Comete equívoco quem pensa que o programa eleitoral apresentado pelo ex-governador Renato Casagrande nessa segunda-feira (26) traz em seu bojo alterações no modelo de gestão pública. Os pontos anunciados pelo agora candidato ao governo do Estado não muda nada do ponto de vista estrutural.
Ao destacar pontos como retomada do desenvolvimento, sustentabilidade, democracia de alta intensidade, responsabilidade social, desenvolvimento regional e visão para o futuro, Casagrande faz a mesma leitura de um modelo excessivamente desgastado, principalmente porque ao ser colocado em prática, enfrenta barreiras construídas pelo corporativismo empresarial, que cooptou o Estado e assumiu vários de seus encargos.
Os programas do governo, com base nesse discurso, representa a mesma visão do mercado, no Estado representado por núcleos de poder incrustados em organizações fechadas como a conhecida ONG “Espírito Santo em Ação’, que direcionam ações do poder público, mantendo controle na aplicação de recursos financeiros por meio de lucrativas parcerias.
Nesse contexto, a plataforma de campanha de Renato Casagrande traz a marca da mesma vertente do governo de Paulo Hartung, sem diferenças sequer nos aspectos de linguagem. Desenvolvimento, sustentabilidade, democracia, olhar para o futuro são metas excessivamente batidas em colocações que buscam despertar na população o sentimento de amparo e acolhimento.
No entanto, na prática, se perdem principalmente pela concentração de investimentos nas regiões mais desenvolvidas, mantendo um atraso histórico de municípios localizados em áreas mais pobres. Em consequência, ocorre a ampliação da desigualdade social e, em decorrência desse cenário, surgem problemas como aumento da pobreza e da criminalidade.
Exemplo dessa situação pode ser visto na Região Metropolitana da Grande Vitória, a mais povoada do Espírito Santo, com grande concentração de investimentos, formando um quadro oposto ao dia a dia dos municípios do interior.
Esse modelo de gestão, já praticado por Casagrande quando na condição de governador do Estado, é idêntico ao do governo Hartung, com diferenciais unicamente de comportamento e de posturas dos gestores. Na realidade, a estrutura que sustenta as propostas apresentadas nada contém de novo, porque se apoiam em direcionamentos cujos interesses estão intimamente relacionados ao corporativismo empresarial.

