Quarta, 15 Mai 2024

Principais personagem das eleições de 2014 vivem semana infernal

Principais personagem das eleições de 2014 vivem semana infernal

Nerter Samora e Renata Oliveira



Estamos na metade do primeiro semestre de 2013, e a disputa de 2014 já está pegando fogo. Papo de Repórter debate os acontecimentos da semana e suas influências na sucessão estadual.



Renata – A cada semana aparecem novos elementos que nos fazem perceber que o jogo político de 2014, seja em nível nacional  ou em local, será bem diferente do de 2010. A semana foi marcada por muita confusão no legislativo, declarações irritadas do governador Renato Casagrande e, quem diria, uma denúncia de improbidade contra o ex-governador Paulo Hartung. Ainda estamos longe de fechar o primeiro semestre de 2013 e o clima eleitoral já está fervendo.



Nerter – Vamos começar com o que você chamou em sua coluna de “Geni”:  a Assembleia Legislativa. O desgaste político é tão grande que os ânimos já estão à flor da pele. No meio da confusão da última terça-feira (12), teve deputado criticando o colega porque falava demais. Mas a Assembleia é um Parlamento, e por mais que alguns discursos sejam repetitivos e desgastantes, o espaço para falar é aquele. Tenho a impressão que os indicadores negativos da população sobre os nobres deputados não se dão por conta da farra de gastos, como a mídia faz questão de abordar - até mesmo de maneira equivocada. Isso porque o Legislativo capixaba é um dos mais "econômico" do País. Basta ver que até hoje eles brigam para pagar um direito líquido e certo aos seus trabalhadores, o 11,98%. Além disso, é só olhar o estado de conservação do prédio da Assembleia, talvez um retrato do que se transformou aquele poder. Se você quer ver gastança é só ir pelas bandas do Judiciário, Ministério Público...



Renata – Também me chamou a atenção a declaração do deputado Gilsinho Lopes (PR) na discussão sobre o tão falado Fundo do Ministério Público. Questionando o colega de plenário Genivaldo Lievori (PT) sobre a emenda que o petista havia apresentando no projeto se quando chegasse o veto do Palácio Anchieta, os deputados derrubariam o veto. Recebeu orientação, e disse isso, para relatar na forma do texto original e assim o fez. Que coisa, não? Isso é uma prática comum na Assembleia, que sem conseguir se reerguer politicamente, continua alvo fácil. Atacada pelo presidente da Câmara de Vitória, o vereador – veja bem, vereador, Fabrício Gandini (PPS) – passou recibo. Os deputados se alternaram durante a semana na tribuna para fazer prestações de contas do trabalho em suas comissões.



Nerter – Mas ao rebaterem Gandini, partirem para a briga e tudo o mais, os deputados conseguiram não falar sobre a pesquisa publicada no final de semana passado sobre o desempenho da Casa. Logo os deputados que gostam tanto de responder aos jornais, evitaram falar nos números. Isso porque sabem, sentiram o baque do risco que assumiram ao reeleger Thedorico Ferraço (DEM) para presidente da Casa  em meio ao escândalo da Derrama. Ferraço se livrou do processo, mas saiu politicamente desgastado e levou com ele a imagem da Assembleia. Por isso que vimos nessa semana uma Assembleia tensa. Os deputados sabem que daqui a pouco as eleições batem a porta e aí como que fica?

Renata – Outro detalhe que me deixou um pouco surpresa esta semana foi o duro discurso do governador Renato Casagrande sobre a proposta de estados não produtores de manter os contratos já licitados como estão na distribuição dos royalties. Alguma coisa nessa matéria, que foi publicada no jornal A Gazeta, me soou estranha. Isso porque o líder desse movimento é o governador de Pernambuco Eduardo Campos, presidente Nacional do PSB. No fim de semana passado Casagrande disse que iria trabalhar pela candidatura de Eduardo Campos à presidência da República e depois vem com essa. Fica estranho, porque o governador tem um perfil muito partidário e o tom agressivo que adotou na questão destoou.



Nerter – Bom, pensando pelo lado da batalha dos estados pelos royalties, essa discussão agora pode não ser interessante para o governo, já que há uma forte tendência de os estados produtores vencerem a batalha no Supremo Tribunal Federal (STF). Aliás, foi exatamente prevendo essa derrota que os não produtores buscaram esse entendimento. Mas, de fato, do ponto de vista político é difícil imaginar Casagrande se insurgindo desta forma contra o presidente de seu partido. Não é seu perfil.



