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‘Perder e recorrer é muito ruim, não sabem o que é democracia’

PT nacional valida resultado da eleição em Cariacica, e Gaurink critica chapa de Açucena

Redes Sociais/Leonardo Sá

O Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) validou o resultado do Processo de Eleição Direta (PED) em Cariacica. A chapa “A Estrela tem que Brilhar”, liderada pela vereadora Açucena, candidata derrotada a presidente do diretório municipal, havia pedido a anulação dos votos do grupo concorrente ao Diretório Estadual, e teve o recurso acatado, por nove votos a dois. Entretanto, a chapa “Construindo uma Nova Cariacica”, de Luiz Carlos Gaurink Dias, presidente reeleito, recorreu à Nacional, que se posicionou favoravelmente ao resultado do pleito, por cinco votos a favor, dois contra e uma abstenção. Não há mais possibilidade de novos recursos.

Em contato com Século Diário nesta sexta-feira (25), um dia após o anúncio do resultado do recurso, Gaurink fez duras críticas aos seus adversários. “O PT é assim mesmo, tem disputa. Eu fiquei abismado, porque perder recorrer é muito ruim, não entendem o que é democracia. Geralmente, a CNB, em todas as disputas que perdemos, não fizemos recurso. Todo o processo foi discutido com paridade de mesários, paridade de fiscais, toda a estrutura – o que tinha para uma chapa era idêntica para a outra. Então, perderam, mas o problema é que não sabem perder”, comentou.

O presidente do PT de Cariacica afirmou ainda que há insatisfação com “o pessoal ligado a correntes de Helder Salomão [deputado federal], Iriny Lopes [deputada estadual] e Açucena”, que não abririam espaço para novas lideranças.

“Todos os nossos líderes que tiveram mandato em Cariacica, como vereadores, saíram do partido por ingerência e prepotência desses líderes dessas correntes. Eles não querem que mude, querem que fique entre eles, e nós vamos trabalhar agora no princípio de organizar o partido democraticamente, dando fala, voz e espaço, independente de corrente. Vamos levar o PT para formar núcleos de base. Vamos trabalhar com filiações, mas filiações com formação, porque entendemos que é o mais importante isso”, afirmou.

Gaurink citou ainda o processo eleitoral de 2024, quando o PT decidir lançar a candidatura de Célia Tavares para prefeita – o que classificou como um “erro”, tendo em vista a vontade de boa parte dos militantes da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) em apoiar a reeleição de Euclério Sampaio (MDB). Apesar das críticas, ele diz acreditar na possibilidade de pacificar o partido a partir de agora.

“Tem muitos militantes que não querem essa briga de correntes, querem que o PT atue com as bandeiras do partido. Então eu tenho muita expectativa de que nós vamos conseguir pacificar o partido e fazer uma boa chapa para 2026 e 2028. Dependendo da minha parte, eu sempre fui um conciliador e democrático, dando espaço para todos. E a política agora passou, é tocar o partido, do meu ponto de vista. O pessoal da CNB é muito do diálogo, da responsabilidade, sabem que o momento é de reunificar. E o que queremos é que o partido contribua para a melhoria de Cariacica, para que a população sinta o reflexo do trabalho do PT”, defendeu.

O recurso

A votação do PED foi realizada no último dia 6 de julho. Luiz Gaurink teve 549 votos (51,8%) contra 510 (48,2%) de Açucena, da corrente Democracia Socialista (DS), que compõe o campo de oposição “Para Voltar a Sonhar” (PVS). Na disputa pelo diretório, o grupo de oposição conseguiu 49,25% dos votos, garantindo metade das vagas na direção do partido em Cariacica.

Ao ingressar com recurso contra o resultado – e também pedindo a expulsão de Gaurink do PT -, a chapa de Açucena apontou “irregularidades” no dia da votação. Segundo ela, houve interferência externa de outros partidos, sobretudo do Partido Verde (PV), que faz parte da Federação Brasil da Esperança junto com o PT e Partido Comunista do Brasil (PCdoB), mas faz oposição aos petistas em Caciacica. Integrantes da atual administração, comandada por Euclério, também teriam interferido no pleito.

Os documentos anexados como provas incluíram: a) print de conversa extraído do grupo de WhatsApp de filiados ao PT de Vitória, no qual Ariane, assessora da deputada federal Jack Rocha e atual presidente do diretório estadual do PT e candidata derrotada à reeleição pela CNB, compartilhou um arquivo intitulado “.pdf pendência do César Lucas_Cariacica” – se referindo ao vereador Cesinha (PV), de Cariacica; b) vídeo em apoio à reeleição do prefeito Euclério Sampaio, em 2024, do dirigente partidário Christovam Mendonça, e entrevista jornalística; c) registros de atuação direta de cargos comissionados da administração municipal de Cariacica; d) registros de vans transportando eleitores.

No recurso para a Direção Nacional, a chapa de Gaurink considerou inicialmente que não há previsão no regulamento do PED ou no estatuto partidário de anulação de eleição em caso de abuso de poder, o que tornaria nulo o pedido de seus adversários. Alegou-se ainda que não foi dado espaço devido para o contraditório e ampla defesa, e que não foram cumpridos requisitos mínimos para validação das provas.

Outro ponto destacado é que a fala do dirigente partidário Christovam Mendonça, conforme alegado, se refere à campanha eleitoral de 2024, sem nenhuma relação com o PED, e também se defende as filiações realizadas em 2025, mais um ponto controverso da disputa.

“(…) é preciso destacar que o poder político nas eleições municipais de Cariacica/ES estava nas mãos dos denunciantes, pois possuíam diversos mandatos políticos com estruturas montadas de assessoria com deputado federal (Helder Salomão), deputados estaduais (Iriny Lopes e João Coser), senador da República (Fabiano Contarato) e a candidata a vereadora (Açucena), o que demonstra que o poderio político que desequilibrou a disputa estava ao lado da chapa recorrida (“A Estrela Tem Que Brilhar”) que, inconformada de perder as eleições internas, pretende, via administrativa, reverter a decisão legítima dos filiados de Cariacica/ES”, diz o texto do recurso.

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