Domingo, 28 Abril 2024

Um semestre para os deputados esquecerem

Um semestre para os deputados esquecerem
Nesta quarta-feira (17), os deputados estaduais entram em recesso parlamentar, colocando ponto final em um dos piores semestres para a Casa. Desde o início do ano, o clima no plenário esteve pesado em vários momentos: seja por problemas internos, na interlocução com o Executivo ou com o eleitorado. 
 
Antes mesmo de o período eleitoral começar, a Casa já vivia momentos de tensão. A Operação Derrama, deflagrada pela Polícia Civil, desbaratou um esquema de corrupção em pelo menos nove municípios do Estado. Além de prefeitos e ex-prefeitos, atingiu em cheio o presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM). 
 
Como o compromisso de reconduzir o demista para a presidência do Legislativo já havia sido costurado com os deputados e com o Executivo, Ferraço foi reeleito, mas no dia da posse o clima do plenário já apontava para o constrangimento dos deputados diante do desgaste causado pelas denúncias. 
 
O processo foi arquivado pelo procurador-geral de Justiça, Eder Pontes, o que não amenizou o arranhão na imagem da Casa. Esse proceso de desgaste se traduziu no resultado de uma pesquisa encomendada pela ONG Transparência Capixaba, em que mais da metade dos entrevistados não sabia qual era a função dos deputados. Um grande número de pessoas também acreditava que os parlamentares não cumpriam com suas funções. 
 
Essa impressão acirrou os ânimos no plenário, tanto que os deputados bateram boca em alguns momentos durante as sessões. A vista grossa dos deputados aos problemas levantados quanto ao "Posto Fantasma" em Mimoso do Sul e as renúncias fiscais em favor do Sincades, evitando investigações, aumentaram o desgaste, assim como a recusa em criar a CPI do Pó Preto. 
 
Os problemas com o Executivo também estiveram presentes durante o primeiro semestre. O governo manteve a prática de dificultar a comunicação com os deputados ou simplesmente ignorá-los. As indicações parlamentares também não se efetivam e a falta de diálogo com o secretariado levou alguns deputados a fazer duras críticas à equipe do governador Renato Casagrande.
 
No final de maio, a redistribuição das vagas no Legislativo complicou a movimentação dos deputados em busca de acomodação política para tentar a reeleição no próximo ano. Até agora, não houve uma sinalização do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Adim protocolada pelo governador Renato Casagrande para tentar reverter a decisão, que tirará três vagas da Assembleia Legislativa já para a próxima eleição. 
 
Os últimos dias na Casa, porém, estão sendo mais conturbados ainda. A escolha par a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas vem tirando o sono do governo e dos deputados. Seis parlamentares disputam a vaga, mas a pressão popular pode levá-los a escolher um nome de fora do plenário. 
 
Essa discussão, porém, ficará para os segundo semestre, já que a ocupação da Casa por manifestantes paralisou o processo de escolha. O movimento ocupa Ales deixou a Assembleia espontaneamente nesse sábado (13), mas a pressão sobre os deputados continua. Os 15 deputados que se alinharam ao governo para votar contra o projeto de decreto legislativo do deputado Euclério Sampaio (PDT), que propõe o fim da cobrança do pedágio na Terceira Ponte, devem enfrentar nesta semana mais um desgaste. Nesta segunda-feira (15), o projeto do pedetista deve retornar à pauta e o grupo governista terá que assumir, perante o eleitorado, que é contra o clamor das ruas.
 
O semestre foi ruim de uma forma geral para os deputados e quando retornarem do recesso, em agosto, terão que correr contra o tempo para reverter a imagem de desgaste político adquirida até aqui. 

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