Posicionamento do petista Fabiano Contarato diverge da orientação governista

Quatro parlamentares do Espírito Santo já assinaram o requerimento de instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de acordo com levantamentos da imprensa nacional: os senadores Marcos do Val (Podemos) e Fabiano Contarato (PT); e os deputados federais bolsonaristas Evair de Melo (PP) e Messias Donato (Republicanos).
Fabiano Contarato justificou publicamente sua adesão, nessa quinta-feira (15), em postagem nas redes sociais. “Fraudar aposentados e pensionistas é um crime inaceitável, de uma crueldade imensa contra aqueles que trabalharam para construir este país. Por isso, faço coro por uma investigação contundente, que traga punição exemplar para todos os responsáveis, doa a quem doer”, comentou. “Precisamos chegar às entranhas desse esquema, que teve início em 2019, durante o governo Bolsonaro, e foi desarticulado graças à atuação dos órgãos de controle no governo Lula”, acrescentou Contarato.
O senador capixaba foi o primeiro petista a assinar o requerimento, contrariando o posicionamento do Palácio do Planalto, de se colocar contra a CPMI. O líder do Partido dos Trabalhadores no Senado, Rogério Carvalho (SE), também defendeu a investigação parlamentar, mas a bancada do PT no Congresso está dividida sobre o tema.
A autora do pedido de abertura da CPMI foi a senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos), e a oposição tenta utilizar o escândalo para desgastar a imagem do governo federal. Por outro lado, parte dos parlamentares governistas entende que é preciso mudar o rumo da narrativa, tendo em vista que a fraude teve início na presidência de Jair Bolsonaro.
Delegado da Polícia Civil, Contarato mantém um discurso muitas vezes centrado em medidas de aprofundamento do punitivismo judiciário. Ele ingressou no PT depois de ser eleito, e também costuma se posicionar com maior independência em relação ao seu partido.
A Polícia Federal (PF) revelou, em abril, um amplo esquema de fraudes e desvio de dinheiro de pensões e aposentadorias do INSS. Associações que oferecem serviços a aposentados teriam cadastrado pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos. O prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024. Até a manhã desta sexta-feira (16), 222 deputados e 36 senadores haviam assinado o requerimento da CPMI, de acordo com o Estadão.