Quarta, 08 Mai 2024

Variáveis nacionais vão influir nas eleições de 2014 no ES

Variáveis nacionais vão influir nas eleições de 2014 no ES

Nerter Samora e Renata Oliveira



"As eleições de 2014 já começaram". Foi assim que a imprensa nacional interpretou os movimentos dos principais pretendentes à cadeira máxima da presidência da República. Esse movimentos jogam luzes sobre a deflagração (cada vez mais precoce) do processo eleitoral. No Espírito Santo, os principais atores políticos também começam a se movimentar. Até mesmo o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) surge neste cenário que apontava para uma reeleição tranquila do governador Renato Casagrande. Confira o olhar dos jornalistas Nerter Samora e Renata Oliveira sobre as principais mexidas no tabuleiro eleitoral para 2014.



Nerter – Na semana passada, começamos a observar as movimentações nacionais que vão acabar tendo uma influência grande nas articulações para a disputa no Espírito Santo, tanto na majoritária quanto na na proporcional, as costuras envolvendo a eleição presidencial terão inevitavelmente reflexos no palanque do governador Renato Casagrande e nos nomes que forem convocados por seus partidos para sustentar esses palanques nos Estados. Aí fica a pergunta: quem mais vai ter que se lançar em um cenário tão inconsistente por pressão das nacionais? E outra: como vai ficar o processo de construção do palanque de unanimidade que o governador Renato Casagrande está construindo?



Renata – A briga mais forte continua naqueles três partidos que citamos semana passada: PT, PSB e PMDB. O vice-presidente da República Michel Temer (PMDB) já disse que não quer o governo de São Paulo, o que resolveria o problema da acomodação do partido no cenário do próximo ano. Isso é um complicador, já que sabemos muito bem da gula do PMDB por posicionamento político. Dilma não vai a Pernambuco lançar campanha à reeleição. Isso mostra que Eduardo Campos irritou Dilma com sua tentativa de se credenciar à vice-presidência, ameaçando lançar candidatura própria em 2014. Aécio Neves (PSDB-MG) também começa a se movimentar e o capital político de Marina Silva não pode ser desconsiderado. Todas essas variáveis devem ser observadas quando se trata das articulações no Estado também.



Nerter – Casagrande tem ao seu lado o PT e o PMDB. Se as movimentações do chefe dele, Eduardo Campos, abrirem um racha com PT e PMDB, a situação vai ficar complicada por aqui. Casagrande vinha trabalhando a acomodação dos dois partidos em seu palanque. Um ficaria com a vice e outro com a candidatura ao Senado. E do jeito que está já está difícil, não é? Imagina se PT e PMDB não fecharem com PSB, como será difícil manter todo mundo junto? É verdade que não existe mais verticalização, mas as nacionais vão cobrar palanques no Estado para sustentar seus candidatos. E tem gente para isso, aqui no Estado?



Renata – Pois é. Achei estranha essa entrevista do prefeito da Serra, Audifax Barcelos. Ele disse que não conversou com o governador Renato Casagrande sobre o assunto, mas lançou, do nada, a candidatura de Paulo Hartung ao Senado. O que faz sentido, de certa forma. O PT continuaria na vice de Casagrande e o PMDB lançaria o candidato ao Senado apoiado pelo Palácio Anchieta. Mas essa antecipação do Audifax, não sei não. Se Hartung for mesmo disputar o Senado, ele deve anunciar isso só no próximo ano e quando a discussão se antecipa assim, ele costura pular fora depois. Para ser o candidato ao Senado, Hartung vai tirar do caminho o prefeito de Vitória João Coser (PT), o que não deve ser difícil. Mas antes Coser vai criar todas as condições para se credenciar, passando primeiro pela eleição do diretório do PT. Depois, se Hartung disser para ele recuar, ele recua. Um desgaste a mais ou a menos com a militância do PT para ele não deve fazer mais diferença.



Nerter – Mas se acontecer o racha lá em cima, Hartung se transforma no nome do palanque PT/PMDB para o governo do Estado. Mas Hartung disputar o governo do Estado é uma cena meio difícil de se visualizar nesse cenário ainda nebuloso de 2014. Há quem diga que essa história de que a reeleição de Casagrande está garantida, não é bem assim. E pelo andar da carruagem, pode haver complicações mesmo. Não sei se isso abalará mesmo o palanque de Casagrande. Até porque se tivermos uma disputa voto a voto, o páreo poderia ficar duro num cenário Hartung contra Casagrande. Penso que é mais fácil haver uma outra rasteira, como aconteceu em 2010...



Renata – Tipo aquela que também tirou o Audifax da disputa pela reeleição na Serra em 2008?



Nerter – Não sei, mas no voto é que não vai ser. Hartung não é de disputar eleição, e se ele sentir que não estará em condições de vencer sem dificuldades, seja para o governo ou Senado. Ele não vai disputar, como fez no ano passado nas eleições a prefeito de Vitória. Sem conseguir convencer Iriny Lopes (PT), Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB) e Luciano Rezende (PPS) a recuarem de suas candidaturas em favor de um palanque de consenso, tendo ele à frente, Hartung desistiu da campanha, apoiou Luiz Paulo, e quando subiu no palanque, tirou votos do tucano. A maré não está boa para o Hartung e se continuar assim, ele dificilmente sai.



Renata – Pois é. Há uma outra questão aí também. O PMDB, nacionalmente, está com o PT. Se o PSB esticar a corda, o PT deve lançar um palanque só com o PMDB. Mas o presidenciável tucano Aécio Neves já declarou o desejo de, se for mesmo colocar o bloco na rua, ter Hartung puxando seu palanque no Estado. Bom, é claro que estou falando isso com base nas notas que saíram esta semana nos jornais. Tudo pode não passar de um balão de ensaio do ex-governador e ele é bom nisso, não é?



Nerter – E como é. E essa é a melhor forma de testar a temperatura do eleitorado. Ele lança uma notinha aqui, com um emissário falando sobre governo, lança outra lá, com outro aliado falando de Senado, e assim ele vai aquecendo e esfriando o cenário eleitoral com bastante antecedência, para ir analisando qual o melhor posicionamento a tomar, o que vai causar menos desgastes. O problema é que enquanto ele faz esses testes, o mercado político fica esperando e quando ele se decide fica muito em cima da hora para se acomodar todo mundo e alguns casamentos acabam sendo celebrados na delegacia, mais uma vez, como aconteceu em 2012.



Renata – Se Hartung for para o governo, não há garantias de que Casagrande irá abrir mão da reeleição, aliás, vai ser bem difícil que isso aconteça. E outra, se o fizer, o senador Magno Malta (PR) vai lançar candidatura, só para enfrentar Hartung. Algo que ele quer fazer desde 2010. Se Hartung for para o Senado, vai tirar do páreo Coser, e muito provavelmente, Guerino Balestrassi. Como Rose de Freitas vai ficar no PMDB, ela perde internamente para ele. Logo, é mais fácil esse caminho. Mas, mesmo que dispute o Senado, não vai ser agora que ele vai anunciar isso.



Nerter – Então, o jeito é esperar até maio ou junho do ano que vem para saber para que lado vai Hartung e, consequentemente, o resto da classe política.

 

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