Partidos se reuniram para tratar de uma possível frente progressista nas eleições 2026

Representantes do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) realizaram uma reunião na tarde dessa quinta-feira (2), na sede estadual do PT, em Vitória. Em pauta, a pré-candidatura do deputado federal Helder Salomão a governador e a possível formação de uma frente progressista nas eleições de 2026.
Da parte do PT, estavam presentes o próprio Helder, o deputado estadual João Coser, que assumiu recentemente a Presidência do partido no Espírito Santo, e José Roberto Dudé. Representaram o Psol a presidente estadual da sigla, Ane Halama, a deputada estadual Camila Valadão e a ex-deputada Brice Bragato.
“Saímos da reunião com o Psol muito animados e felizes pela confiança e pela postura em nos procurar para iniciar essa primeira conversa. PT e Psol se colocam em parceria para buscar a construção de uma candidatura ao governo que contraponha o avanço da extrema direita no Espírito Santo”, afirmou João Coseer.
O presidente do PT capixaba falou também em construir uma candidatura “com muitas mãos”, abarcando não só os partidos e federações, como também “movimentos sociais, culturais e acadêmicos, servidores públicos, pequenos e médios produtores rurais e empreendedores, seguindo o exemplo de Lula no Brasil”. Coser disse ainda que deseja “um movimento que encante corações e mentes e mobilize a sociedade capixaba”.
Ane Halama, por sua vez, comentou que “precisamos de uma frente de esquerda para combater a extrema direita privatista, que retira direitos dos trabalhadores e aumenta a vulnerabilidade das minorias. Esse é um momento histórico para construirmos juntos uma frente progressista no Espírito Santo, que recupere direitos e melhore as condições de vida da população capixaba”.

Em entrevista para Século Diário no último dia 13 de setembro, Camila Valadão já havia dito que enxergava com “muita simpatia” uma possível candidatura de Helder Salomão ao Governo do Estado, e só esperava a posse dos novos componentes do diretório estadual do PT para iniciar formalmente as articulações. Ela comentou, também, que havia um diagnóstico de que a esquerda estava “muito parada” em relação às articulações visando as eleições do ano que vem.
Camila Valadão esteve em Brasília nessa semana para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM) e se encontrou com Helder. Também em Brasília, aconteceu, na semana passada, uma reunião na qual o presidente nacional do PT, Edinho Silva, deu aval para construção da pré-candidatura do partido para governador.
Cenário
O próprio Helder Salomão já afirmou que não tem vontade pessoal de encarar a disputa majoritária ano que vem, mas que topa o desafio se houver uma “candidatura para valer”, com apoio suficiente da direção nacional para construir um palanque viável. Para alguém como ele, que recebeu a maior votação para deputado federal em 2022, uma tentativa de reeleição parece mais segura.
Entretanto, não se desenha, por ora, uma solução para os petistas que não seja uma candidatura própria a governador. Ricardo Ferraço (MDB) e Arnaldinho Borgo (sem partido), os pré-candidatos do campo governista, se mostram avessos a dar palanque para a candidatura à reeleição do presidente Lula, prioridade máxima do PT em 2026 – Ferraço, mais especificamente, é notadamente antipetista.
Os espaços também estavam se fechando para a segunda maior prioridade do PT estadual em 2026: a reeleição de Fabiano Contarato ao Senado. No campo governista, uma das duas candidaturas já está reservada ao governador Renato Casangrande (PSB).
Para a segunda vaga, quem tem ganhado cada vez mais força é o prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), que já recebeu o apoio de lideranças religiosasme tem sido incensado por políticos de diversos espectros ideológicos e angariado apoios pelo interior do Estado – nessa quarta-feira (1º), foi agraciado com almoço oferecido pelo prefeito de Cachoeiro de Itapemirim (sul do Estado), Theodorico Ferraço (PP), pai de Ricardo Ferraço.
O Psol, por sua vez, tem se aproximado cada vez mais do PT a nível federal. Uma aliança no Estado a partir de uma frente de esquerda daria mais corpo às candidaturas do partido, que sairia do isolamento enfrentado nos últimos anos.
Mas vale destacar que também contam nessa equação os partidos que formam com o PT a Federação Brasil da Esperança (PCdoB e PV), além da Rede Sustentabilidade, federada com o Psol. Em 2024, as duas federações tiveram que lidar com desencontros internos.