Quinta, 02 Mai 2024

Morte de Gushiken repercute no Espírito Santo

Morte de Gushiken repercute no Espírito Santo
A morte ex-ministro Luiz Gushiken, aos 63 anos, em São Paulo teve repercussão no Espírito Santo, pelas relações que ele tinha no Estado. A começar pelo o ex-governador Vitor Buaiz, que foi companheiro de Assembleia Nacional Constituinte; passando pelos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), o jornalista Rogério Medeiros e Perly Cipriano; até o economista Guilherme Lacerda, diretor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de quem foi colega de governo nos dois períodos de mandato do ex-presidente Lula. 
 
Gushiken foi responsável, no governo de Vitor Buaiz (1995 a 1998) pelo diagnóstico da situação do Banestes, na época em que a situação do banco era precária. Ele coordenou, no período que antecedeu a posse de Vitor, um núcleo técnico na Confederação dos Trabalhadores do Ramo Bancário (Contraf) que acabou originando um processo de recuperação do banco. Buaiz lembra que Gushiken era figura das mais importantes que passou pelo PT no governo Lula. 
 
O ex-ministro Comunicação Social do primeiro mandato do governo Lula era um dos poucos quadros partidários que o ex-presidente costumava ouvir. Como aconteceu, por exemplo, com a fórmula de antecipação dos royalties no início do governo Paulo Hartung, em 2003. Foi ele um dos responsáveis pela fórmula, junto com o governo estadual da época, com quem tinha boas relações. 
 
Com o jornalista Rogério Medeiros, no período em que militou na vida sindical nacional, através da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), os dois fizeram parte renovação dos sindicatos – Gushiken representando o Sindicato dos Bancários de São Paulo – na organização das oposições sindicais no País que resultou na substituição de diversos dirigentes sindicais oriundos do período da ditadura militar.
 
Rogério e Gushiken tinham no zen budismo algo em comum, tanto que a morte dele levou, no sábado (14), o Mosteiro Zen Morro da Vargem, em Ibiraçu, no Espírito Santo – o mais antigo da América Latina – a realizar um culto em sua memória. 
 
Seu companheiro de PT, o subsecretário Estadual de Direitos Humanos, Perly Cipriano registrou que “Luiz Gushiken um homem íntegro, digno, coerente, sensível e valente até no dia de sua morte. O Brasil perde muito, perde o militante de esquerda que foi líder sindical, fundador e dirigente o PT, parlamentar e ministro”. 
 
Perly também salientou a doença que levou Gushiken produziu sofrimento nele nos familiares, nas pessoas amigas e nas companheiras. “Mas, certamente o sofrimento maior que ele viveu foi o comportamento de parte da mídia com denúncias caluniosas, infundadas e irresponsáveis. E também aqueles que no STF [Supremo Tribunal Federal], na busca de holofotes mantiveram seu nome entre os acusados, da Ação Penal 470”. 
 
Já Guilherme Lacerda, que no governo Lula foi um dos mais próximos de Gushiken, assinou um artigo. No texto Lacerda diz que “muito mais do que uma referência política, Gushiken foi uma pessoa ímpar, amiga, sempre solidária, leal, enfim, foi um ser humano na maior e mais profunda acepção do termo”.  
 
Leia abaixo o artigo de Guilherme Lacerda. 
 


A PARTIDA DE UM SAMURAI
 
Na última sexta feira (13) nosso amigo Luiz Gushiken partiu.
 
Assim como viveu toda a sua vida, seguiu com coragem e dando um grande exemplo de dignidade humana.  Partiu como um Samurai, com honra! Ele foi um herói, uma pessoa de invejável lucidez política que não se omitiu perante a história; que no momento mais difícil do governo Lula, quando o seu time era alvo de ataques de todos os lados, deu o tom da reação, não aceitando a execração midiática e conservadora que agia com desenvoltura.
 
Como líder sindical e político, presidente do PT, deputado federal por vários mandatos, Constituinte de 1988, coordenador da campanha vitoriosa de Lula em 2002 e um de seus principais ministros, ele sempre se posicionou com firmeza do lado esquerdo, contrário ao “status quo”,  e deu uma grande contribuição para as conquistas sociais e políticas que têm transformado nosso País.
 
Mas Gushiken foi muito mais do que uma referência política, foi uma pessoa ímpar, amiga, sempre solidária, leal, enfim, foi um Ser Humano na maior e mais profunda acepção do termo, que sempre soube ouvir o coração daqueles que o procuravam. O seu equilíbrio interior, a sua maneira lúcida de encarar a realidade revelava-nos traços generosos da alma humana que nos motiva e acalenta e nos ajuda a dar um sentido maior a nossas vidas.
 
Em sua atuação política, Gushiken foi uma liderança  também alvo de pequenos profissionais da mídia nacional e de determinados titulares de Entidades públicas  que descuidaram em agir com o zelo e o respeito que se exige em uma sociedade democrática; e pior, nem tiveram a humildade de pedir desculpas depois, perante a constatação das injustiças perpetradas.
 
“Eu sou brasileiro e não desisto nunca”. Essa máxima que criou ainda no primeiro momento do Governo Lula é a que mais lhe veste bem. Sim, ele foi um grande brasileiro, com B maiúsculo, sensível a fazer o bem e corajoso para enfrentar as realidades, por mais que elas fossem hostis.
 
Gushiken sempre teve um carinho especial com o Espírito Santo. Nos momentos difíceis da história política do Estado quando seus companheiros enfrentavam ataques de todos os lados,
ele era diferente, nunca abandonou o barco e sempre acolheu e recomendou caminhos.  E nos últimos tempos sempre manifestava seu interesse em saber como as pessoas estavam e para onde o barco seguia...
 
E assim ele foi...  
 
Valeu Gushiken!




 

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