Segunda, 29 Abril 2024

Nas brumas do cenário eleitoral, Ricardo Ferraço encontra uma saída

Nas brumas do cenário eleitoral, Ricardo Ferraço encontra uma saída
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
A semana foi muito confusa do no cenário político, mas as brumas prometem se dissipar até o fim do mês. Papo de Repórter analisa os efeitos das últimas movimentações das principais peças no tabuleiro eleitoral do Estado. 
 
 
Nerter – Esta foi uma semana de paradoxos políticos. As conversas de bastidores, a profusão de notícias, os desencontros das lideranças mostram que a situação está cada vez mais intrincada para a eleição deste ano. Mas, em meio a tantas incertezas, um posicionamento foi tomado. O governador Renato Casagrande que só quer falar de eleição em junho, diante das movimentações dos últimos dias do grupo do ex-governador Paulo Hartung, acabou sendo forçado a um posicionamento e acho que não era exatamente o que o ex-governador esperava. O governador reagiu e colocou Hartung no rol dos adversários, ou melhor, foi Hartung quem se colocou nesta posição ao esticar demais a corda com Casagrande. 
 
Renata – Já reparou que o jogo político no Estado, inevitavelmente, começa com um Ferraço dizendo alguma coisa? Em maio de 2001, foi o dossiê de Theodorico Ferraço que deu início a uma crise no governo José Ignácio Ferreira, o que favoreceu a eleição de Paulo Hartung em 2003. Em 2010, teve o episódio do abril sangrento, em que o Ricardo Ferraço foi substituído na chapa palaciano por Renato Casagrande. Agora, a semana ficou muito movimentada por causa da movimentação de Hartung e tudo começou  novamente com um posicionamento primeiro de Ferraço pai e em seguida Ferraço filho.
 
Nerter – É verdade. Na terça-feira, Theodorico Ferraço afirmou que o filho não disputaria a eleição ao governo. No dia seguinte, o senador não só confirmou a afirmação do pai, como também declarou apoio ao palanque do governador Renato Casagrande. Isso causou uma movimentação muito grande nos meios políticos que deve se estender até o fim do mês. E o paradoxo fica no fato de Ricardo Ferraço que em dezembro havia decretado o fim da unanimidade, ter se juntado a Casagrande, defendendo a unidade e, ironicamente, seu posicionamento acontece quanto o governador mesmo desiste de correr atrás da tal unanimidade, tendo Hartung ao seu lado no palanque. 
 
Renata – Pois é. A impressão é de que Hartung na verdade não jogava exatamente um fortalecimento de sua presença no palanque palaciano. Mais do que a vaga ao Senado, queria a garantia do compartilhamento do segundo mandato de Casagrande e a sinalização de que a sucessão em 2018 estaria sob seu controle. Mas exagerou. Criou uma movimentação no mercado político tão forte, que levantou tanta poeira, que acabou complicando sua estratégia com Casagrande. Saiu batendo a porta e agora não tem como voltar. 
 
Nerter – Casagrande tem sido categórico sobre o assunto com seus interlocutores. Acho que se Hartung esperava um fortalecimento de sua imagem junto ao governo do Estado não conseguiu. Conseguiu fazer com que os jornais voltassem sua atenção para ele, mas a classe política mesmo, não embarcou. E Casagrande reagiu, mostrando que está preparado para a eleição contra ele. E como será isso? Casagrande é o governador, tem a  máquina a seu favor. Tem apoio dos prefeitos, das lideranças políticas e de boa parte dos integrantes do PT e do PMDB. Paulo fez todo esse alarde e não desceu ninguém do palanque do Casagrande. Quem ele tem? Lula? Bom, o governo do PT não é exatamente uma unanimidade no Espírito Santo. Tem Lelo Coimbra, que não consegue ter controle nem sobre a bancada do partido na Assembleia? Tem Guerino Zanon...
 
Renata – É. Vai ser muito difícil para o Hartung enfrentar Renato Casagrande. Tudo bem que o governo do socialista não é uma belezura, tem muitos gargalos, mas a única forma de vê-lo de forma positiva é fazendo a comparação com os oito anos de seu antecessor. Quando Casagrande começar a jogar "as bombas" que recebeu na conta de Paulo, a situação pode ficar complicada. 
 
Nerter – Casagrande não é do tipo do embate, mas ele está mordido. Hartung também não é de confronto. Então essa briga vai ser interessante. Parece que será a primeira vez que eles vão mesmo disputar a eleição. Isso, claro, se Paulo Hartung anunciar a candidatura ao governo. Enquanto ele não falar que é candidato, eu não acredito. 
 
Renata – Eu também não. Afinal, já foram tantas, não é? Mas acho que ele agora vai ter de ser, sabia? Ele fechou a porta do Palácio Anchieta para a candidatura ao Senado, precisa de um mandato, porque já está há quatro anos na planície. Então, vai ser candidato ao Senado em que palanque? Vai acabar tendo que disputar uma eleição que não queria. 
 
Nerter – Aliás, para Casagrande é ótimo que isso aconteça. Se ele fizer uma aliança com Paulo Hartung terá que compartilhar seu segundo mandato. Se ele disputar a eleição com o ex-governador, o socialista, se vencer, vai poder construir um segundo mandato sem as amarras de Hartung, que, por sinal, neste primeiro mandato tem lhe custado muito caro.

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