Presidente divulgou carta afirmando respeito às instituições depois de fomentar atos golpistas
A carta-recuo do presidente Jair Bolsonaro, divulgada nesta quinta-feira (9), dois dias depois de suas ameaças golpistas de 7 de Setembro, desautoriza seguidores mais exaltados, entre eles lideranças políticas do Espírito Santo, como os deputados federais Neucimar Fraga, presidente do PSD estadual, e Da Vitória (Cidadania), coordenador da bancada capixaba.
O recuo presidencial ocorre depois de discursos duros do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, nessa quarta-feira (8), e do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, nesta quinta, nos quais confrontaram Bolsonaro e apontaram crimes de responsabilidade, por ele investir contra as instituições, colocando a democracia em permanente ameaça.
Na carta, na qual contradiz seus discursos pronunciados no feriado do dia 7, o presidente declara respeito às instituições e ressalta que “suas palavras decorreram do calor do momento”. Antes da nota, redigida pelo ex-presidente Michel Temer, Bolsonaro conversou por telefone com o ministro do STF Alexandre de Moraes, alvo de seus ataques.
De imediato, as redes sociais foram invadidas por mensagens de bolsonaristas insatisfeitos com a postura do presidente, que, de um lado, contribuiu para acalmar os ânimos entre os poderes, mas, de outro, gera desconfiança, levando em conta situações ocorridas anteriormente.
Confira a carta, na íntegra:
Declaração à Nação
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
1. Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
2. Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
3. Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
4. Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
5. Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
6. Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
7. Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
8. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
9. Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
10. Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
Deus, Pátria, Família
Jair Bolsonaro
Presidente da República federativa do Brasil.