Quarta, 24 Abril 2024

Salários abaixo do mercado viram problema para eleitos

Salários abaixo do mercado viram problema para eleitos

Os prefeitos eleitos no último dia 28 nos principais municípios da Grande Vitória têm afirmado, de forma categórica, que irão montar o seu secretariado com profissionais altamente qualificados, fugindo das indicações puramente políticas. Já que esses técnicos, em teoria, não sairiam de seus atuais encargos por motivações ideológicas, elas devem ter um sentido profissional e principalmente salarial para tanto. E é justamente aí que a situação se complica. 

 
Se dependerem das bases salariais normalmente pagas para atrair  secretários em Vitória, Vila Velha, Cariacica e Serra, os próximos prefeitos vão ter dificuldades para montar o grupo. O valor de mercado de profissionais com qualificação suficiente para ocupar os cargos será o principal desafio de Luciano Rezende (PPS), Rodney Miranda (DEM), Geraldo Luzia, o Juninho (PPS) e Audifax Barcelos (PSB), que vão ter que ser muito convincentes e criativos para atingirem os seus objetivos.
 
Hoje, o valor dos salários pagos no mercado é, em média, consideravelmente mais alto que os salários oferecidos a um secretariado municipal – isso, obviamente, desconsiderando-se os possíveis "penduricalhos" e demais "agrados" que poderiam ser incorporados ao salários para torná-los mais atraentes. 
 
Em Vitória, por exemplo, segundo informações do Portal da Transparência da prefeitura, grande parte do secretariado recebe um salário de R$ 8.951,80 mensais e outra parte menor, R$7.161,46. Há também algumas exceções, como a Secretaria Municipal de Administração, que tem vencimento de R$10.788,24. Todos esses são valores brutos, ou seja, desconsideram possíveis perdas em impostos e outros fatores, além dos valores possivelmente incorporados.
 
Longe de representarem pouco dinheiro, se comparados ao que recebe a maior parte da população brasileira, os valores médios ficam abaixo, por exemplo, dos R$ 14.800 que recebe a maioria dos secretários de Estado capixabas. Se comparados ao setor privado, onde não há regulamentação dos vencimentos e, assim, amplas possibilidades de salários ainda maiores, os valores parecem ainda mais reduzidos.
 
Nos municípios de Cariacica, Vila Velha e Serra o que se vê é o mesmo problema e, também, a mesma média de salários, com poucas exceções, como a Secretaria Municipal de Assistência Social de Cariacica, que tem vencimentos na casa dos R$ 14 mil. 
 
Se fossem considerados os atuais cargos de alguns profissionais que foram chamados para compor as equipes de transição, é possível tentar medir a disparidade. O ex-secretário estadual de Saúde Anselmo Tozi, por exemplo, convocado por Rodney Miranda para participar de sua equipe, hoje é diretor de Administração e Meio Ambiente da Cesan, cargo que sabidamente tem vencimentos acima dos pagos pelo próprio governo do Estado aos seus secretários, girando em torno dos R$ 18 mil.
 
Luciano Rezende, na Capital, em enfrentaria esse mesmo problema se, por exemplo, quisesse trazer para a sua administração o secretário de Estado de Economia e Planejamento, Robson Leite, que figura como “colaborador” em sua equipe de transição e recebe os R$ 14.800 mensais do governo estadual.
 
Os dois casos são apenas exemplos de um grande leque de possibilidades – em que também entram os outros componentes das equipes de transição, como José Armando de Figueiredo Campos, membro do Conselho Administrativo da ArcellorMittal, e o economista Alberto Borges, sócio-diretor da renomada empresa de consultoria Aequus, na equipe de Luciano Rezende.
 
Em termos, os eleitos terão que enfrentar ou contornar essa questão para conseguir o que tanto falam – formar uma equipe que tenha como base a qualificação técnica e profissional, e não a motivação política. Ou, é claro, “arranjar” outros pagamentos para eles.
 
Motivação política, é sabido, normalmente se traduz em indicação de cargos feita pelos partidos aliados. E, já que seus discursos estão indo pela via purista em relação às alianças feitas, os próximos prefeitos terão que, como se diz popularmente, “dar seus pulos” para garantir a presença dos tão falados técnicos nas equipes.

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