Joana Darck disputa com Eliz Altoé segundo turno para Presidência municipal do PT

A votação do Processo de Eleição Direta (PED) do Partido dos Trabalhadores (PT) foi realizada no último dia 6 de julho, mas a disputa ainda não terminou em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado. Joana Darck Caetano (Pra Voltar a Sonhar) e Eliz Altoé (Alternativa Socialista) se enfrentam no segundo turno, cuja votação está marcada para o próximo dia 27. Jean Milhorato (Construindo um Novo Brasil – CNB) também concorreu, mas foi derrotado.
Joana Darck trata como positiva a falta de acordo entre a corrente Alternativa Socialista e o campo Pra Voltar a Sonhar, na contramão do que aconteceu em quase todo o Estado. “As disputas internas do PT sempre foram salutares para o fortalecimento de nossa democracia. E o registro de três candidaturas foi um momento único, porque movimentou a militância e atraiu novos filiados. Então, podemos dizer que a realidade de Cachoeiro é diferente. Por isso a opção de estarmos juntos na estadual e separados aqui. São anseios diferentes para o PT de Cachoeiro, e assumimos uma posição autônoma em relação à estadual”, comenta.
Filiada ao PT desde 1995, Joana Darck entrou na militância política por meio das comunidades eclesiais de base da Igreja Católica. Ela também participou do movimento estudantil nas faculdades São Camilo e Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim (FDCI), e foi uma das fundadoras do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) Pedro Reis, no ano 2000, organização hoje coordenada por Eliz Altoé. Atualmente, é professora do ensino médio, e preside o Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do Sul do Estado (Sitesci).
Com o PT, foi secretária de Cultura no segundo mandato do ex-prefeito Carlos Casteglione (2013-2016). Se candidatou a vereadora em 2000, 2004, 2008 e 2012, e a prefeita em 2020. Suplente em 2008, assumiu uma cadeira na Câmara Municipal por dois meses.
“Minha candidatura [no PED] atende a um grupo plural de militantes do partido, que vê em mim a possibilidade de restaurar a força do PT em Cachoeiro. E eu aceitei o convite porque tenho vontade de contribuir com o partido, no qual estou filiada há 30 anos, no sentido qe recolocá-lo no lugar de protagonismo político, como já foi na história recente”, afirma Joana.
Se eleita, ela pretende colocar em ação as teses de seu grupo, incluindo: reaproximação das bases partidárias; diálogo com todas as forças internas; combate ao nazifascismo; e eleger vereadores do PT em 2028.
‘Erros estratégicos´
Nas eleições de 2024, a Federação Brasil da Esperança (PT, PV, PCdoB) optou por uma nova candidatura a prefeito de Carlos Casteglione, oito anos após o fim de seus dois mandatos. O PT também teve em Eliz Altoé umas das candidatas a vereadora com maior volume de recursos de campanha dentre todos em disputa. Entretanto, Casteglione ficou em último lugar, e a federação não conseguiu eleger vereadores.
“Avalio que houve um conjunto de erros nas escolhas internas. Além disso, tem um cenário de rejeição à sigla em Cachoeiro. No entanto, isso foi útil para que acendesse o alerta amarelo e boa parte da militância buscasse uma saída, para que nos próximos pleitos tenhamos um melhor resultado”, avalia Joana.
Mas quais foram esses “erros” cometidos? “Erros estratégicos na composição das chapas proporcionais, falta de recursos financeiros e humanos, desmotivação da militância, baixa comunicação com o povo. Mesmo tendo o melhor programa de governo para o município, isso não chegou como deveria para o povo”, complementa.
Em relação às eleições de 2026, Joana opina que o cenário ainda está em construção, mas considera ser possível ampliar as bancadas do PT na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Atualmente, o partido conta com dois deputados estaduais (João Coser e Iriny Lopes), dois deputados federais (Jack Rocha e Helder Salomão) e um senador (Fabiano Contarato). Coser, eleito presidente estadual do PT, articula candidatura para a Câmara dos Deputados.
“Em Cachoeiro, atuaremos ouvindo a militância com muitas plenárias e debates, para que possamos unir forças em torno de nomes que tenham projetos coletivos, e não pessoais”, ressalta.
Apoios
A assistente social Eliz Altoé conta com o apoio de Carlos Casteglione. “Voto na Eliz porque conheço o trabalho dela, a dedicação, o carinho que ela tem pela história do PT e pela capacidade de construir o PT no futuro”, afirmou o ex-prefeito, em vídeo postado nas redes sociais na véspera do primeiro turno.
Não há informação pública sobre o posicionamento do candidato derrotado Jean Milhorato e da corrente Construindo um Novo Brasil no segundo turno. Historicamente, a CNB tem maior proximidade com a Alternativa Socialista, de Eliz Altoé.
Século Diário tentou contato com Eliz Altoé, mas não obteve retorno.
Resultado contestado
A chapa “A Estrela tem que Brilhar”, liderada pela vereadora Açucena no PED do PT em Cariacica, entrou com recurso nas instâncias partidárias internas contra os resultados da disputa no município. O grupo quer que seja instaurado um processo disciplinar contra a chapa “Construindo uma Nova Cariacica”, e que os votos do presidente reeleito, Luiz Carlos Gaurink Dias, sejam anulados, e que ele seja expulso do partido.
Luiz Gaurink, da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), teve 549 votos (51,8%) contra 510 (48,2%) de Açucena, da corrente Democracia Socialista (DS), que compõe o campo de oposição “Para Voltar a Sonhar” (PVS). Na disputa pelo diretório, o grupo de oposição conseguiu 49,25% dos votos, garantindo metade das vagas na direção do partido em Cariacica.
A chapa de Açucena aponta “irregularidades” no dia da votação. Segundo ela, houve interferência externa de outros partidos, sobretudo do Partido Verde (PV), que faz parte da Federação Brasil da Esperança junto com o PT e Partido Comunista do Brasil (PCdoB), mas faz oposição aos petistas em Caciacica. “Integrantes da atual administração”, comandada pelo prefeito Euclério Sampaio (MDB), também teriam interferido no pleito.