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Mulheres ainda dependem dos homens para conquistar espaço na política

A redução do número de prefeitas nas eleições deste ano (de nove para quatro), em relação às eleições de 2012, não é o único problema na garantia do espaço às mulheres na política. As gestoras que começam a governar em 2017 não conquistaram um lugar ao sol por conta própria, a maioria esmagadora recebeu ajuda de aliados políticos para conquistar seus mandatos. Se não de forma direta, as prefeitas tem dependência em algum momento de aliados homens.

Exceção à regra nesta eleição ocorreu em Montanha, no norte do Estado. Independente de seu antigo mentor político, o ex-prefeito Hércules Favarato, a prefeita eleita de Montanha, Iracy Baltar (DEM), já pode dizer que conquistou seu próprio capital. Até 2008, a então secretária de Educação do município nunca havia disputado cargos eletivos. Mas com o fim de sua gestão, o então prefeito Hécules Favarato decidiu emprestar seu prestígio político para a então aliada, que se elegeu prefeita em 2008.

Entretanto, o jeito próprio e independente de Iracy (à época no PSDB) de governar, não agradou Favarato, e os dois romperam politicamente. Em 2012, sem poder disputar a eleição por problemas com a Justiça Eleitoral, Favarato colocou o filho Ricardo Favarato na disputa. Ele se elegeu, mas acabou tendo uma gestão tumultuada, acusado de  prática de nepotismo.

Este ano, Hércules Favarato entrou na disputa para manter a supremacia dos Favarato em Montanha. Entretanto, mais uma vez, Hércules enfrentou problemas com a Justiça e teve o registro de candidatura cassado. Foi obrigado a apostar suas fichas novamente no filho. Mas o desgaste causado à gestão de Ricardo devido à ingerência do pai na administração, prejudicou a reeleição do prefeito. Melhor para Iracy, que deu o troco no clã dos Favarato e se elegeu com seu próprio capital.

Mas a realidade de Montanha foge à regra. O exemplo mais patente desse cenário de dependência às lideranças masculinas está no extremo sul do Estado. A prefeita reeleita de Presidente Kennedy, Amanda Quinta (PSDB), até 2012, era apenas a sobrinha do então prefeito Reginaldo Quinta (PMDB). Ela se tornou prefeita justamente em 2012, com o nome de urna do tio, que atrás das grades, não pôde disputar a reeleição naquele ano. Passou o bastão para a sobrinha de dentro da prisão, com planos de reassumir o comando do município assim que conquistasse liberdade. A liberdade veio, mas já era tarde. A sobrinha gostou do poder e não quis devolver o bastão ao tio-padrinho. Pior, tornou-se sua maior rival.

Este ano, Amanda venceu o tio na eleição. Mas nos bastidores os comentários são de que a vitória não significa que a gestão de Amanda superou de longe a de Reginaldo. O sucesso nas urnas de Amanda seria resultado da estratégia agressiva do noivo da prefeita, o secretário de Gabinete, Zé Augusto, que é quem de fato dá as cartas na administração municipal, ou seja, há um homem por trás da gestão de Amanda.

Em Guaçuí, a reeleição de Vera Costa (PDT) tem também a influência do ex-marido e principal aliado político, o ex-prefeito Luciano Machado (PSDB). Mesmo estando há 10 anos sem mandato, ele continua tendo importante influência na prefeitura. Se o casamento com a pedetista acabou, sua aliança política continua firme e ele teve grande participação na construção de seu palanque de reeleição no município.

Em São Gabriel da Palha, a prefeita eleita Céia Ferreira (SD), é aliada da ex-prefeita Raquel Lessa (SD), que por sua vez construiu sua chegada à prefeitura com o apoio do marido, o ex-prefeito Paulo Lessa. Os dois mandatos de Raquel a transformaram em uma importante aliada política, que hoje deixa o marido em segundo plano na visibilidade. Além do mandato de deputada estadual, Raquel tem influência política na região noroeste, mas divide com Paulo Lessa suas movimentações.  

 

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