Sexta, 26 Abril 2024

​Perfil bolsonarista da PMES bate no STF, mas não mostra apoio ao 'levante' do dia 7

predioSTF_valtercampanato_stf Valter Campanato/STF

Um grupo de integrantes da Polícia Militar no Espírito Santo (PMES), incluindo oficiais, vem se manifestando a favor do presidente Jair Bolsonaro em redes sociais, com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso Nacional e ao governador Renato Casagrande (PSB), sem, contudo, revelar apoio ao "levante contra o STF e o Congresso", previsto para o próximo feriado de 7 de setembro, estimulado pelo presidente da República. Uma das postagens afirma: "A mesma campanha que fizemos para eleger Bolsonaro vamos fazer para destruir o STF".

As informações fazem parte de um levantamento elaborado por um grupo de cidadãos, a que Século Diário teve acesso, que será encaminhado ao governo do Estado nesta terça-feira (24), um dia depois de o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ter afastado um coronel da corporação paulista por ter convocado militares para manifestações bolsonaristas e formulado um alerta a outros governadores. 

Nessa segunda-feira (23), durante o Fórum de Governadores, Doria avisou aos outros 23 participantes do evento sobre o chamado "levante". A ação, estimulada pelo presidente da República, movimenta instituições e entidades civis que se posicionam contra a ameaça de golpe às instituições democráticas.

Essa é a maneira adotada por Bolsonaro para tirar o foco nos escândalos que apontam para supostos casos de corrupção revelados na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, na ineficiência de sua gestão e na queda da popularidade, com rejeição ao governo com um índice de 64%, segundo pesquisas de opinião.

As postagens dos policiais no Espírito Santo vêm sendo feitas desde 2017, na gestão do então governador Paulo Hartung, quando ocorreu a greve geral da polícia, cujo saldo é de mais de 200 homicídios e vários casos de suicídios de policiais. A paralisação foi resultante da política de corte de despesa imposta pelo governo do Estado, que gerou falta de investimento no setor, afetando duramente a questão salarial com reflexos no setor operacional da Segurança Pública do Estado.

A partir da posse de Bolsonaro e das investidas dele às instituições como o STF, o Congresso e também a lideranças políticas, principalmente o ex-presidente Lula, as manifestações nas redes sociais passaram a incorporar o discurso bolsonarista de extrema direita. As postagens defendem impeachment dos ministros do STF, condenam a política de direitos humanos e a indenização de famílias de mortos em presídios.

O levantamento mostra também reprodução de vídeo do comentarista de TV Caio Copolla, acusando os governadores do desvio de recursos financeiros para o combate à Covid-19 e outras peças de fake news, como aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) por govenadores, material de propaganda das eleições presidenciais ("Fechados com Bolsonaro em 2022") e o estabelecimento de metas, como "reeleger Bolsonaro, acabar com a Rede Globo, prender Lula de novo e exterminar a esquerda no Brasil".

Uma das postagens reproduz a frase do astrólogo Olavo de Carvalho, que se autointitula filósofo: "Você percebe que um país está falido moralmente quando a candidatura de um militar à presidência assusta e a de um presidiário não" e palavras de ordem ao desrespeito e ameaça à ordem institucional.

Ameaça

A movimentação de bolsonaristas visando o feriado de 7 de setembro motivou os governadores a sugerirem uma reunião com a participação do presidente Jair Bolsonaro e o presidente do STF, Luiz Fux, para acalmar a tensão entre os poderes.

Nesta terça-feira, a Associação Nacional dos Militares Estaduais do Brasil (Amebrasil) divulgou nota na qual esclarece. "Às Forças Militares Estaduais e do Distrito Federal (Polícias Militares) compete a segurança e a ordem pública conforme mandamento da Constituição Federal no seu artigo 144. Afora essas missões ainda lhes são atribuídas, no campo da defesa interna ou no caso de ruptura institucional (estado de sítio ou de defesa), compor o esforço de mobilização nacional para a defesa da pátria, a garantia dos poderes constitucionais e garantir a lei e a ordem. Nesses casos as polícias militares serão automaticamente convocadas pela força terrestre federal para atuarem nesse contexto como força auxiliar e reserva do Exército".

"Portanto as polícias militares não podem ser empregadas de forma disfuncional por nenhum governador, pois são instituições de Estado e não de Governo. Configura crime seu desvio da função constitucional ou emprego político. Todas as atribuições das polícias militares estão previstas na Constituição Federal e na legislação infraconstitucional, tais como o Decreto Lei nº 667, de 02.07.1969 que trata da organização das Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal, e a lei nº 11.631, de 27.12.2007 que dispõe sobre a Mobilização Nacional em tempos de guerra objetivando a defesa da pátria contra agentes externos e internos".

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários: 2

Jônathas Soares Miranda em Segunda, 30 Agosto 2021 23:37

Vc milita bem Roberto. Deveria ir p Cuba, Venezuela e Argentina, deixa o nosso Brasil livre, nossa Bandeira nunca será vermelha.

Vc milita bem Roberto. Deveria ir p Cuba, Venezuela e Argentina, deixa o nosso Brasil livre, nossa Bandeira nunca será vermelha.
Forabozo Miliciano Energumeno em Quinta, 02 Setembro 2021 20:37

A PM é armada com dinheiro dos impostos do povo, logo, não deve ficar ao lado de nenhum governo que queira se impor através da força.
Sendo assim, PM’s devem absterem-se de participar de manifestações políticas, ou então pedir dispensa da força policial.

A PM é armada com dinheiro dos impostos do povo, logo, não deve ficar ao lado de nenhum governo que queira se impor através da força. Sendo assim, PM’s devem absterem-se de participar de manifestações políticas, ou então pedir dispensa da força policial.
Visitante
Sábado, 27 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/