Sexta, 29 Março 2024

Partidos menores, sem dinheiro, vão encarar campanha na 'sola do sapato'

capitaosousa_anasalles_ales Ana Salles/Ales
Ana Salles/Ales

"A campanha será feita nas redes sociais e com muita sola de sapato". Assim, o capitão Vinícius Sousa, pré-candidato ao governo do Estado pelo Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), comenta os recursos bilionários do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), o Fundo Eleitoral, destinado às legendas para as Eleições Gerais de 2022, da ordem de R$ 4,9 bilhões, disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta sexta-feira (17).

Único pré-candidato dos partidos considerados "nanicos" nos meios políticos a concorrer a cargo majoritário, Capitão Sousa pretende se licenciar do serviço a partir de julho, para poder encarar a campanha, o que inclui reuniões nas comunidades e visitas a sindicatos e a outras entidades representativas dos trabalhadores. "Como não há dinheiro, temos que usar os recursos que dispomos, incluindo os nossos", explica.

Neste fim de semana, acrescenta, a coordenação da campanha se reunirá para organizar as ações, com a participação do presidente do partido no Espírito Santo, Filipe Skiter, pré-candidato ao Senado, responsável pelo direcionamento da verba de campanha, parte dos R$ 3,1 milhões que cabem ao PSTU, referente aos 2% do Fundo Eleitoral.

"A campanha será modesta, porque, além da campanha prioritária, de Vera Lúcia, pré-candidata a presidente da República, não recebemos dinheiro de empresário, em forma de doações ou qualquer outra", diz Skiter.

Esses recursos serão divididos igualitariamente e ficarão à disposição do partido político somente depois de a sigla definir critérios para a distribuição dos valores. Esses critérios devem ser aprovados pela maioria absoluta dos membros do órgão de direção executiva nacional e precisam ser divulgados publicamente.

Os números do TSE, divulgados oficialmente nesta sexta, representam a maior soma de recursos já destinada ao Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), o Fundo Eleitoral, desde a criação, em 2017, mas passam longe das necessidades dos partidos políticos menores e sem representação legislativa.

Os recursos serão distribuídos entre os 32 partidos políticos registrados no TSE, com base em critérios específicos. Mais uma vez, o Partido Novo (Novo) renunciou ao repasse dos valores para financiar as campanhas políticas de candidatos e sua cota será revertida ao Tesouro Nacional.

O União Brasil (União), sigla resultante da fusão do Democratas (DEM) com o Partido Social Liberal (PSL), receberá o maior montante, com mais de R$ 782 milhões. Em seguida, estão o Partido dos Trabalhadores (PT), com pouco mais de R$ 503 milhões, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), com R$ 363 milhões, o Partido Social Democrático (PSD), com R$ 349 milhões, e o Progressistas (PP), com aproximadamente R$ 344 milhões. Juntas, essas cinco legendas respondem por 47,24% dos recursos distribuídos.

A partir daí, o restante é distribuído conforme a representação da legenda no Congresso Nacional: 35% são destinados às agremiações que elegeram pelo menos um deputado federal, na proporção dos votos obtidos na última eleição geral; 48% são distribuídos proporcionalmente à representação de cada legenda na Câmara dos Deputados; e os 15% restantes são divididos entre os partidos com base na proporção da representação no Senado.

Para o Capitão Sousa, apesar de pouco dinheiro e sem pontuar nas pesquisas, as perspectivas são animadoras. "Temos meios de alcançar bastante gente", acredita, destacando que a pré-candidatura a governador possibilita a construção de uma liderança no sentido de "despertar as massas para as mudanças sociais necessárias".

Custos

Se de um lado o Capitão Sousa encara com otimismo as dificuldades geradas pela falta de recursos financeiros, do outro, o especialista em marketing eleitoral Darlan Campos calcula em R$ 6 milhões os custos de apenas uma campanha para governador, o dobro do total de recursos do TSE destinados do PSTU para serem aplicados em todos os estados.

"Proporcionalmente, os maiores gastos das campanhas costumam ser com a terceirização de serviço – para senadores e governadores – e com publicidade impressa (folhetos, santinhos e adesivos) – para deputados estaduais e federais", diz o especialista.

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