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​Religiosos demonstram desconhecimento e dizem que ‘o comunismo ameaça o Brasil’

O STF é um dos alvos dos líderes religiosos bolsonaristas, que convocam para o dia 7 de setembro

Apesar de não existir qualquer ameaça comunista, o perigo de mudança de regime político ou de ruptura institucional no Brasil, a não ser as que quase diariamente são feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, religiosos de denominações evangélicas estão enchendo as redes sociais para convocar a população para ir às ruas neste 7 de setembro, o Dia da Pátria, para se manifestar contra o comunismo, o socialismo e defender a liberdade de expressão e a fé cristã. Os alvos principais são o Supremo Tribunal Federal (STF) e a “grande imprensa comunista”.  

Muitas postagens, recheadas de fake news, são feitas pelo ex-senador Magno Malta (PL), um dos coordenadores desse chamamento, que segue a estratégia de Bolsonaro de tentar mostrar força no momento em que vê sua popularidade diminuir, colocando em risco a reeleição em 2022. O deputado Capitão Assumção (Patri) também fez postagens nas redes para a manifestação, onde chama os ministros do STF de “urubus”. 

A convocação é parte desse movimento e coloca em risco a democracia, a partir de uma ruptura institucional, defendida pelo presidente. Por várias vezes, ele ameaçou invadir o Congresso Nacional, e estabeleceu um embate com ministros do Supremo, que é repercutido em casas legislativas dos estados e municípios. Vários vídeos mostram dirigentes de denominações convocando os fiéis, incluindo do Espírito Santo.

Em vídeo, Malta alerta para a “grande imprensa comunista” e diz que vai haver pessoas da esquerda infiltradas nas manifestações do dia 7, para fazer baderna. Em outro, ele aparece gravando o Hino da Independência em ritmo de samba – “Ou ficar a Pátria livre ou morrer pelo Brasil -, o que remete a uma das recentes falas de Bolsonaro, na semana passada, quando afirmou: “A vitória, a prisão ou a morte”. Como Bolsonaro, seus seguidores dão uma conotação épica às declarações, enaltecendo o patriotismo, e Bandeira do Brasil ao fundo do cenário, onde predominam as cores verde e amarelo, que passaram a marcar as manifestações de extrema direita.

Em uma das gravações, o pastor Délio Nascimento afirma: “Nó fomos chamados agora para defender a nossa pátria…contra a pior mazela que é o socialismo e o comunismo, que mata, tortura e trucida as pessoas”. O pastor diz que presidente da República é a autoridade maior, demonstrando total de desconhecimento da Constituição Federal, que estabelece a estrutura e organização da República, dentro de um Estado Democrático de Direito, com três poderes políticos que norteiam as ações, e se esquece da defesa que o presidente Bolsonaro faz a um dos maiores torturadores do período da ditadura, Carlos Alberto Brilhante Ustra, já falecido.

O Estado é constituído por três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Eles excutam, produzem leis e julgam os cidadãos, inclusive o presidente da República, como acontece agora com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid e em processos em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Já o Legislativo não vem cumprindo o seu papel, ao deixar de colocar em votação mais de 100 pedidos de impeachment contra o presidente por conta de acordos políticos feitos com chamado “centrão”.

Os comentários às postagens dividem as opiniões. Muitos endossam a convocação, outros criticam o posicionamento dos pastores: “Destituição dos ministros do STF, reforma do parlamento, por leis que acabem com o comunismo no Brasil”, diz um. Outros retrucam: “Bando de ‘otário’, vcs [sic], não come não é?”; “Vai deixar ser enganados por esses falsos profetas!” e “É vergonhoso usar as igrejas em nome de uma ideologia política”, para citar alguns.

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