Sábado, 20 Abril 2024

Vale o quanto pesa?

 

José Rabelo e Renata Oliveira
 
 
As quatro maiores lideranças do Estado disputam espaço político por meio de palanques de seus aliados. Papo de Repórter "afere" o peso que cada uma delas dá às campanhas que abraçam e quem está tendo os melhores desempenhos nesta fase inicial.
 
Renata – Esta semana, alguns episódios nas eleições municipais chamaram a atenção do mercado político, não para os candidatos em si, e sim para a disputa de espaço político entre as quatro lideranças mais importantes do Estado. Casagrande posou para foto com Neucimar Fraga (PR), Hartung (PMDB) participou de evento com Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Magno Malta (PR) vem subindo no palanque de seus aliados, com destaque para o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT). Quem está um pouco apagado nessa disputa paralela é o senador Ricardo Ferraço (PMDB).
 
José Rabelo – A foto do Neucimar com Casagrande tem um simbolismo grande no mapa eleitoral de 2014. Embora tenham dito que a foto necessariamente não era de campanha, fica evidente a intenção do governador marcar terrritório no maior colégio eleitoral do Estado. Para Neucimar o peso que Casagrande passa a dar ao seu palanque, podemos dizer, parece positivo. Neucimar, que já vinha usando contra Max Filho (PSDB) o argumento de que o ex-prefeito foi responsável pelo isolamento de Vila Velha, tem a oportunidade de mostrar que a parceria com o governo do Estado está consolidada. Ao mesmo tempo, no palanque da concorrência, ainda é um mistério se o apoio de Hartung a Rodney Miranda (DEM) vai ajudar a levantar ou a afundar o palanque. O que você acha?
 
Renata – Acho que ao posar com Neucimar, Casagrande já mandou o recado para o mercado político de que quem tem a caneta hoje é ele e que o apoio de Hartung é o apoio de um ex. E ex não vale muito quando o assunto é política. A impressão é que na batalha de Vila Velha, Casagrande reagiu à entrada de Hartung, e reagiu bem. Tanto que não precisou de evento para reforçar, nem estar no jingle do candidato. Só o fato de ele fotografar ao lado de Neucimar já deixa a mensagem, sem precisar subir no palanque, e quem ganha com isso é Neucimar.
 
José Rabelo – Você tem razão. Perceba como o peso do ex é diferente, ainda mais de um ex como Hartung que, cá entre nós, não tem carisma nenhum. Não podemos dizer que Hartung é um sujeito simpático, iluminado, que chama a atenção por onde passa. Tanto é que a estratégia que ele adotou quando iniciou essa movimentação foi sair sempre em grupo, junto com Ricardo Ferraço, Lelo Coimbra, Gerson Camata e outros. Isso mostra como a imagem de Hartung estava exclusivamente ligada ao cargo de governador. Sozinho e sem a caneta na mão, ele se sente vulnerável, frágil. Andar em “bando”, assim como institivamente fazem algumas espécies do reino animal, lhe dá certo conforto e segurança. Imagine Hartung em um grande evento aberto - como a festa do PSDB essa semana - sendo vaiado pela plateia? Como você acha que ele reagiria?
 
Renata – Mas foi exatamente por isso que ele não disputou a eleição em Vitória. Hartung, como você disse, não é um político carismático. Faz campanhas antecipadas, retirando do caminho os adversários para “disputar” sozinho. Como não conseguiu isso, esperou o momento em que a disputa parecia mais favorável ao candidato do PSDB, Luiz Paulo Vellozo Lucas, para entrar em campo, com o mínimo de risco possível. Mas você falou da questão do grupo do Hartung e isso também traz problemas. Aliás, dentro do ninho tucano, tem gente engolindo a seco essa história de os emissários do ex-governador quererem tomar conta da campanha de Luiz Paulo. Agora que onça está morta, todo mundo quer ser caçador, não é?
 
José Rabelo – Se falta carisma em Hartung sobra no senador Magno Malta. Sem entrar no mérito de seus recursos midiáticos, o fato é que Magno é espontâneo e isso em campanha soa positivo para os eleitores. Estão comentando que a carreata da qual ele participou na Serra em apoio à candidatura à reeleição do prefeito Sérgio Vidigal foi um sucesso. Malta soltou a voz para pedir votos ao amigo Vidigal e não escolheu as palavras na hora de criticar o candidato da oposição Audifax Barcelos (PSB). Talvez, depois, ele até se arrependa de algumas coisas que disse, mas na hora da campanha essa espontaneidade aproxima o candidato do eleitor. Diferentemente do estilo de Hartung, que acaba transmitindo uma mensagem um tanto artificial. Você pode perceber isso claramente na sua principal criação: Rodney Miranda, que deve estar dando um trabalho danado para os marketeiros, justamente por essa falta de espontaneidade.
 
Renata – Aliás, um comício com Hartung e Rodney não deve ser muito atraente, não é? Mas dessas que são consideradas as maiores lideranças políticas do Estado, quem acabou se prejudicando na demarcação de território foi o senador Ricardo Ferraço. Tudo bem, Ricardo está no grupo de Hartung e tenta se viabilizar como um substituto para a disputa ao governo, caso o resultado das urnas não seja favorável ao ex-governador. Mas Ricardo poderia aparecer mais na campanha. Está atuando como mero coadjuvante, pelo menos, no palanque. Ele não tem um candidato para chamar de seu.
 
José Rabelo – Agora, quem tinha até essa quinta-feira (30) um candidato para "chamar de seu" e não tem mais é o Paulo Hartung. Com a impugnação de Edson Magalhães (PPS), em Guarapari, o ex-governador sofreu sua primeira dura derrota. Não é muito do estilo de Hartung correr esse tipo de risco, mas contrariando sua própria lógica, ele resolveu apostar em um candidato que tinha tudo para ter o registro negado. Não deu em outra. Mesmo que Edson Magalhães reverta a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) em Brasília, a derrota está consumada. Essa história também deixa patente o que todo mundo já estava cansado de saber: que Hartung é um político infiel.
 
Renata – Bom, os candidatos estão em campo e seus apoiadores também. Cabe agora a essas quatro lideranças alavancarem as candidaturas de seus aliados. O resultado das urnas vai dar a musculatura necessária para que se posicionem no tabuleiro eleitoral de 2014. José Rabelo – Mas independentemente do resultado de 7 de outubro, Casagrande sai com vantagem. É o governador e continuará com a caneta na mão.

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 20 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/