Segunda, 29 Abril 2024

Nova configuração política pós-protestos deixa PT capixaba emparedado

Antes das manifestações tomarem as ruas, o PT tinha lugar cativo no jogo político como um dos principais “cabeças de chave” no processo eleitoral de 2014. No Espírito Santo, o partido começou a encolher a partir do momento em que decidiu fazer o papel de coadjuvante nos governos Paulo Hartung (2003 – 2010) e atualmente no de Renato Casagrande. 
 
Apesar de comandar até 2012 quatro importantes prefeituras – Vitória, Cariacica, Cachoeiro de Itapemirim e Colatina (ficou com as duas últimas nas eleições do ano passado) -, o PT capixaba tinha poucas fichas para pôr em jogo, mas se fiava na popularidade exponencial da presidente Dilma Rousseff como trunfo para se manter de igual para igual no jogo dos grandes em 2014. 
 
Os petistas, entretanto, não esperavam que o movimento das ruas fosse capaz de fazer a popularidade da presidente cair como um meteoro, alterando completamente a configuração política no país e, consequentemente, nos estados. 
 
No Espírito Santo, o PT capixaba já sente na pele os reflexos dessa queda de popularidade. Os partidos com assento cativo na mesa que vai decidir o jogo eleitoral de 2014 já se movimentam sem incluir o PT nos seus planos. 
 
O PSDB já avisou que está aberto para negociar com qualquer partido, menos, é claro, com o PT. Como o PSDB deve se coligar com o PMDB, o partido do ex-governador Paulo Hartung e companhia, do qual o PT de João Coser foi parceiro inseparável, também fica descartado. 
 
O PSB, que até então era o porto seguro do PT, também vem se distanciando dos petistas. O fato de o partido ter o vice-governador Givaldo Vieira e outras lideranças no primeiro escalão do governo passou a ser motivo de constrangimento para petistas e socialistas, que sentem que a relação esfriou.
 
O caldo entre PT e PSB entornou depois de três importantes episódios: o primeiro foi o racha da bancada petista na Assembleia Legislativa que votou contra o governo no projeto que propunha o fim da cobrança do pedágio na Terceira Ponte; o segundo, revelado pela imprensa nacional, vazou a conversa entre Casagrande e o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que declarou o compromisso de Casagrande em assegurar palanque para Dilma no Estado em detrimento do presidenciável do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Casagrande desmentiu Falcão, mas estrago já estava feito. 
 
A conversa entre Casagrande e Falcão desencadeou o terceiro episódio, protagonizado no último sábado (27) pelo primeiro-secretário nacional do PSB, Carlos Siqueira, que esteve em Vitória para se reunir com lideranças do partido. 
 
Orientado por Campos, a visita de Siqueira em terras capixabas tinha um único objetivo: enquadrar Casagrande e exigir que o governador reveja seu apoio à pré-candidatura de Campos. 
 
A passagem de Siqueira pelo Estado causou um reboliço nos dois partidos. As lideranças petistas se queixaram da dureza das palavras do secretário socialista, que não poupou críticas ao governo Dilma. 
 
Os bombeiros do PSB, para não agravar a crise que se abate sobre o governo, até tentaram amenizar a fala de Siqueira. Em vão. O fato é que a candidatura de Eduardo Campos é irreversível e Casagrande terá que armar um palanque para o presidenciável pernambucano. Esse cenário torna iminente o rompimento do casamento entre petistas e socialistas. 
 
A possibilidade de aproximação com o PR do senador Magno Malta é praticamente intangível. Mesmo Malta se credenciando como um possível palanque para acolher a presidente Dilma no Estado. 
 
Com o campo se fechando, restou o PT correr atrás do PDT, que passou a ser a cereja mais disputada do bolo. Siqueira, ele novamente, também adiantou que o PDT também está nos planos do PSB. Disse inclusive que Campos está disposto a ceder a vice a um pedetista. 
 
O PDT capixaba, sob o comando do escolado Sérgio Vidigal, é claro que já percebeu o assédio e adotou o discurso da noiva difícil. A estratégia do PDT, que tem a prerrogativa de escolher com quem subirá no altar, é enrolar os pretendentes até a última hora. Eles esperam para ver se Dilma recupera a popularidade e se a candidatura de Campos decola, para só depois decidir para quem dará a mão. 
 
No cenário atual, o PSB leva vantagem sobre o PT para conquistar o PDT. Se o casamento for entre pedetistas e socialistas, restará ao PT compor com os partidos do “segundo escalão”, o que não quer dizer que a disputa nesse nicho também não será dura. 

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Segunda, 29 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/