Renata – Mas que o governador anda irritado, anda. Essa semana, já derrubou mais dois da equipe, o diretor do Detran, Fábio Nielsen e o secretário de de comunicação Ronaldo Carneiro. O governador estava insatisfeito com o trabalho Nielsen nesta história das placas. A ameaça de o estaleiro Jurong não ser mais instalado no Estado também deixou Casagrande bravo. Já da troca de Carneiro por Flávia Mingnone, acho que a mudança foi estratégica, já com vistas nas eleições de 2014. Vale destacar que de todas as mudanças de Casagrande no secretariado apenas uma foi eminentemente política, a da Secretaria de Assistência Social, uma mudança política que beneficiou o PT para suas pretensões em 2014. O resto foi por problemas internos.



Nerter – Mas mudando um pouco de assunto, realmente a grande novidade da semana e que pode ter uma grande influência no processo de 2014 foi a denúncia contra o ex-governador Paulo Hartung (PMDB). Ele que já não vinha somando em seu capital político desde que saiu do governo, teve que vir a público para se explicar. Logo Hartung que nunca passou recibo de nada, desqualificando qualquer tipo de ataque à sua imagem, não teve como evitar o desgaste trazido pela denúncia do promotor Dilton Depes, que trouxe à tona o caso do posto fiscal (virtual) de Mimoso do Sul. 



Renata – O problema é que ele explicou, explicou e não convenceu ninguém. É claro que os aliados dele na imprensa já saíram em defesa do ex-governador e a forma como o Ministério Público noticiou o fato mostra a tentativa de tirar das costas de Hartung a responsabilidade sobre o caso. Mas não teve jeito, ele vai ter que assumir o ônus do desgaste trazido pela denúncia, que é pesada. O discurso dos “interesses escusos” por trás da denúncia, da “covardia”, que tenta diminuir seu capital não cabe mais, não é?



Nerter – Não cabe e não vai garantir a salvação da pele do ex-governador. Ele vai ter de responder pela denúncia. Essa história de que é o crime organizado que está tentando diminuir o capital dele, não cola mais. Muito menos esse discurso de que encontrou o Estado desorganizado. A denúncia é muito clara, não adianta tentar mudar o foco da conversa. Só para comparar, o tal relatório da Receita Federal que denuncia os supostos desvios na Era Gratz da Assembleia falava em torno de R$ 26 milhões - sendo que neste bolo tem dinheiro para imprensa, subvenções sociais para entidades que estariam acima de qualquer suspeita para seus acusadores, como a Associação de Magistrados do Estado (Amages), só para citar uma. Neste caso do Paulo, foram gastos R$ 24,9 milhões em uma obra que não saiu do papel. Virou um descampado na BR 101, que o atual governo não sabe nem o que vai fazer com aquilo.



Renata – Politicamente esse episódio joga um balde de água fria nas pretensões do grupo do ex-governador Paulo Hartung sobre 2014. Como a denúncia sai agora, no início de 2013, não dá para ele usar o discurso de perseguição eleitoral. O desgaste vai refletir em sua colocação nos palanques do próximo ano. Já se movimentava um grupo por seu retorno ao Palácio Anchieta e outro para sua ida para o Senado, os dois movimentos ficam agora prejudicados.



Nerter – E mesmo a saída pela tangente de Theodorico Ferraço (DEM) da Derrama não melhora a situação de Hartung. Ferraço tinha saído fortalecido do processo e poderia representar Hartung na mesa de negociação do próximo ano, tendo a Assembleia como trunfo. Mas representar Hartung, com esse rombo no peito e tendo nas mãos uma Assembleia com uma imagem bastante avariada, não vai adiantar muito. Isso mostra a dinâmica da política capixaba atual, já que comentamos de uma possível Era Ferraço como salvação para o Paulo. Talvez nem uma, nem outra.



Renata – Com isso, Casagrande tem agora uma preocupação mais latente: o palanque de Magno Malta (PR) na oposição. Hartung agora é uma onça ferida. Mas como ele mesmo diz: a onça está ferida, mas não está morta.

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