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Professores da Ufes apoiam Haddad e rejeitam política de ódio de Bolsonaro 

Em assembleia realizada nessa quarta-feira (17), professores filiados à Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes) decidiram apoiar Fernando Haddad (PT) à Presidência da República, rejeitando a política de ódio e violência que “banaliza mortes, torturas, violações, perseguições, preconceitos, exclusões e desigualdades do candidato Jair Bolsonaro (PSL)”.  

Em nota, os professores afirmam que assim se posicionam “coletiva e publicamente, na conjuntura das eleições presidenciais de 2018, em defesa da democracia, que, neste momento, só vemos representada na candidatura de Fernando Haddad e Manuela D’ávila”.

“Posicionamo-nos assim porque a outra candidatura, representada por Jair Bolsonaro e Amilton Mourão (PRTB), escarnece dos pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito, na medida em que explicitamente renega direitos humanos e princípios constitucionais, e incita ao ódio e a muitas formas de violência”.

Prossegue a nota: “Consternados, registramos que o discurso e a sistemática de campanha de Jair Bolsonaro e Amilton Mourão têm-se revelado incompatíveis com o republicanismo democrático, pois valem-se de notícias falsas, se esquivam do debate aberto e franco, manipulam a opinião pública fazendo mau uso de dados estatísticos, lançam mão de estratégias de apelo emocional de natureza moralista, fogem da abordagem racional e devidamente embasada e justificada sobre as grandes questões da vida pública”. 

E  mais adiante: “Para nós, professores afiliados à Adufes, não se trata, pois, de escolhas partidárias e nem de uma adesão irrestrita ao projeto representado pela chapa Haddad-D’ávila, trata-se, principalmente, de derrotar o inaceitável e de unir nossos esforços em torno de uma agenda de diálogo sobre o país que queremos construir”. 

“A despeito de nossas diferentes posições ideológicas, trata-se de defendermos o direito à dignidade da vida humana, o direito à liberdade de pensamento, manifestação e ação política, o direito a existir em um país em que as instituições civis sejam fortes, independentes, atuantes”, acrescenta o manifesto dos professores. 

Para eles, “A conjuntura política que se apresenta para o 2º turno das eleições presidenciais de 2018 exige de nós o compromisso com o Estado Democrático de Direito e com o direcionamento do país para reverter medidas destrutivas que têm sido impostas às trabalhadoras e aos trabalhadores brasileiros”. 

Os professores alertam que o caos que se “avizinha tem como pilares o ultra liberalismo econômico, o fundamentalismo religioso e o neofascismo político, em tudo contrários àquilo que, como cidadãos, defendemos – e é por isso que não podemos nos silenciar diante do avanço da extrema direita, declaradamente representada pela candidatura de Jair Bolsonaro e Amilton Mourão. Sua eventual eleição consolidará a etapa final do golpe jurídico-midiático-parlamentar de 2016, como derrocada das noções de política e de coisa pública, fundamentais à construção de nossa vida em comum”.

Tortura 

“Foi emblemático, nesse sentido, que, ao proferir seu voto em favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, o deputado federal Bolsonaro tenha homenageado um dos mais notórios torturadores da ditadura empresarial-militar: Carlos Alberto Brilhante Ustra; ou seja, a ruptura institucional, naquele contexto, se anunciava não apenas pela implementação tirana de um projeto derrotado nas urnas, mas também pela gradativa naturalização de um estado policial, do arbítrio implacável”.

“Com a eleição de Bolsonaro e Mourão, é certo o aprofundamento de medidas lesa-pátria e anti-povo, como a Emenda Constitucional 95 (que congela, por 20 anos, os investimentos em saúde e educação), a reforma trabalhista, a terceirização irrestrita, a reforma do ensino médio, a entrega das reservas do pré-sal, a instituição da Base Nacional Com um Curricular à revelia dos professores e de suas entidades etc., além da consolidação de outras, como a Reforma da Previdência e a perda de demais direitos sociais”.

Os professores afirmam que os candidatos Bolsonaro e Mourão reiteradamente ofendem a dignidade humana, externam seu racismo, sua misoginia e homofobia, apoiam grupos de extermínio, em um processo de franca e deliberada agudização da instabilidade política, econômica e social.

“Por essas razões, chamamos o conjunto das professoras e dos professores da Universidade Federal do Espírito Santo a rejeitar a candidatura de Jair Bolsonaro e seu vice, e a defender a garantia da continuidade de nossa frágil democracia, como única forma de aprimorá-la”. 

A candidatura de extrema-direita, como reiteram, visa a agravar ainda mais o retrocesso das conquistas da classe trabalhadora, além de permitir o avanço de posturas intransigentes, que afetarão diretamente as universidades públicas e todo o Estado, haja vista que tais candidatos declaradamente são favoráveis às privatizações e à redução das políticas de cotas e de permanência;

Os professores ressaltam outros pontos do programa de Bolsonaro, como a “expansão irrestrita da educação à distância, à perseguição e ao cerceamento de tendências pedagógicas progressistas e críticas, à redução ou mesmo extinção de cursos e pesquisas em Ciências Humanas e prometem, entre outras coisas, o fim de toda e qualquer forma de ativismo: o que, decerto, inclui as nossas lutas por educação pública, laica, gratuita e de qualidade”.

A Adufes salienta que com este posicionamento não deixará de manter-se atenta, vigilante, autônoma e independente de governos e partidos, mas ressalta que a excepcional gravidade da situação exige posicionamento para não compactuar com os retrocessos que ameaçam nossos mecanismos democráticos, nossas liberdades, nossa cidadania e os direitos humanos. 

“Assim, independente de nossas convicções e preferências de voto no primeiro turno, agora o voto que defendemos, quase à maneira de um plebiscito entre a democracia e o fascismo, é 13, Haddad-Manuela, para que possamos continuar nossas lutas, inclusive a luta sindical”.

A nota da Adufes destaca a coerência de sua história e trajetória de 40 anos, em que sempre esteve ao lado das demandas da sociedade e contra os ataques autoritários e antidemocráticos e conclui: “Não aos retrocessos, ao fascismo, ao ódio! Seguimos com coragem e esperança. Em defesa da democracia!”.

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