado federal Evair de Melo, e o vereador de Viana, Cabo Max.
Marcus Vicente estava cotado inicialmente para concorrer à presidência da entidade máxima do futebol nacional, mas preferiu continuar recebendo os R$ 15 mil mensais como vice-presidente, com a obrigação de participar apenas de uma reunião da CBF por mês.
Desta forma, o deputado engorda seus vencimentos com o salário de deputado, de R$ 33 mil, que somam R$ 48,7 mil, fora as verbas de auxílio a que tem direito todos os deputados federais.
Como apoiador do presidente eleito da CBF, Vicente amplia seu raio de influência junto ao bloco do presidente afastado por denúncia de corrupção, Marco Polo Del Nero, que impedido de disputar a eleição, articulou a vitória do paulista Rogério Caboclo, seu antigo aliado, mantendo o mesmo bloco no comando da entidade.
As articulações de Del Nero, que deve ser banido do futebol pela Fifa, conseguiram derrotar o senador Romário (Podemos-RJ), que denunciou irregularidades no processo eleitoral à Procuradoria Geral da República (PDR), pedindo a suspensão da eleição.
O deputado Marcus Vicente surgiu nas cotações dos tumultuados bastidores da disputa pelo comando da CBF em 2017, devido aos problemas com Marco Polo Del Nero, acusado na Justiça dos EUA de ter recebido U$S 6,5 milhões em propinas.
Aliado de primeira linha do presidente afastado, Vicente já havia sido cotado como um substituto de Del Nero, mas as eleições deste ano o fizeram preferir manter uma das vice-presidências, com tempo para disputar a reeleição à Câmara Federal e aproveitar os frutos do trânsito livre no governo Michel Temer para emplacar emendas parlamentares.
O partido de Marcus Vicente, o PP, cresceu com novas filiações possibilitadas com a janela partidária, passando a ser dono da segunda maior bancada na Câmara. Vicente goza de influência em Brasília, que é capitalizada para ampliar dividendos políticos no Estado.