Quinta, 25 Abril 2024

Papo de RepórterCasagrande ressuscita Hartung

Papo de RepórterCasagrande ressuscita Hartung

 

Renata Oliveira e Rogério Medeiros
 
 
Faltando menos de um mês para a eleição, o ex-governador Paulo Hartung continua dando as cartas no processo eleitoral do Estado, mostrando que a Era PH está longe de acabar.
 
Renata – Rogério, estamos a menos de um mês das eleições, ou pelo menos para o primeiro turno, enquanto em alguns colégios eleitorais a disputa segue morna, como em Vitória, em outros, como na Serra, os candidatos estão à beira de um ataque de nervos. Você acredita em segundo turno nos quatro municípios da Grande Vitória? 
 
Rogério – Segundo turno seria natural em Vila Velha, Vitória. Na Serra é uma briga em família. É o filho pródigo disputando com o pai. Agora, em Vitória, o Luiz Paulo pode perfeitamente liquidar essa eleição no primeiro turno. Quando ele arruma a máscara e o Paulo Hartung põe no rosto, ele complicou sua própria vida, ele trouxe para si umas dezenas de políticos com pedras na mão para jogar nele. Ele mudou a cara do candidato. Paulo é uma pessoa brilhante e ele conseguiu passar essa ideia. Se Luiz Paulo ganhar no primeiro turno, foi Luiz Paulo que deu essa eleição para ele. Ele é muito bom gestor, mas como político ele é um desastre. Ele faria um excepcional palanque se conseguisse reverter a surra que levou em 2010. Em Vila Velha é a briga do sacoleiro contra a elite política do município. Um forasteiro intimidador que aportou no Espírito Santo, Rodney Miranda, fez miséria no sentido de fazer uma gestão na segurança de baixíssima qualidade. Será que ele conhece alguma coisa do Paulo que a gente não sabe? Um homem que não tem condições de se eleger vereador e está disputando a eleição para prefeito à custa do Paulo Hartung. 
 
Renata – Pois é, em Vila Velha, finalmente o grupo de Max Filho entendeu que neste momento seu adversário não é Neucimar Fraga (PR). Esse é o adversário que terá que enfrentar no segundo turno. Mas tem que passar primeiro para o segundo turno e há uma manobra clara, articulada de um jeito já manjado no mercado político de forçar a ida do Rodney para a outra etapa com uma pesquisa que não passa no gogó de ninguém. É verdade, quem passa pelo município vê que a campanha de Rodney ganhou bastante visibilidade. Mas se comparar a última pesquisa Enquet, em que ele aparece com 16%, com a pesquisa Futura, na qual ele aparece com 25%, percebemos que há alguma coisa errada aí. Ninguém cresce nove pontos em uma semana. Mas essa artificialidade dos números acaba forçando o voto útil e pode jogar água na campanha do Max, que pode ser mais tímida do ponto de vista visual, mas quem anda pelo município conhece força do palanque dos Mauro. Em uma situação de normalidade, o segundo turno seria entre Max e Neucimar, mas com essas manobras não se sabe o que pode acontecer. E a tendência é que daqui pra frente Max passe a mirar o alvo no Rodney. 
 
Rogério – Essa manipulação que o Futura faz não é novidade. Desde o início do governo Paulo Hartung isso acontece. Ele vai para Linhares caminha com o candidato dele e depois aparece uma pesquisas colocando o candidato dele na frente. Onde ele toca vira ouro. Na verdade esse espaço que o Paulo desfruta, agindo como espertalhão da política, que sempre se dá bem. Mas enquanto ele foi governador, tudo era possível, agora como ex-governador ele está mais atirado do que quando tinha a caneta na mão. Renato Casagrande está demonstrando que foi bom para ser parlamentar, mas como governador... faça-me o favor!
 
Há um momento em que ele botou a mão na eleição, deu uma impressão para a classe política de que tomaria conta da eleição, mas de repente largou de mão. Fica a impressão de que Hartung disse a ele que estava atrapalhando e ele saiu. Falta a ele coragem eleitoral. Se apoia no discurso de que tem 16 partidos apoiando no seu arco de aliança e deixa Paulo tomando conta da política no Espírito Santo. Nunca teve alguém que deixasse Paulo agir da forma que ele age.
 
Renata – E esse espaço que o ex-governador tem chega a extrapolar os limites da lei. Um exemplo disso está em Cachoeiro de Itapemirim. Não é segredo para ninguém que o partido do Paulo Hartung é o Paulo Hartung, mas existem regras que precisam ser respeitadas. A legislação eleitoral não tem um asterisco dizendo que a regra não vale para o Paulo. O partido dele está no palanque de Glauber Coelho (PR). Ele ignora isso, sobe no palanque de Casteglione do PT, o programa vai para o ar e o juiz do TRE acha que isso é normal. Como assim? Ainda bem que o juiz local independente, não foi ilumidado, como diria Ferraço. 
 
Rogério – Pois é. Onde está o PSB em Cachoeiro?
 
Renata – Eles indicaram o vice de Glauber. 
 
Rogério – Veja a apatia do Casagrande. Está participando de uma disputa em um colégio importante no sul do Estado, o Hartung vai para Cachoeiro, samba na barba dele em Cachoeiro, como acontece também em Vitória. O governador tinha tudo na mão para ser o líder político desse Estado e não é. Pegou um Hartung combalido, por conta das falcatruas de seu governo e agora Casagrande está reabilitando seu antecessor. Ninguém vai botar a mão nele, porque quando chegar à tona as falcatruas ele vai dizer: “Isso aí é porque eu ganhei a eleição”.
 
Renata – Pois é, se Casagrande tinha a intenção de depois do processo eleitoral, iniciar o processo de desvinculação de seu governo do governo que o antecedeu, com essas movimentações isso fica muito distante. Casagrande movimentou bem seu partido, está disputando 41 municípios do Estado. Mas Hartung, que começou timidamente a entrar na campanha - primeiro pelos municípios em que seus aliados têm vitória incontestável - agora está crescendo, ganhando corpo, entrando em colégios grandes e, logicamente, contando com os holofotes constantes que a imprensa amiga dele vem mantendo, achando lindo todos os atos, mesmo que ilegais. As derrotas como no caso de Guarapari, são ignoradas ou jogadas no colo de outros. 
 
Rogério – Tem duas coisas que eu quero contestar. Primeiro: qual município de peso que o PSB tem? Poderia ter em Colatina, com Foletto, mas desistiu. Poderia ter tido em Vila Velha, com Max Filho, mas no primeiro grito ele largou o Max Filho no meio da rua e na Serra, a origem política de Audifax Barcelos é Vidigal. Ele foi para o PSB por mera circunstância, como ele é novo, pode ainda trilhar a mesma carreira de Paulo. A segunda coisa é que Casagrande é mais hartunguete que qualquer um. Está colocando a mão no fogo por Hartung. Veja o caso da Delta, que está estourando país afora e que no Espírito Santo tinha relação íntima com o governo Hartung, a ponto de o irmão do ex-secretário da Fazenda José Teófilo ser gestor comercial no Estado da empresa. Em plena CPI, um homem de Paulo Hartung, Neivaldo Bragato, fez um aditivo no contrato com a Delta, isso dentro do governo Casagrande. Ele está botando a mão no fogo.
 
Renata – Então, essa história de que a Era Paulo Hartung acabou, com Casagrande no governo, não.

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